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Próximo Papa deve criar 'atmosfera mais aberta', diz Boff

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, aluno de Bento XVI e figura central da Teologia da Libertação, definiu o ex-professor como uma figura "muito polêmica e complexa".


	Bento XVI: Boff, que abandonou o hábito em 1992, por discordâncias com o Vaticano, elogiou Bento XVI pelos motivos que levaram à sua renúncia
 (Andreas Solaro/AFP)

Bento XVI: Boff, que abandonou o hábito em 1992, por discordâncias com o Vaticano, elogiou Bento XVI pelos motivos que levaram à sua renúncia (Andreas Solaro/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 18h53.

Caracas - O Papa que substituir Bento XVI deve criar uma "atmosfera mais aberta" aos temas modernos, indicou nesta segunda-feira o teólogo brasileiro Leonardo Boff, que elogiou o pontífice por sua decisão.

"Esperamos que outro Papa crie uma atmosfera mais aberta, que os cristãos possam dialogar com a cultura moderna sem tantas suspeitas e críticas quanto as do atual Papa", disse Boff ao canal Telesur, com sede em Caracas.

Boff, aluno de Bento XVI e figura central da Teologia da Libertação - à qual o pontífice se opôs com vigor ainda quando cardeal Joseph Ratzinger e prefeito da Congregação da Santa Sé - definiu o ex-professor como uma figura "muito polêmica e complexa".

"Uma coisa é a pessoa, que é extraordinária, fina. Outra coisa é a figura do Papa como alguém que detém um poder sagrado e usa esse poder de uma forma muito romana, de sentido burocrático, duro", assinalou.


Segundo o escritor e filósofo, "isso fez com que muitos não sintam mais a Igreja como um lar espiritual", e criou uma atmosfera de "temor e controle", algo que ele espera que possa mudar com o próximo pontífice, que será eleito no fim de março.

Boff, que abandonou o hábito em 1992, por discordâncias com o Vaticano, elogiou Bento XVI pelos motivos que levaram à sua renúncia, uma decisão inédita em seis séculos, que surpreendeu o mundo, mas não a ele, assinalou.

"Ele tem uma noção muito concreta que muitos Papas não tiveram: que ser Papa é uma função, um serviço, e quando alguém não consegue realizá-lo, afasta-se, aposenta-se e renuncia."

"O Papa comentou várias vezes que sentia os limites de sua natureza, sejam eles físicos ou psicológicos. Já apontava para uma eventual renúncia, o que eu esperava efetivamente", afirmou.

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