O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos: promotor pediu que o governo "crie uma infraestrutura de funcionários, de métodos de investigação e de organização" (Raúl Arboleda)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2013 às 13h46.
Bogotá - A Promotoria da Colômbia não tem capacidade técnica para assumir a investigação e a desmobilização de milhares de membros das Farc, caso a guerrilha aceite o acordo de paz com o governo, admitiu nesta quinta-feira o promotor geral Eduardo Montealegre.
"Neste momento, nós precisamos de mais infraestrutura na promotoria para agir em um eventual processo de desmobilização das Farc", disse Montealegre durante um debate no senado sobre um projeto que pretende dar poderes ao presidente Juan Manuel Santos para reformar a entidade.
Montealegre pediu que o governo "crie uma infraestrutura de funcionários, de métodos de investigação e de organização para que seja possível assumir a investigação, acusação e julgamento dos cerca de 10 mil membros da guerrilha".
Desde novembro de 2012, o governo de Santos e as Farc negociam em Havana uma solução pacífica para o conflito armado na Colômbia, que tem se estendido por quase meio século. Venezuela e Chile participam do processo como países observadores, enquanto Noruega e Cuba atuam como nações fiadoras.
No domingo, ambas as partes chegaram a um acordo sobre a questão agrária, o primeiro dos cinco pontos da agenda de negociações, que consiste, de acordo com Santos, em implementar uma "reforma rural integral" nos próximos anos.
As negociações serão retomadas em 11 de junho, quando as partes pretendem discutir o segundo ponto da agenda: a participação política da guerrilha. Além do tema, ainda estão pendentes a questão das drogas, do desarmamento e da reparação das vítimas do conflito.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, fundadas depois de uma revolta camponesa em 1964, são a principal guerrilha da Colômbia e a mais antiga da América Latina, contando com cerca de 8 mil combatentes, de acordo com estimativas oficiais.
O conflito armado no país, que também envolve outras guerrilhas de esquerda, grupos paramilitares de direita e organizações do narcotráfico, já deixou mais de 3,7 milhões de deslocados e 600 mil mortos em quase 50 anos.