Propina da Odebrecht teria financiado reeleição de Santos
Segundo procurador, ex-senador acusado de favorecer a Odebrecht em contratos realizou remessas de um milhão de dólares para a campanha
AFP
Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 21h30.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2017 às 21h51.
O Ministério Público da Colômbia informou nesta terça-feira que parte de uma propina que a empreiteira Odebrecht pagou a um ex-senador colombiano "teria sido" destinada à campanha de reeleição do presidente Juan Manuel Santos em 2014.
O ex-congressista Otto Bula, acusado de favorecer a Odebrecht na adição do contrato de uma obra pública, "realizou durante o ano de 2014 duas remessas para a Colômbia (...) na soma total de um milhão de dólares, cujo beneficiário final teria sido a gerência da campanha 'Santos Presidente - 2014'", disse o procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, em coletiva de imprensa.
Segundo a acusação, o ex-congressista foi contratado pela empreiteira brasileira para favorecer a adição do contrato da Rola do Sol setor 2, um trecho viário de mais de 500 km que liga o centro do país ao Caribe, cuja execução começou no mandato de Álvaro Uribe (2002-2010).
Capturado em meados de janeiro, Bula foi suplente entre 1998-2002 e 2002-2006 de Mario Uribe, primo do ex-presidente Uribe e preso por vínculos como paramilitares.
O Ministério Público acusa o ex-senador de ter obtido uma "comissão de êxito" de 4,6 milhões de dólares para que a sucursal colombiana da Odebrecht fosse beneficiada com esta obra pública.
Do milhão de dólares que supostamente foi enviado para a campanha de Santos, eleito em 2010 para um mandato de quatro anos e reeleito em 2014, "teria sido descontada uma comissão de 10% em favor de terceiros já identificados pelo Ministério Público", acrescentou Martínez.
A partir de interrogatórios, a Justiça enviou cópias ao Conselho Nacional Eleitoral para que execute trabalhos de sua competência neste caso.
Além disso, a Justiça anunciou nesta terça-feira que investiga o pedido do Centro Democrático, o partido chefiado por Uribe, o financiamento da campanha de seu candidato nas eleições presidenciais de 2014, Óscar Iván Zuluaga.
Zuluaga, derrotado por Santos nas eleições, é apontado por ter recebido aportes econômicos da empreiteira para a sua campanha.
Odebrecht teve três convênios com o Estado colombiano, informou o governo em dezembro.
O primeiro deles foi em 2009 para a Rota do Sol setor 2, razão pela qual o ex-vice-ministro dos Transportes, Gabriel García, se disse culpado de receber 6,5 milhões de dólares para garantir que a Odebrecht fosse a empresa habilitada.
Além disso, houve outros dois projetos, ambos no governo Santos: a estrada Puerto Boyacá - Chiquinquirá (centro), adjudicada em abril de 2012, e outro para dar navegabilidade ao rio Magdalena, o afluente mais importante do país, licitado em agosto de 2014.