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Putin impede tentativa do G8 de derrubar Assad

Horas após reunir-se com o presidente norte-americano, Barack Obama, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o Kremlin pode vender mais armas à Síria

Putin: "há diferentes tipos de fornecimentos. Nós fornecemos armas baseados em contratos legais com um governo legal... e se assinarmos esses contratos (no futuro), iremos fornecer (mais armas)" (REUTERS/Matt Dunham/Pool)

Putin: "há diferentes tipos de fornecimentos. Nós fornecemos armas baseados em contratos legais com um governo legal... e se assinarmos esses contratos (no futuro), iremos fornecer (mais armas)" (REUTERS/Matt Dunham/Pool)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2013 às 16h37.

Enniskillen - O presidente russo, Vladimir Putin, prejudicou os esforços ocidentais de remover do poder o líder sírio, Bashar al-Assad, durante a cúpula do G8 nesta terça-feira e, horas após reunir-se com o presidente norte-americano, Barack Obama, disse que o Kremlin pode vender mais armas à Síria.

Em um comunicado final após dois dias de intensas negociações, líderes globais pediram que sejam realizadas conversas de paz o mais rápido possível para resolver a guerra civil síria. Mas nem mesmo mencionaram o nome de Assad.

Putin, aparentando isolamento na cúpula, entrou em confronto com outros líderes sobre a Síria e resistiu às tentativas de fazê-lo concordar com qualquer coisa que implicasse na renúncia de Assad.

Falando no final da cúpula, realizada em um resort de golfe isolado na Irlanda do Norte, Putin assumiu um tom desafiador. Disse ao Ocidente que enviar armas aos rebeldes poderia ser um tiro pela culatra, e ao mesmo tempo defendeu seus próprios contratos militares com o governo sírio.

"Há diferentes tipos de fornecimentos. Nós fornecemos armas baseados em contratos legais com um governo legal... e se assinarmos esses contratos (no futuro), iremos fornecer (mais armas)".

Obama e seus aliados querem que Assad transfira o poder enquanto Putin, cuja retórica se tornou cada vez mais antiocidental desde que foi reeleito no ano passado, acredita que isso seria desastroso.

A Rússia vem sendo o aliado mais poderoso de Assad enquanto suas forças lutam para esmagar uma revolta em que 93 mil pessoas morreram desde março de 2011, e que agora está se espalhando para os países vizinhos.

Moscou já vetou duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU que censuravam o governo Assad, amplamente criticado pela ferocidade com a qual lançou a repressão aos rebeldes.

A Síria é um dos últimos aliados de Moscou no Oriente Médio, onde sua influência declinou desde o colapso da União Soviética. A Marinha russa tem uma base vital no porto de Tartus, no Mediterrâneo.


Os Estados Unidos e seus aliados europeus e do Golfo Pérsico pediram repetidamente que Assad deixe o poder e várias vezes previram sua queda desde o início do conflito. Vantagens recentes no campo de batalha das forças do governo contra os rebeldes tornam improvável essa perspectiva.

Consequências desastrosas

No documento final, os líderes do G8 também pediram às autoridades russas e à oposição que se comprometam em destruir todas as organizações filiadas à Al Qaeda -- um reflexo do crescente temor no Ocidente de que militantes islâmicos estejam planejando um papel mais dominante nas fileiras rebeldes.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que presidiu a cúpula, disse separadamente depois das conversas que o Ocidente acreditava fortemente que não havia lugar para Assad na futura Síria.

"É impensável que o presidente Assad possa desempenhar qualquer parte no futuro de seu país. Ele tem sangue nas mãos", disse Cameron a repórteres no resort.

"Não dá para imaginar uma Síria onde este homem continue a governar, tendo feito coisas tão horríveis para seu povo".

Cameron disse que o principal avanço foi um acordo concluindo que um governo transitório com poderes executivos é necessário, e também um acordo para pedir uma investigação sobre o uso de armas químicas.

"Continuamos comprometidos em alcançar uma solução política para a crise, baseada em uma visão para uma Síria democrática e inclusiva", disse o comunicado final. "Endossamos fortemente a decisão de realizar o mais rápido possível a conferência de Genebra sobre a Síria".

De seu lado, Putin renovou a crítica aos planos norte-americanos de enviar armas aos rebeldes sírios. Ele disse que os líderes do G8 também tinham expressado dúvidas sobre se as forças de Assad tinham usado armas químicas, a razão ostensiva do envolvimento norte-americano no conflito.


"Deixe-me garantir a vocês que nem todos os membros do G8 acreditam que (armas químicas) foram usadas pelo Exército sírio. Alguns concordam com nossa opinião de que não há tais dados", disse Putin.

Durante as conversações, as potências ocidentais enfrentaram forte resistência de Putin enquanto tentavam discutir um comunicado forte que todos os líderes do G8 pudessem aceitar.

Aparentando tensão durante todo o evento, Putin enfrentou uma enxurrada de críticas por sua postura com relação à Síria. O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, acusou-o de apoiar "valentões" em Damasco. Seu encontro com Obama foi gelado e ambos deram a impressão de estarem desconfortáveis.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, falando paralelamente ao encontro, disse que qualquer debate sobre o papel de Assad na resolução do conflito é impensável.

"Isso não seria apenas inaceitável para o lado russo, mas estamos convencidos de que seria totalmente errado, danoso e iria alterar completamente o equilíbrio político", disse Ryabkov.

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