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Protestos na República Democrática do Congo deixam 17 mortos

Desde a manhã os confrontos foram constantes entre a polícia e os manifestantes que se reuniram em Limete, um dos redutos da oposição na capital


	Protestos: "Tivemos que nos defender e defender outros civis", afirmou o porta-voz da polícia local
 (Kenny Katombe/Reuters)

Protestos: "Tivemos que nos defender e defender outros civis", afirmou o porta-voz da polícia local (Kenny Katombe/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2016 às 14h56.

Kinshasa - Pelo menos 17 pessoas, entre elas três policiais, morreram nesta segunda-feira em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, durante os protestos convocados pela coalizão opositora Rassemblement contra o atraso das eleições presidenciais no país africano.

Desde a manhã os confrontos foram constantes entre a polícia e os manifestantes que se reuniram em Limete, um dos redutos da oposição na capital, para pedir a renúncia do presidente, Joseph Kabila, e a realização de eleições em dezembro.

"Tivemos que nos defender e defender outros civis", afirmou a jornalistas o porta-voz da polícia local, o coronel Mwana Mputu, que revelou que um dos agentes morreu carbonizado em plena rua.

O ministro do Interior, Evariste Boshab, informou que o número de mortes subiu para 17 e que só amanhã o governo dará amanhã o balanço final de vítimas.

"É triste que os agentes políticos congoleses, concretamente a oposição e seus partidários, tenham destruído o que construímos com tanta dificuldade", disse Boshab.

Nas últimas horas, fotos de corpos no chão e repletos de sangue foram divulgadas em redes sociais para denunciar a brutalidade das forças de segurança para reprimir os protestos.

Houve disparos o dia todo, mas a polícia alegou que foram para o alto "para dispersar arruaceiros" ou de algum agente para se defender de "antipatrióticos" que estavam armados.

As manifestações foram convocadas pela oposição para denunciar a tentativa de Kabila, de 45 anos e que está no poder desde 2001, de atrasar as eleições para prolongar seu mandato. Segundo a Constituição, ele não pode tentar uma nova reeleição.

Esta semana é essencial para o futuro de Kabila, pois a governista Aliança pela Maioria Presidencial (AMP) e vários partidos opositores menores estão na fase final de um processo de diálogo apoiado pela União Africana (UA) para a tentativa de um acordo sobre o pleito.

A principal coalizão opositora, liderada pelo histórico político Étienne Tshisekedi, classificou o diálogo como fraudulento e acusa os mediadores de favorecer Kabila.

"Voltamos às ruas para mostrar aos líderes atuais e ao poder que seu tempo chegou e que devem sair após dois mandatos. Que respeitem a Constituição", enfatizou o líder opositor Joseph Olenga Nkoy.

Nesta semana também acaba o prazo no qual legalmente podem ser convocadas eleições, previstas para 19 de dezembro, já que o anúncio deve ser feito com 90 dias de antecedência.

No entanto, no mês passado a Comissão Eleitoral Nacional (CENI) anunciou que não terminaria o censo eleitoral até julho de 2017, uma decisão que agora busca respaldar com chancela do Tribunal Constitucional.

Caso seja mantido o calendário estabelecido pela comissão, as eleições não serão realizadas pelo menos até a segunda metade de 2017. 

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