Premiê diz que Abe mentiu sobre Fukushima em eleição de sede
Koizumi, que foi premiê de 2001 a 2006, se tornou crítico da energia atômica depois do acidente na usina nuclear de Fukushima Daiichi
Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2016 às 16h30.
TÓQUIO - A promessa feita pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, de que a problemática usina nuclear de Fukushima estava "sob controle" três anos atrás, quando teve sucesso em fazer de Tóquio a sede da Olimpíada de 2020, "foi uma mentira", disse o ex-premiê Junichiro Koizumi nesta quarta-feira.
Koizumi, um dos premiês japoneses mais populares durante seu mandato, entre 2001 e 2006, se tornou um crítico contundente da energia atômica depois que um terremoto e um tsunami causaram um acidente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, da Tokyo Electric Power Co's (Tepco), no pior desastre nuclear desde Chernobyl em 1986.
Abe garantiu a segurança de Fukushima no discurso que fez em setembro de 2013 ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para apaziguar os temores a respeito da realização dos Jogos em Tóquio. À época o comentário foi alvo de críticas consideráveis.
"O comentário do senhor Abe a respeito de estar 'sob controle', aquilo foi uma mentira", afirmou Koizumi, hoje com 74 anos e com seus característicos cabelos revoltos agora grisalhos, em uma coletiva de imprensa na qual reiterou sua oposição à energia nuclear.
"Não está sob controle", acrescentou Koizumi, citando como exemplo os esforços amplamente questionados da Tepco para construir o maior "muro de gelo" do mundo para impedir que a água subterrânea invada os porões de reatores danificados e fique contaminada.
"Eles vivem dizendo que conseguem fazê-lo, mas não conseguem", disse o ex-líder japonês. Especialistas dizem que manusear o quase um milhão de toneladas de água radioativa armazenada em tanques nas instalações de Fukushima é um dos maiores desafios.
Koizumi também disse estar "envergonhado" por ter acreditado nos especialistas que lhe asseguraram que a energia nuclear é barata, limpa e segura e que o Japão, país pobre em recursos energéticos, tinha que depender dela.
Após a crise de Fukushima, disse Koizumi, "estudei o processo, a realidade e a história da implantação da energia nuclear e senti vergonha de mim mesmo por acreditar em tais mentiras".
Todas as usinas nucleares japonesas – que forneciam cerca de 30 por cento da eletricidade do país – foram fechadas após o desastre de Fukushima, e as operadoras vêm tendo dificuldades para retomar as operações perante o ceticismo da população – só três estão em funcionamento atualmente.
O governo de Abe estabeleceu como meta que a energia nuclear supra um quinto da geração energética até 2030.
O colapso em três reatores de Fukushima espalhou radiação sobre uma vasta área do interno do Japão, contaminando a água, os alimentos e o ar. Mais de 160.000 pessoas foram retiradas de cidades próximas.
(Por Linda Sieg e Megumi Lim)
TÓQUIO - A promessa feita pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, de que a problemática usina nuclear de Fukushima estava "sob controle" três anos atrás, quando teve sucesso em fazer de Tóquio a sede da Olimpíada de 2020, "foi uma mentira", disse o ex-premiê Junichiro Koizumi nesta quarta-feira.
Koizumi, um dos premiês japoneses mais populares durante seu mandato, entre 2001 e 2006, se tornou um crítico contundente da energia atômica depois que um terremoto e um tsunami causaram um acidente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, da Tokyo Electric Power Co's (Tepco), no pior desastre nuclear desde Chernobyl em 1986.
Abe garantiu a segurança de Fukushima no discurso que fez em setembro de 2013 ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para apaziguar os temores a respeito da realização dos Jogos em Tóquio. À época o comentário foi alvo de críticas consideráveis.
"O comentário do senhor Abe a respeito de estar 'sob controle', aquilo foi uma mentira", afirmou Koizumi, hoje com 74 anos e com seus característicos cabelos revoltos agora grisalhos, em uma coletiva de imprensa na qual reiterou sua oposição à energia nuclear.
"Não está sob controle", acrescentou Koizumi, citando como exemplo os esforços amplamente questionados da Tepco para construir o maior "muro de gelo" do mundo para impedir que a água subterrânea invada os porões de reatores danificados e fique contaminada.
"Eles vivem dizendo que conseguem fazê-lo, mas não conseguem", disse o ex-líder japonês. Especialistas dizem que manusear o quase um milhão de toneladas de água radioativa armazenada em tanques nas instalações de Fukushima é um dos maiores desafios.
Koizumi também disse estar "envergonhado" por ter acreditado nos especialistas que lhe asseguraram que a energia nuclear é barata, limpa e segura e que o Japão, país pobre em recursos energéticos, tinha que depender dela.
Após a crise de Fukushima, disse Koizumi, "estudei o processo, a realidade e a história da implantação da energia nuclear e senti vergonha de mim mesmo por acreditar em tais mentiras".
Todas as usinas nucleares japonesas – que forneciam cerca de 30 por cento da eletricidade do país – foram fechadas após o desastre de Fukushima, e as operadoras vêm tendo dificuldades para retomar as operações perante o ceticismo da população – só três estão em funcionamento atualmente.
O governo de Abe estabeleceu como meta que a energia nuclear supra um quinto da geração energética até 2030.
O colapso em três reatores de Fukushima espalhou radiação sobre uma vasta área do interno do Japão, contaminando a água, os alimentos e o ar. Mais de 160.000 pessoas foram retiradas de cidades próximas.
(Por Linda Sieg e Megumi Lim)