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Porta-voz de Navalny confirma morte do opositor: 'assassinado'

Apesar do anúncio na sexta-feira feito Serviço Penitenciário Federal russo sobre seu falecimento, time do ativista e principal crítico de Putin ainda não tinha ratificado a informação

"Alexei Navalny foi assassinado. Sua morte ocorreu no dia 16 de fevereiro, às 14h17, horário local, segundo mensagem oficial à mãe de Alexei.", diz porta-voz (Shamil Zhumatov/Reuters)

"Alexei Navalny foi assassinado. Sua morte ocorreu no dia 16 de fevereiro, às 14h17, horário local, segundo mensagem oficial à mãe de Alexei.", diz porta-voz (Shamil Zhumatov/Reuters)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 09h34.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2024 às 09h35.

A porta-voz de Alexei Navalny, Kira Yarmysh, confirmou neste sábado a morte do ativista, a partir de um comunicado formal feito à mãe dele, Liumila. O principal opositor do presidente Vladimir Putin, segundo anunciou o Serviço Penitenciário Federal russo na sexta-feira, "sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência”.

Seu falecimento, contudo, ainda não tinha sido confirmado por Yarmysh ou pelo seu círculo, embora a informação do órgão russo já tivesse bastado para provocar uma forte repercussão entre líderes e autoridades internacionais — muitos dos quais culparam diretamente o Kremlin. A China, por sua vez, afirmou neste sábado que se trata de um "assunto interno da Rússia" e, por isso, não iria comentar.

Em uma publicação no X (antigo Twitter), Yarmysh escreveu: "Alexei Navalny foi assassinado. Sua morte ocorreu no dia 16 de fevereiro, às 14h17, horário local, segundo mensagem oficial à mãe de Alexei." Ainda segundo a porta-voz, o corpo do ativista está na cidade de Salekhard, localizada no Ártico, e exigiu que fosse "entregue imediatamente à sua família".

Yarmysh, que faz parte da equipe de aliados de Navalny, disse ainda em outro post na rede social que a mãe e o advogado do ativista chegaram ao necrotério de Salekhard neste sábado, mas que o local está fechado, "apesar das garantias da colônia de que estaria funcionando e de que o corpo de Navalny está lá" e denunciou: "Eles não têm o corpo de Alexei no necrotério."

Liumila tinha chegado pela manhã à colônia penal no assentamento Kharp, disse a porta-voz numa declaração em vídeo, e que ela e o advogado tiveram que esperar duas horas até que um funcionário da prisão saísse para dizer que o corpo de Navalny tinha sido transferido para Salekhard. Advogados e grupos de direitos humanos disseram que o processo de recuperação do corpo do ativista pode levar alguns dias.

Yarmysh trabalha fora da Rússia e, assim como outros aliados do ativista, continuou realizando o trabalho do opositor após o seu envenenamento em 2020 e a sua subsequente prisão, publicando as suas declarações e organizando eventos políticos.

China: 'não farei comentários'

Navalny, um ativista anticorrupção e um dos principais adversários políticos do presidente Vladimir Putin, cumpre pena de 19 anos de prisão por "extremismo", devendo cumprir a pena em uma colônia de "regime especial". Ele foi detido em janeiro de 2021 ao retornar à Rússia, depois de se recuperar na Alemanha de um envenenamento que, segundo ele, foi planejado pelo Kremlin.

O anúncio da sua morte foi feito pelo Serviço Penitenciário Federal do país na sexta-feira e ocorre a um mês das eleições presidenciais russas, marcadas para março. Segundo a agência Interfax, os médicos passaram mais de meia hora tentando reanimá-lo, mas sem sucesso. O órgão afirmou que as causas da morte estão sendo investigadas, e a TV estatal russa afirmou que ele teve uma embolia.

A informação provocou uma forte repercussão entre os líderes e autoridades internacionais, com alguns líderes e autoridades culpando diretamente Putin pela morte. Entre eles está o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse estar "indignado" com a notícia. "O que aconteceu a Navalny é mais uma prova da brutalidade de Putin. Ninguém se deve deixar enganar", afirmou o líder americano.

A União Europeia também culpou o Kremlin pela morte do ativista. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que o bloco "responsabiliza o regime russo por esta morte trágica" e que Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia”, e que, “por seus ideais, ele fez o sacrifício supremo”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em guerra com a Rússia há quase dois anos, disse era "óbvio" para ele: "ele [Navalny] foi morto, como milhares de outros que foram torturados até a morte por causa desse único homem [Putin]."

A chancelaria chinesa, por sua vez, se recusou a comentar a morte do ativista, afirmando que se trata de um "assunto interno da Rússia". "É um assunto interno da Rússia. Não farei comentários", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China em resposta à uma solicitação enviada pela AFP

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