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População do Zimbábue convoca protestos contra Mugabe

Os cidadãos foram convocados a marchar pacificamente amanhã pela tarde na capital do país, Harare

Harare: os militares tomaram o controle do país na noite de terça para quarta-feira (Philimon Bulawayo/Reuters)

Harare: os militares tomaram o controle do país na noite de terça para quarta-feira (Philimon Bulawayo/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de novembro de 2017 às 18h50.

Harare - Organizações civis, cidadãos comuns e a associação de veteranos de guerra do Zimbábue preparam para este sábado uma manifestação contra o presidente Robert Mugabe, que resiste a renunciar, mesmo depois que as forças armadas tomaram o controle do país.

Com 'hashtags' como "#Mugabemustgo" ("Mugabe deve sair", em tradução livre) e "#ariseZimbabwe" ("Levante-se Zimbábue"), a convocação se estende pelas redes sociais, com o apoio de grupos civis como o Viva Zimbabawe.

Os cidadãos foram convocados a marchar pacificamente amanhã pela tarde na capital do país, Harare, para "reivindicar uma liderança" que liberte o povo do "sofrimento suportado durante tempo demais", diz o texto de uma das convocações.

"O exército abriu o caminho para nós. Agora vamos fazer com que conheçam nossos desejos. Queremos o Zimbábue e o queremos agora", acrescenta o texto veiculado no Twitter.

A influente Associação Nacional de Veteranos da Guerra de Libertação do Zimbábue (ZNLWA, na sigla em inglês) louvou hoje essa convocação e anunciou para amanhã um grande comício contra o presidente.

"Ele (Mugabe) pensava que tinha o povo. Amanhã ele verá", disse hoje o líder da associação, Christopher Mutsvangwa, em uma entrevista coletiva, na qual assegurou que o presidente "está acabado", que sua "permanência no poder não será permitida" e que lhe darão um "ultimato" para que renuncie.

Os militares tomaram o controle do país na noite de terça para quarta-feira e, em uma mensagem emitida de madrugada durante a tomada da emissora de televisão nacional, os uniformizados explicaram que não se tratava de um golpe contra o presidente, mas de uma operação contra "criminosos" de seu entorno.

Apesar da tensão política, a calma tem se mantido nas ruas do país até o momento, e Mugabe presidiu hoje uma cerimônia de formatura em uma universidade de Harare.

Enquanto Mugabe permanecia isolado em sua residência, as forças armadas detiveram três ministros vinculados às aspirações políticas da primeira-dama, Grace Mugabe, que era cogitada como candidata a vice-presidente depois que seu marido destituiu Emmerson Mnangagwa na semana passada.

Precisamente, a demissão do vice-presidente - uma figura incontestável do partido e veterano de guerra que estava em todas as previsões como sucessor de Mugabe - é considerada o estopim principal da crise.

De acordo com a imprensa local, os militares buscam pactuar a saída de Mugabe do poder, mas não necessariamente de forma imediata.

Mugabe, que tem 93 anos e governa o país desde 1980, é reticente a renunciar, segundo as mesmas fontes, e quer garantir imunidade para ele e para a primeira-dama.

Algumas das hipóteses ventiladas são a de que Mugabe renunciará em breve e Mnangagwa, que está foragido na África do Sul, retornará ao país para liderar um governo transitório de concentração, ou que Mugabe permanecerá no cargo até o congresso de seu partido em dezembro, ou até as eleições de 2018.

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