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Presidente turco pede diálogo após polícia esvaziar praça

Manifestantes protestam contra o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan

O presidente Abdullah Gul, que assumiu um tom mais conciliador do que o de Erdogan durante os tumultos, disse que era dever do governo se engajar com seus críticos (REUTERS/Yannis Behrakis)

O presidente Abdullah Gul, que assumiu um tom mais conciliador do que o de Erdogan durante os tumultos, disse que era dever do governo se engajar com seus críticos (REUTERS/Yannis Behrakis)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2013 às 16h33.

Ancara/Istambul - O presidente da Turquia pediu diálogo nesta quarta-feira com manifestantes legítimos depois que a tropa de choque esvaziou a praça de Istambul no centro de quase duas semanas de protestos contra o primeiro-ministro, Tayyip Erdogan.

O presidente Abdullah Gul, que assumiu um tom mais conciliador do que o de Erdogan durante os tumultos, disse que era dever do governo se engajar com seus críticos, mas aparentemente cerrou fileira com o primeiro-ministro ao dizer que os protestos eram uma questão diferente.

Erdogan, que descreveu os manifestantes como "gentalha", deve se encontrar com um grupo de figuras públicas para discutir o tumulto, que começou como uma campanha pacífica contra planos de iniciar uma construção no Parque Gezi, adjacente à Praça Taksim, em Istambul.

"Se as pessoas têm objeções... então se engajar em um diálogo com essas pessoas, escutar o que elas têm a dizer é, sem dúvida, nosso dever", disse Gul a repórteres.

"Quem emprega violência é diferente e precisamos distingui-los... Não devemos dar uma chance à violência... Isso não seria permitido em Nova York, isso não seria permitido em Berlim", disse Gul durante visita ao litoral do Mar Negro.

A tropa de choque se envolveu em batalhas com bolsões de manifestantes durante a noite ao esvaziar a Taksim. Ao amanhecer, a praça estava repleta de destroços das barricadas demolidas, mas táxis a cruzavam pela primeira vez desde que os problemas começaram. Várias centenas de pessoas continuavam acampadas em barracas no Parque Gezi.

Taksim Solidarity, um grupo que reúne manifestantes, disse que a delegação que vai se reunir com Erdogan não era representativa e o encontro, apenas simbólico.

"Se o Solidarity tivesse falado com alguém neste grupo para compartilhar informações, o encontro com o primeiro-ministro teria significado. Agora, não tem", disse Bulent Muftuoglu, figura de liderança no Solidarity e autoridade do Partido Verde da Turquia.


Advogados protestam

Centenas de advogados lotaram o saguão de entrada do Palácio da Justiça de Istambul, gritando slogans de protesto contra a detenção de seus colegas na véspera em uma manifestação de apoio aos protestos do Parque Gezi.

"Promotor, renuncie", "Todo lugar é Taksim, todo lugar é resistência", "lado a lado contra os fascistas", gritavam os advogados, vestidos com as becas do tribunal, alguns brandindo os punhos, outros aplaudindo.

"A polícia está intervindo de modo ilegal contra cidadãos que estão exercendo seu direito constitucional e democrático de protestar", disse o presidente da Associação de Advogados de Istambul, Umit Kocasakal, em um comunicado para a multidão.

A noite trouxe alguns dos piores confrontos desde que os tumultos começaram. A polícia disparou gás lacrimogêneo contra milhares de pessoas reunidas na Taksim, incluindo pessoas em roupas de escritório que tinham se reunido depois do trabalho, alguns com famílias com crianças.

A multidão se dispersou pelas ruas estreitas na região, deixando que um grupo de manifestantes voltasse, acendesse as fogueiras e jogasse pedras contra canhões de água. A polícia então lançou gás lacrimogêneo outra vez, o ciclo se repetindo até que o número de manifestantes diminuísse.

Um grupo de 500 advogados fez uma marcha de protesto em Ancara e houve protestos menores de advogados em outras cidades.

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