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Putin aplica golpe de mestre em difícil partida diplomática

Proposta russa de desmantelar arsenal químico sírio é golpe de mestre de Vladimir Putin, que lhe permite se apresentar como o campeão do direito internacional

O presidente russo, Vladimir Putin: jogada diplomática permitiu à Rússia sair do isolamento diplomático (Maxim Shemetov/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2013 às 13h19.

Moscou - A proposta russa de desmantelar o arsenal químico sírio é um golpe de mestre do presidente Vladimir Putin , que lhe permite se apresentar como o campeão do direito internacional, mas a partida diplomática com os Estados Unidos acaba de começar, e se anuncia mais difícil do que parece.

A jogada diplomática permitiu à Rússia, um dos principais aliados do presidente sírio Bashar al-Assad , sair do isolamento diplomático dos últimos dois anos.

A proposta oferece uma saída honrada aos ocidentais, mas também permite ao Kremlin restaurar seu prestígio adotando o papel de defensor do direito internacional.

Para aproveitar o efeito surpresa e a acolhida positiva que a proposta teve, Putin publicou nesta quarta-feira um artigo no jornal New York Times com o objetivo de "se dirigir diretamente aos cidadãos e personalidades políticas americanas".

"Partimos do princípio de que no mundo atual, complexo e cheio de turbulências, manter a ordem legal é um dos poucos meios para evitar que as reações internacionais se afundam no caos", afirmou Putin em seu texto de um tom mordaz.

"Não defendemos o governo sírio, mas o direito internacional", afirma o presidente russo, que adverte que utilizar a força fora da legítima defesa ou do âmbito de uma decisão da ONU "é inaceitável e constituiria um ato de agressão".

Putin também adverte sobre as consequências para a imagem dos Estados Unidos de uma nova intervenção militar.

"Na cabeça de milhares de pessoas do planeta, os Estados Unidos não são mais considerados um exemplo de democracia, mas um jogador que aposta exclusivamente na força brutal", afirma Putin.


Ainda que muitos ocidentais não tenham gostado, nesta crise a Rússia fez uma jogada genial, consideram os observadores russos.

"O plano permite que muitas pessoas salvem sua pele e saiam de um beco sem saída de forma elegante", afirma Fiodor Lukianov, chefe de redação da revista "Rússia na política mundial".

"No entanto, a luta pela vitória política está apenas começando", acrescenta Lukianov.

"No curto prazo, a iniciativa russa convém a todos, não pede nada impossível a ninguém", admite Andrei Baklitski, do Centro de Pesquisa Política da Rússia.

Mas a Rússia pode cair em sua própria armadilha, adverte Baklitski.

"Se a Síria começar a dissimular as armas químicas, a Rússia arriscará sua reputação", afirma em uma conversa com a AFP.

"E, neste caso, não serão os Estados Unidos que terão que insistir para que a Síria cumpra com suas obrigações, mas a própria Rússia", acrescenta.

A primeira dificuldade será alcançar uma posição comum no Conselho de Segurança da ONU, afirma Lukianov.

"A batalha pela formulação será árdua. Os países ocidentais acreditam sinceramente que é preciso definir claramente uma nova 'linha vermelha', sem a qual, de seu ponto de vista, a Síria levará a comunidade internacional na conversa", afirma Lukianov.

"Mas a Rússia teme se encontrar em uma situação na qual qualquer incidente ou dificuldade na aplicação (do plano), o que parece inevitável, poderia ser interpretado como um pretexto para uma resposta militar, que é justamente o que Moscou deseja evitar desde o início do conflito sírio.

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Moscou - A proposta russa de desmantelar o arsenal químico sírio é um golpe de mestre do presidente Vladimir Putin , que lhe permite se apresentar como o campeão do direito internacional, mas a partida diplomática com os Estados Unidos acaba de começar, e se anuncia mais difícil do que parece.

A jogada diplomática permitiu à Rússia, um dos principais aliados do presidente sírio Bashar al-Assad , sair do isolamento diplomático dos últimos dois anos.

A proposta oferece uma saída honrada aos ocidentais, mas também permite ao Kremlin restaurar seu prestígio adotando o papel de defensor do direito internacional.

Para aproveitar o efeito surpresa e a acolhida positiva que a proposta teve, Putin publicou nesta quarta-feira um artigo no jornal New York Times com o objetivo de "se dirigir diretamente aos cidadãos e personalidades políticas americanas".

"Partimos do princípio de que no mundo atual, complexo e cheio de turbulências, manter a ordem legal é um dos poucos meios para evitar que as reações internacionais se afundam no caos", afirmou Putin em seu texto de um tom mordaz.

"Não defendemos o governo sírio, mas o direito internacional", afirma o presidente russo, que adverte que utilizar a força fora da legítima defesa ou do âmbito de uma decisão da ONU "é inaceitável e constituiria um ato de agressão".

Putin também adverte sobre as consequências para a imagem dos Estados Unidos de uma nova intervenção militar.

"Na cabeça de milhares de pessoas do planeta, os Estados Unidos não são mais considerados um exemplo de democracia, mas um jogador que aposta exclusivamente na força brutal", afirma Putin.


Ainda que muitos ocidentais não tenham gostado, nesta crise a Rússia fez uma jogada genial, consideram os observadores russos.

"O plano permite que muitas pessoas salvem sua pele e saiam de um beco sem saída de forma elegante", afirma Fiodor Lukianov, chefe de redação da revista "Rússia na política mundial".

"No entanto, a luta pela vitória política está apenas começando", acrescenta Lukianov.

"No curto prazo, a iniciativa russa convém a todos, não pede nada impossível a ninguém", admite Andrei Baklitski, do Centro de Pesquisa Política da Rússia.

Mas a Rússia pode cair em sua própria armadilha, adverte Baklitski.

"Se a Síria começar a dissimular as armas químicas, a Rússia arriscará sua reputação", afirma em uma conversa com a AFP.

"E, neste caso, não serão os Estados Unidos que terão que insistir para que a Síria cumpra com suas obrigações, mas a própria Rússia", acrescenta.

A primeira dificuldade será alcançar uma posição comum no Conselho de Segurança da ONU, afirma Lukianov.

"A batalha pela formulação será árdua. Os países ocidentais acreditam sinceramente que é preciso definir claramente uma nova 'linha vermelha', sem a qual, de seu ponto de vista, a Síria levará a comunidade internacional na conversa", afirma Lukianov.

"Mas a Rússia teme se encontrar em uma situação na qual qualquer incidente ou dificuldade na aplicação (do plano), o que parece inevitável, poderia ser interpretado como um pretexto para uma resposta militar, que é justamente o que Moscou deseja evitar desde o início do conflito sírio.

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