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Polêmicas e reivindicações influenciarão o próximo Conclave

Os cardeais eleitores se reunirão no início de março em "congregações gerais" para preparar o Conclave

Conclave no Vaticano: as mulheres - maioria nas igrejas - não têm direitos à altura de suas responsabilidades, já que a Igreja, e sobretudo o Vaticano, continuam sendo predominantemente masculinos. (©afp.com / Andreas Solaro)
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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Cidade do Vaticano -O conclave que vai eleger o próximo Papa deverá discutir se a Igreja deve ouvir ou não os apelos vindos de um grande número de católicos para uma maior abertura ao papel das mulheres, à tolerância com a homossexualidade, ao reconhecimento dos casais não casados e divorciados.

Os cardeais eleitores, conservadores em sua maioria, se reunirão no início de março em "congregações gerais" para preparar o Conclave: um momento privilegiado para determinar o perfil do futuro Papa à luz dos múltiplos desafios que a Igreja enfrenta.

Ao anunciar sua demissão explicando não ter mais capacidade de responder ao "mundo de hoje", sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande importância para a vida da fé", Bento XVI tinha em mente, entre outros, estes assuntos da atualidade que são alvos de revoltas no seio das Igrejas ocidentais e cada vez mais latino-americanas e asiáticas.

As mulheres - maioria nas igrejas - não têm direitos à altura de suas responsabilidades, já que a Igreja, e sobretudo o Vaticano, continuam sendo predominantemente masculinos.

A questão da homossexualidade é um assunto igualmente sensível. Os homossexuais católicos não aceitam mais ser considerados pecadores, mesmo que eles sejam mais respeitados que antigamente. Os casos de homossexualidade no clero também provocam, vez por outra, certa agitação. Aparentemente foi por causa de "atos inapropriados" homossexuais que o Primaz da Escócia, Keith O'Brien, teve que pedir demissão, e a imprensa italiana falou num suposto "lobby gay" no Vaticano.


A maioria dos jovens católicos hoje em dia vivem juntos antes do casamento, sem se sentirem culpados: uma realidade que a Igreja também deve levar em conta.

Os divorciados casados novamente, que não podem comungar, se sentem excluídos da Igreja, mesmo que Bento XVI tenha insistido em dizer que eles não são. Uma evolução pode ser possível no novo pontificado.

Uma reforma normalmente pedida e que poderia também chegar a um novo pontificado é a possibilidade de que homens casados virem padres: um certo número de bispos lutam discretamente em favor de uma evolução neste sentido.

Todos esses assuntos se propagam mais do que a mensagem exigente e moralista da igreja sobre a castidade, a pureza e o valor do celibato, que se mostram contraditórios face aos escândalos envolvendo padres pedófilos.

Diante de todas essas reivindicações, os bispos não têm respostas simples para dar. Mas é o tom que deve mudar para fechar a rachadura que houve com uma parte da juventude. Uma evolução mostrada por diversos gestos no final do pontificado de Bento XVI.

Andrea Tornielli, vaticanista, ressalta a necessidade de uma mensagem de simpatia para o mundo. Esta será uma das missões do novo Papa.

A mensagem póstuma do cardeal de Milão e porta-voz da ala reformista da Igreja, Carlo Maria Martini, morto em agosto de 2012, é muito atual. Ele estimou que a Igreja "tinha 200 anos de atraso" em alguns assuntos e "deveria apresentar suas desculpas pelo que ela disse no passado sobre a sexualidade", lembrou o padre jesuíta austríaco Georg Sporschill.

Os dogmas não são suficientes, é preciso "uma capacidade de escutar face às necessidades dos jovens, das novas famílias, dos não-fiéis", afirmou Sporschill, que era próximo do monsenhor Martini.

A bandeira deste cardeal continua tendo um forte impacto na Igreja porque ele não se rebelava contra Roma, mas pedia uma mudança interna, fazendo propostas realistas e "admitindo a contradição".


Os cardeais deveriam procurar um Papa capaz de dialogar com o mundo moderno. No entanto, não será um revolucionário: a herança de Bento XVI é a segurança doutrinária e a intangibilidade da defesa de certos valores, especialmente o não ao aborto, à eutanásia, às manipulações genéticas e ao casamento homossexual.

Nós não podemos mais esperar até que o novo Papa diga "sim" a este tipo de união. Todavia, ele poderia ter uma atitude compreensiva e não de rejeição das pessoas que não seguem os dogmas.

"Papabili" muito cotado, o cardeal de Manila Luis Antonio Tagle disse em outubro: "eu entendo que o sofrimento enfrentado pelas pessoas e pelas questões difíceis que eles levantam são um convite a ser, antes de tudo, solidários com eles e não para dizermos que temos todas as respostas seus problemas".

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Cidade do Vaticano -O conclave que vai eleger o próximo Papa deverá discutir se a Igreja deve ouvir ou não os apelos vindos de um grande número de católicos para uma maior abertura ao papel das mulheres, à tolerância com a homossexualidade, ao reconhecimento dos casais não casados e divorciados.

Os cardeais eleitores, conservadores em sua maioria, se reunirão no início de março em "congregações gerais" para preparar o Conclave: um momento privilegiado para determinar o perfil do futuro Papa à luz dos múltiplos desafios que a Igreja enfrenta.

Ao anunciar sua demissão explicando não ter mais capacidade de responder ao "mundo de hoje", sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande importância para a vida da fé", Bento XVI tinha em mente, entre outros, estes assuntos da atualidade que são alvos de revoltas no seio das Igrejas ocidentais e cada vez mais latino-americanas e asiáticas.

As mulheres - maioria nas igrejas - não têm direitos à altura de suas responsabilidades, já que a Igreja, e sobretudo o Vaticano, continuam sendo predominantemente masculinos.

A questão da homossexualidade é um assunto igualmente sensível. Os homossexuais católicos não aceitam mais ser considerados pecadores, mesmo que eles sejam mais respeitados que antigamente. Os casos de homossexualidade no clero também provocam, vez por outra, certa agitação. Aparentemente foi por causa de "atos inapropriados" homossexuais que o Primaz da Escócia, Keith O'Brien, teve que pedir demissão, e a imprensa italiana falou num suposto "lobby gay" no Vaticano.


A maioria dos jovens católicos hoje em dia vivem juntos antes do casamento, sem se sentirem culpados: uma realidade que a Igreja também deve levar em conta.

Os divorciados casados novamente, que não podem comungar, se sentem excluídos da Igreja, mesmo que Bento XVI tenha insistido em dizer que eles não são. Uma evolução pode ser possível no novo pontificado.

Uma reforma normalmente pedida e que poderia também chegar a um novo pontificado é a possibilidade de que homens casados virem padres: um certo número de bispos lutam discretamente em favor de uma evolução neste sentido.

Todos esses assuntos se propagam mais do que a mensagem exigente e moralista da igreja sobre a castidade, a pureza e o valor do celibato, que se mostram contraditórios face aos escândalos envolvendo padres pedófilos.

Diante de todas essas reivindicações, os bispos não têm respostas simples para dar. Mas é o tom que deve mudar para fechar a rachadura que houve com uma parte da juventude. Uma evolução mostrada por diversos gestos no final do pontificado de Bento XVI.

Andrea Tornielli, vaticanista, ressalta a necessidade de uma mensagem de simpatia para o mundo. Esta será uma das missões do novo Papa.

A mensagem póstuma do cardeal de Milão e porta-voz da ala reformista da Igreja, Carlo Maria Martini, morto em agosto de 2012, é muito atual. Ele estimou que a Igreja "tinha 200 anos de atraso" em alguns assuntos e "deveria apresentar suas desculpas pelo que ela disse no passado sobre a sexualidade", lembrou o padre jesuíta austríaco Georg Sporschill.

Os dogmas não são suficientes, é preciso "uma capacidade de escutar face às necessidades dos jovens, das novas famílias, dos não-fiéis", afirmou Sporschill, que era próximo do monsenhor Martini.

A bandeira deste cardeal continua tendo um forte impacto na Igreja porque ele não se rebelava contra Roma, mas pedia uma mudança interna, fazendo propostas realistas e "admitindo a contradição".


Os cardeais deveriam procurar um Papa capaz de dialogar com o mundo moderno. No entanto, não será um revolucionário: a herança de Bento XVI é a segurança doutrinária e a intangibilidade da defesa de certos valores, especialmente o não ao aborto, à eutanásia, às manipulações genéticas e ao casamento homossexual.

Nós não podemos mais esperar até que o novo Papa diga "sim" a este tipo de união. Todavia, ele poderia ter uma atitude compreensiva e não de rejeição das pessoas que não seguem os dogmas.

"Papabili" muito cotado, o cardeal de Manila Luis Antonio Tagle disse em outubro: "eu entendo que o sofrimento enfrentado pelas pessoas e pelas questões difíceis que eles levantam são um convite a ser, antes de tudo, solidários com eles e não para dizermos que temos todas as respostas seus problemas".

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