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Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2013 às 16h25.
Atenas - A polícia desocupou nesta quinta-feira a antiga sede da televisão pública grega ERT, que estava ocupada desde junho pelos trabalhadores demitidos após a súbita decisão do governo de fechar a emissora.
No início da noite, milhares de pessoas protestaram contra a operação policial.
Durante a madrugada, a polícia entrou no prédio da rádio e televisão, em um bairro da zona norte de Atenas.
Na presença de um procurador, os policiais retiraram quase 200 pessoas que protestavam no local, mas nenhum incidente grave foi registrado.
Os agentes tiveram que arrombar as portas do prédio para entrar.
Quatro funcionários da ERT foram detidos, incluindo um membro do sindicato Pospert, que representa os trabalhadores do ERT, e um jornalista.
Todos foram libertados algumas horas depois, segundo a agência de notícias ANA.
No final da tarde, mais de 3.000 pessoas se reuniram em frente à sede da ERT, em resposta à convocação dos sindicatos e da oposição de esquerda, para denunciar a ação policial.
"Expulsem (Antonis) Samaras (primeiro-ministro grego) e não os funcionários da ERT", "Chegou a hora dos capitalistas pagarem pela crise!", proclamavam as faixas dos manifestantes.
"A ERT é um exemplo de organização da resistência", declarou à AFP, Theano Fotiou, deputado do partido de extrema-esquerda Syriza, presente na manifestação.
Os sindicatos da imprensa realizaram uma paralisação de quatro horas, para protestar contra a operação da polícia.
Os ex-funcionários ocupavam a sede da ERT desde que o governo decidiu fechar a emissora em 11 de junho, deixando 2.600 pessoas sem emprego.
O governo do primeiro-ministro conservador Antonis Samaras justificou a decisão de fechar a rádio e televisão pública pelo alto custo, de quase 300 milhões de euros por ano, mas anunciou a criação de um novo canal de TV para 2014.
Em meados de julho um canal de televisão estatal provisório, a DT (Televisão Pública), começou a operar até a inauguração da nova emissora estatal Nerit.
O novo canal, que segundo presidente do conselho Theodore Fortsakis tem por objetivo "a independência e a sobriedade econômica", pode entrar no ar em março.
Contra o fechamento, os ex-funcionários lançaram um programa diário transmitido na internet com boletins de informação.
Moção de censura
Aproveitando a oportunidade para denunciar as políticas de austeridade do governo, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, apresentou uma moção de censura contra o governo de coalizão direita-socialista.
O governo tem uma pequena maioria no Parlamento, mas os observadores duvidam que a moção de censura seja aprovada na noite de domingo.
"A intervenção da polícia foi para cumprir a lei. A ocupação do prédio era ilegal", declarou, por sua vez, o porta-voz do governo, Simos Kédikoglou.
"O prédio deve ser devolvido ao governo o quanto antes" para "preparar a cobertura da posse da presidência da Comissão Europeia, que a Grécia ocupará a partir de 1º de janeiro", afirmou Pantelis Kapsis, ministro da "Televisão Pública".
A Grécia está sob pressão da "troika" de credores internacionais (UE-BCE-FMI), que exige novas medidas de austeridade, mesmo após os profundos cortes no quadro de funcionários, nos salários e nas aposentadorias.
Representantes da "troika" estão em Atenas desde segunda-feira para realizar uma auditoria das contas gregas.