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Promotor denunciou Cristina e morreu antes de mostrar provas

Alberto Nisman passou os últimos 11 anos de vida a investigar o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia)


	Nisman: promotor participou entre 2001 e 2003 do primeiro julgamento do caso do atentado terrorista contra a Amia
 (REUTERS/Marcos Brindicci)

Nisman: promotor participou entre 2001 e 2003 do primeiro julgamento do caso do atentado terrorista contra a Amia (REUTERS/Marcos Brindicci)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2015 às 17h09.

Buenos Aires - O promotor Natalio Alberto Nisman, encontrado morto nesta segunda-feira em seu apartamento em Buenos Aires, dedicou os últimos 11 anos de vida a investigar o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) e, na semana passada, denunciou a presidente Cristina Kirchner por encobrir o Irã no caso.

Nisman, de 51 anos, adquiriu experiência como promotor nos tribunais da cidade de Morón, na província de Buenos Aires, e participou entre 2001 e 2003 do primeiro julgamento do caso do atentado terrorista contra a Amia, que causou a morte de 85 pessoas em 1994 e reduziu a sede a escombros.

Tanto a Justiça como a comunidade judaica da Argentina responsabilizaram o Irã e o Hezbollah pelo atentado, mais especificamente o chefe do serviço exterior do grupo, Emad Mughniye.

Este último, que também figurava entre os acusados pelo ataque terrorista à embaixada israelense em Buenos Aires em 1992, no qual morreram 29 pessoas, foi assassinado em 12 de fevereiro de 2008 em Damasco.

Professor universitário de direito penal e processual, Nisman se especializou como promotor em terrorismo internacional, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, fraudes ao Estado, tráfico de armas e explosivos.

Poucos meses após assumir o poder, o presidente Néstor Kirchner (2003-2007) o designou para investigar de forma exclusiva o atentado contra a Amia, caso ao qual se dedicou desde então.

Em 2008, o promotor solicitou a detenção do ex-presidente Carlos Menem e do ex-juiz do caso Juan José Galeano por supostamente "alterar, obstruir e tentar neutralizar a investigação do atentado".

Seu afastamento do governo começou por causa do polêmico Memorando de Entendimento entre Argentina e Irã para o esclarecimento do atentado, que foi planejado sem seu conhecimento e assinado por autoridades de ambos os países em janeiro de 2013.

Dois anos depois, Nisman denunciou a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman por supostamente "fabricarem a inocência" dos supostos terroristas iranianos que perpetraram o ataque terrorista.

Ciente da gravidade de sua acusação, o promotor contava com segurança particular de dez homens e disse ter recebido ameaças nos últimos dias.

Logo após a apresentação da ação judicial, Nisman foi entrevistado por um grupo de jornalistas e, visivelmente nervoso, afirmou que havia alertado a filha que nos dias seguintes ela escutaria "coisas horríveis" sobre o pai.

O promotor foi encontrado morto em sua residência no bairro de Puerto Madero, horas antes de comparecer, a pedido da oposição, a uma comissão no Congresso para revelar detalhes sobre as suas supostas provas contra a presidente argentina e o chanceler.

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