Putin cede liderança do partido para Medvedev
Envolvido em denúncias de fraude eleitoral, Medvedev recebe a liderança do partido de presidente russo
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2012 às 09h26.
Moscou - O presidente da Rússia , Vladimir Putin, completou neste sábado o processo de divisão de poder no país cedendo a liderança do partido governista ao primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, cujo nome foi manchado por denúncias de fraude eleitoral.
'Trabalhamos juntos durante longos anos. O (partido) Rússia Unida é meu principal aliado. Uma força que está disposta a utilizar todo o seu potencial para construir um país livre, forte e resplandecente', afirmou Putin durante o congresso federal da legenda.
Os quase 700 delegados do Rússia Unida (RU) aprovaram unanimemente a candidatura do premiê, como é tradição em uma formação política que foi comparada ao Partido Comunista da União Soviética (PCUS) por sua estrita disciplina partidária e seu monopólio do poder.
Desta forma, na nova 'bicefalia' russa, Putin ostenta a chefia do Kremlin, o que inclui as políticas externa e de defesa e o comando das forças de segurança. Já Medvedev presidirá o governo e o partido.
Putin, que liderava o partido desde 2008, rompeu no ano passado laços com o RU ao criar a Frente Popular de Toda a Rússia, uma espécie de plataforma patriótica que reúne sindicatos, organizações profissionais, juvenis e de veteranos.
Em seu discurso de aceitação, Medvedev prometeu hoje uma revolução democratizadora no Rússia Unida para regenerar sua imagem pessoal e, certamente, sua força eleitoral - uma missão impossível, segundo a oposição.
'Devemos nos livrar daqueles que desacreditam a si mesmos e ao próprio partido, e atrair o maior número de gente nova, honesta, criativa e com iniciativa', afirmou Medvedev.
O primeiro-ministro, que aprovou recentemente uma nova lei de partidos que simplificou o registro das legendas, reconheceu que 'o fator de saturação começa a jogar contra' um partido que foi fundado há pouco mais de uma década exclusivamente para respaldar a gestão de Putin.
Medvedev acredita que o RU não pode se limitar a ser 'uma máquina eleitoral', mas também disse que uma das prioridades do partido é ganhar todas as eleições das quais participa e conservar a maioria no pleito parlamentar de 2016.
'Ninguém pode negar que dentro de cinco anos o RU estará obrigado a conseguir a maioria parlamentar. Temos vontade e energia, e o mais importante, contamos com a confiança de nossos cidadãos. Ganharemos', declarou.
Além disso, ele antecipou que durante o congresso federal foram aprovadas todas as suas propostas democratizadoras, como a escolha, por meio de votação direta e secreta, dos dirigentes locais e regionais do partido, e a limitação de seus mandatos a cinco anos.
'Nem um cargo no partido será exercido eternamente', garantiu.
O primeiro-ministro também defendeu a futura eleição do presidente da Duma (câmara dos deputados), se o RU obtiver a maioria constitucional, através de primárias no próprio partido.
Contudo, o chefe do comitê executivo e número dois do partido continuará a ser Boris Gryzlov, ex-presidente da Duma, que foi proposto hoje pelo próprio Medvedev sem que houvesse possibilidade de apresentação de candidaturas alternativas.
Medvedev, que entrou nesta semana formalmente no partido, liderou o RU nas últimas eleições parlamentares, o que não evitou que a legenda perdesse mais de 12 milhões de votos.
O RU se saiu muito mal nessa votação, na qual a oposição denunciou a fraude governista. Desde então, ela protagonizou os maiores protestos antigovernamentais desde a queda da União Soviética.
Medvedev quer que o partido se apoie nas camadas populares a fim de mudar sua imagem de plataforma de ascensão social para burocratas corruptos que obteve entre a maioria da população.
Os analistas consideram que nesta versão 2.0 do rígido sistema instaurado por Putin, o poder político estará no Kremlin, e que o governo será um mero instrumento de gestão tecnocrata, cuja sobrevivência dependerá da crise.
'O poder está onde estiver Putin. Ele não gosta de soltar as rédeas, ainda mais na atual situação', disse Alexei Kudrin, ex-todo-poderoso ministro das Finanças demitido no final do ano passado por sua oposição ao aumento das despesas com defesa.
Medvedev conseguiu nesta semana introduzir sangue novo no governo, mas teve que manter em seus postos uma nova casta de vice-primeiros-ministros leais ao presidente, que serão os que vão dirigir o governo de fato, segundo analistas políticos. EFE
Moscou - O presidente da Rússia , Vladimir Putin, completou neste sábado o processo de divisão de poder no país cedendo a liderança do partido governista ao primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, cujo nome foi manchado por denúncias de fraude eleitoral.
'Trabalhamos juntos durante longos anos. O (partido) Rússia Unida é meu principal aliado. Uma força que está disposta a utilizar todo o seu potencial para construir um país livre, forte e resplandecente', afirmou Putin durante o congresso federal da legenda.
Os quase 700 delegados do Rússia Unida (RU) aprovaram unanimemente a candidatura do premiê, como é tradição em uma formação política que foi comparada ao Partido Comunista da União Soviética (PCUS) por sua estrita disciplina partidária e seu monopólio do poder.
Desta forma, na nova 'bicefalia' russa, Putin ostenta a chefia do Kremlin, o que inclui as políticas externa e de defesa e o comando das forças de segurança. Já Medvedev presidirá o governo e o partido.
Putin, que liderava o partido desde 2008, rompeu no ano passado laços com o RU ao criar a Frente Popular de Toda a Rússia, uma espécie de plataforma patriótica que reúne sindicatos, organizações profissionais, juvenis e de veteranos.
Em seu discurso de aceitação, Medvedev prometeu hoje uma revolução democratizadora no Rússia Unida para regenerar sua imagem pessoal e, certamente, sua força eleitoral - uma missão impossível, segundo a oposição.
'Devemos nos livrar daqueles que desacreditam a si mesmos e ao próprio partido, e atrair o maior número de gente nova, honesta, criativa e com iniciativa', afirmou Medvedev.
O primeiro-ministro, que aprovou recentemente uma nova lei de partidos que simplificou o registro das legendas, reconheceu que 'o fator de saturação começa a jogar contra' um partido que foi fundado há pouco mais de uma década exclusivamente para respaldar a gestão de Putin.
Medvedev acredita que o RU não pode se limitar a ser 'uma máquina eleitoral', mas também disse que uma das prioridades do partido é ganhar todas as eleições das quais participa e conservar a maioria no pleito parlamentar de 2016.
'Ninguém pode negar que dentro de cinco anos o RU estará obrigado a conseguir a maioria parlamentar. Temos vontade e energia, e o mais importante, contamos com a confiança de nossos cidadãos. Ganharemos', declarou.
Além disso, ele antecipou que durante o congresso federal foram aprovadas todas as suas propostas democratizadoras, como a escolha, por meio de votação direta e secreta, dos dirigentes locais e regionais do partido, e a limitação de seus mandatos a cinco anos.
'Nem um cargo no partido será exercido eternamente', garantiu.
O primeiro-ministro também defendeu a futura eleição do presidente da Duma (câmara dos deputados), se o RU obtiver a maioria constitucional, através de primárias no próprio partido.
Contudo, o chefe do comitê executivo e número dois do partido continuará a ser Boris Gryzlov, ex-presidente da Duma, que foi proposto hoje pelo próprio Medvedev sem que houvesse possibilidade de apresentação de candidaturas alternativas.
Medvedev, que entrou nesta semana formalmente no partido, liderou o RU nas últimas eleições parlamentares, o que não evitou que a legenda perdesse mais de 12 milhões de votos.
O RU se saiu muito mal nessa votação, na qual a oposição denunciou a fraude governista. Desde então, ela protagonizou os maiores protestos antigovernamentais desde a queda da União Soviética.
Medvedev quer que o partido se apoie nas camadas populares a fim de mudar sua imagem de plataforma de ascensão social para burocratas corruptos que obteve entre a maioria da população.
Os analistas consideram que nesta versão 2.0 do rígido sistema instaurado por Putin, o poder político estará no Kremlin, e que o governo será um mero instrumento de gestão tecnocrata, cuja sobrevivência dependerá da crise.
'O poder está onde estiver Putin. Ele não gosta de soltar as rédeas, ainda mais na atual situação', disse Alexei Kudrin, ex-todo-poderoso ministro das Finanças demitido no final do ano passado por sua oposição ao aumento das despesas com defesa.
Medvedev conseguiu nesta semana introduzir sangue novo no governo, mas teve que manter em seus postos uma nova casta de vice-primeiros-ministros leais ao presidente, que serão os que vão dirigir o governo de fato, segundo analistas políticos. EFE