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Protestos contra governo reúnem milhares em Istambul

Este é o quarto dia consecutivo de confrontos entre policiais e manifestantes hostis ao primeiro-ministro da Turquia

Manifestante turco chuta uma lata de gás lacrimogêneo: um jovem militante da oposição morreu nesta segunda-feira no hospital, após ser atingido por um disparo de arma de fogo (Adem Altan/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2013 às 08h27.

Istambul - Milhares de pessoas tomaram mais uma vez, na noite desta segunda-feira, a Praça Taksim de Istambul, enquanto a polícia interveio para dispersar manifestações que se aproximavam de gabinetes do chefe de governo, Recep Tayyip Erdogan, em Istambul e em Ancara.

Este é o quarto dia consecutivo de confrontos entre policiais e manifestantes hostis ao primeiro-ministro da Turquia. Erdogan negou qualquer tentativa de uma guinada autoritária e rejeitou a ideia de uma "Primavera Turca", afirmando no Marrocos, onde realiza uma visita, que a situação está voltando à normalidade em seu país.

Um jovem militante da oposição morreu nesta segunda-feira no hospital, após ser atingido por um disparo de arma de fogo durante manifestações no sul do país, segundo a TV local.

Abdullah Comert, 22 anos, "estava gravemente ferido (...) por disparos realizados por uma pessoa não identificada" e faleceu no hospital, revelou a NTV, que cita um comunicado do governo da província de Hatay, próxima à fronteira com a Síria.

Hasan Akgol, parlamentar do principal partido de oposição, revelou que Comert era membro da Ala Jovem do Partido do Povo Republicano.

Comert foi a segunda vítima fatal dos protestos , após a morte de um jovem no domingo à noite em Istambul, atropelado por um carro que investiu sobre os manifestantes.

A polícia utilizou na madrugada desta terça-feira bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar centenas de manifestantes em Ancara e Istambul, informaram testemunhas e um canal de televisão.

Em Ancara, no bairro de Kavaklidere, a polícia disparou balas de borracha contra os manifestantes, segundo a CNN-Türk.

Em Istambul, os policiais dispararam dezenas de bombas de gás lacrimogêneo em cerca de 500 manifestantes no bairro de Gümüssuyu, onde barracas tinham sido montadas.


Uma das mais importantes confederações sindicais turcas convocou nesta segunda a uma greve de dois dias, a partir de terça, para denunciar o recurso ao "terror" por parte do Estado contra os manifestantes que desafiam o governo.

"O terror exercido pelo Estado contra manifestações totalmente pacíficas é mantido de tal forma que ameaça a vida de civis", considerou a Confederação dos Sindicatos do Setor Público (KESK) em um comunicado divulgado em seu site.

A KESK, que reivindica 240.000 afiliados nos onze sindicatos, também considerou que a brutalidade da repressão traduz "a hostilidade com a democracia" do governo islâmico conservador no poder.

Nesta segunda, manifestantes e forças de ordem voltaram a entrar em confronto, tanto em Ancara, na praça central de Kizalay, quanto em Istambul, nas imediações dos gabinetes do primeiro-ministro. Policiais atacavam com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água, enquanto manifestantes respondiam com pedras.

Ainda mais determinados, os manifestantes tomaram novamente a Praça Taksim, coração dos protestos, que tinha sido abandonada no sábado pelas forças de ordem. Eles agitavam bandeiras turcas e gritavam "Tayyip, renuncie!"

Erdogan desafiou os manifestantes antes de de deixar a Turquia nesta segunda à tarde para uma viagem de quatro dias pelos países do Magreb.

"Sim, estamos agora na primavera, mas não deixaremos que se torne um inverno", acrescentou, referindo-se à "Primavera Árabe".

Algumas horas depois, na capital do Marrocos, Erdogan afirmou durante uma coletiva de imprensa que a situação "está voltando à calma".

"Quando eu voltar desta visita (ao Magreb, nr), os problemas serão resolvidos", acrescentou.

O chefe de governo também acusou os opositores de tentarem se aproveitar deste movimento de contestação.

A Bolsa de Istambul caiu 10,47% no fechamento da sessão desta segunda, devido à preocupação dos mercados com o panorama no país.


Desde sexta-feira, o protesto de alguns militantes contra o projeto de destruição de um parque público de Istambul se espalhou aos poucos por toda a Turquia.

Acusado de uma guinada autoritária e de querer "islamizar" a sociedade turca, Erdogan enfrenta hoje um movimento de contestação de uma amplitude inédita desde a chegada ao poder de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, originário do movimento islamita), em 2002.

A violência dos três últimos dias deixou mais de mil feridos em Istambul e pelo menos 700 em Ancara, segundo organizações de defesa dos direitos humanos e sindicatos de médicos das duas cidades.

De acordo com o ministro do Interior, Muammer Güler, a polícia havia detido mais de 1.700 manifestantes no domingo, sendo que a maior parte foi rapidamente liberada.

A brutalidade da repressão, amplamente divulgada pelas redes sociais turcas, suscitou diversas críticas de países estrangeiros.

O secretário de Estado americano, John Kerry, condenou mais uma vez o uso "excessivo" da força por parte dos policiais na aliada Turquia.

França e Reino Unido também denunciaram a brutalidade da repressão, enquanto a ONG Anistia Internacional pediu que as autoridades de Ancara parem imediatamente de recorrer à força de forma "abusiva".

Em Atenas, milhares de gregos, principalmente de esquerda, expressaram nesta segunda seu apoio aos manifestantes turcos, enquanto em Nova York cerca de cem pessoas bradavam "Queremos liberdade!" diante do consulado da Turquia.

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Istambul - Milhares de pessoas tomaram mais uma vez, na noite desta segunda-feira, a Praça Taksim de Istambul, enquanto a polícia interveio para dispersar manifestações que se aproximavam de gabinetes do chefe de governo, Recep Tayyip Erdogan, em Istambul e em Ancara.

Este é o quarto dia consecutivo de confrontos entre policiais e manifestantes hostis ao primeiro-ministro da Turquia. Erdogan negou qualquer tentativa de uma guinada autoritária e rejeitou a ideia de uma "Primavera Turca", afirmando no Marrocos, onde realiza uma visita, que a situação está voltando à normalidade em seu país.

Um jovem militante da oposição morreu nesta segunda-feira no hospital, após ser atingido por um disparo de arma de fogo durante manifestações no sul do país, segundo a TV local.

Abdullah Comert, 22 anos, "estava gravemente ferido (...) por disparos realizados por uma pessoa não identificada" e faleceu no hospital, revelou a NTV, que cita um comunicado do governo da província de Hatay, próxima à fronteira com a Síria.

Hasan Akgol, parlamentar do principal partido de oposição, revelou que Comert era membro da Ala Jovem do Partido do Povo Republicano.

Comert foi a segunda vítima fatal dos protestos , após a morte de um jovem no domingo à noite em Istambul, atropelado por um carro que investiu sobre os manifestantes.

A polícia utilizou na madrugada desta terça-feira bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar centenas de manifestantes em Ancara e Istambul, informaram testemunhas e um canal de televisão.

Em Ancara, no bairro de Kavaklidere, a polícia disparou balas de borracha contra os manifestantes, segundo a CNN-Türk.

Em Istambul, os policiais dispararam dezenas de bombas de gás lacrimogêneo em cerca de 500 manifestantes no bairro de Gümüssuyu, onde barracas tinham sido montadas.


Uma das mais importantes confederações sindicais turcas convocou nesta segunda a uma greve de dois dias, a partir de terça, para denunciar o recurso ao "terror" por parte do Estado contra os manifestantes que desafiam o governo.

"O terror exercido pelo Estado contra manifestações totalmente pacíficas é mantido de tal forma que ameaça a vida de civis", considerou a Confederação dos Sindicatos do Setor Público (KESK) em um comunicado divulgado em seu site.

A KESK, que reivindica 240.000 afiliados nos onze sindicatos, também considerou que a brutalidade da repressão traduz "a hostilidade com a democracia" do governo islâmico conservador no poder.

Nesta segunda, manifestantes e forças de ordem voltaram a entrar em confronto, tanto em Ancara, na praça central de Kizalay, quanto em Istambul, nas imediações dos gabinetes do primeiro-ministro. Policiais atacavam com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água, enquanto manifestantes respondiam com pedras.

Ainda mais determinados, os manifestantes tomaram novamente a Praça Taksim, coração dos protestos, que tinha sido abandonada no sábado pelas forças de ordem. Eles agitavam bandeiras turcas e gritavam "Tayyip, renuncie!"

Erdogan desafiou os manifestantes antes de de deixar a Turquia nesta segunda à tarde para uma viagem de quatro dias pelos países do Magreb.

"Sim, estamos agora na primavera, mas não deixaremos que se torne um inverno", acrescentou, referindo-se à "Primavera Árabe".

Algumas horas depois, na capital do Marrocos, Erdogan afirmou durante uma coletiva de imprensa que a situação "está voltando à calma".

"Quando eu voltar desta visita (ao Magreb, nr), os problemas serão resolvidos", acrescentou.

O chefe de governo também acusou os opositores de tentarem se aproveitar deste movimento de contestação.

A Bolsa de Istambul caiu 10,47% no fechamento da sessão desta segunda, devido à preocupação dos mercados com o panorama no país.


Desde sexta-feira, o protesto de alguns militantes contra o projeto de destruição de um parque público de Istambul se espalhou aos poucos por toda a Turquia.

Acusado de uma guinada autoritária e de querer "islamizar" a sociedade turca, Erdogan enfrenta hoje um movimento de contestação de uma amplitude inédita desde a chegada ao poder de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, originário do movimento islamita), em 2002.

A violência dos três últimos dias deixou mais de mil feridos em Istambul e pelo menos 700 em Ancara, segundo organizações de defesa dos direitos humanos e sindicatos de médicos das duas cidades.

De acordo com o ministro do Interior, Muammer Güler, a polícia havia detido mais de 1.700 manifestantes no domingo, sendo que a maior parte foi rapidamente liberada.

A brutalidade da repressão, amplamente divulgada pelas redes sociais turcas, suscitou diversas críticas de países estrangeiros.

O secretário de Estado americano, John Kerry, condenou mais uma vez o uso "excessivo" da força por parte dos policiais na aliada Turquia.

França e Reino Unido também denunciaram a brutalidade da repressão, enquanto a ONG Anistia Internacional pediu que as autoridades de Ancara parem imediatamente de recorrer à força de forma "abusiva".

Em Atenas, milhares de gregos, principalmente de esquerda, expressaram nesta segunda seu apoio aos manifestantes turcos, enquanto em Nova York cerca de cem pessoas bradavam "Queremos liberdade!" diante do consulado da Turquia.

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