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Polarização da Colômbia é refletida na campanha presidencial

Campanha para o segundo turno das eleições reflete a polarização que o país vive quanto ao modelo a seguir nos próximos quatro anos

Oscar Ivan Zuluaga fala durante debate eleitoral com Juan Manuel Santos, em Bogotá (John Vizcaino/Reuters)

Oscar Ivan Zuluaga fala durante debate eleitoral com Juan Manuel Santos, em Bogotá (John Vizcaino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2014 às 20h27.

Bogotá - A campanha para o segundo turno das eleições presidenciais de domingo na Colômbia reflete a polarização que o país vive quanto ao modelo a seguir nos próximos quatro anos, com o processo de paz com as Farc como guardiã do equilíbrio.

Os dois candidatos, o presidente Juan Manuel Santos, da coalizão União Nacional, e o opositor Óscar Iván Zuluaga, do Centro Democrático, têm em comum que foram companheiros de gabinete no segundo governo de Álvaro Uribe, cuja presidência exerceu de 2002 a 2010, um como Ministro da Defesa e outro como de Fazenda, mas desta vez estão em lados diferentes.

Santos, que há quatro anos foi eleito presidente como defensor do uribismo, como o é hoje Zuluaga, fez uma aposta forte pela paz acima de tudo, decisão arriscada que pode ter atraído tanto votos como opositores, começando por setores militares pouco ou nada entusiasmados com os diálogos com as Farc em Cuba.

Os rumores de que nos diálogos de Havana estão negociando "de costas para o país" se propagaram com mais força nas últimas semanas encorajados por setores afins a Zuluaga, defensor do endurecimento das condições à guerrilha para seguir adiante com o processo de paz iniciado por Santos em novembro de 2012.

"Vou trabalhar todos os dias para que a Colômbia alcance a paz, mas uma paz que beneficie somente o povo colombiano", disse Zuluaga no discurso que pronunciou após sua vitória no primeiro turno, mas sua posição frente aos diálogos foi sofrendo variações em função das alianças e dos movimentos das pesquisas.

Os dois também têm visões distintas das relações exteriores, assunto no qual Santos propõe "prudência", especialmente com moradores com os quais a Colômbia teve crise diplomáticas, como Venezuela e Equador, enquanto Zuluaga defende uma postura mais enérgica contra o governo de Nicolás Maduro em defesa da oposição interna.

Zuluaga disse que se for eleito presidente não terá "silêncio cúmplice" com o governo de Caracas, uma postura que poderia romper a fragilidade das relações bilaterais.

Diferenças há também no manejo da decisão da Corte Internacional de Justiça de Haia que foi desfavorável à Colômbia em seu litígio de fronteira com a Nicarágua, que Santos disse que "foi acatada, mas não será aplicada" até que não haja um novo tratado de limites, enquanto Zuluaga diretamente defende não acatá-la.

No restante, as posturas destes dois políticos e economistas não diferem muito, pelo menos no discurso, nem no social e nem no econômico.

Os dois prometem melhorar a saúde e a educação, assim como gerar emprego de qualidade, dando especial atenção aos jovens e potencializando a inovação e o empreendimento.

"Sem educação não há paz e nem progresso", assegura Zuluaga, que promete implantar a jornada única escolar de oito horas na educação pública, melhorar o sistema de formação do magistério e implantar o bilinguismo.

Santos - que quer "terminar a tarefa" iniciada em 7 de agosto de 2010, que permitiu tirar da pobreza 2,5 milhões de colombianos, segundo dados oficiais - promete seguir caminhos similares aos de Zuluaga para fazer da Colômbia o país com melhor educação da América Latina em 2025.

O presidente, cujo governo construiu 100 mil casas de graça para os mais necessitados, fixou a meta de construir 300 habitações em um segundo mandato, diante do que Zuluaga oferece um prêmio de moradia para os empregados com renda inferior a quatro salários mínimos.

A economia é a área de menos diferenças entre ambos, pois promovem o neoliberalismo, a confiança dos investidores, melhora na infraestrutura, volta os olhos ao setor agrário atingido por uma grave crise de competitividade, que a esquerda atribui aos tratados de livre-comércio, e a recuperação da indústria.

Quanto à insegurança da população, uma das principais preocupações dos colombianos, ambos defendem um reforço da força policial e o fortalecimento da justiça para ser mais eficiente.

Santos vai além com a proposta de criação do Ministério de Segurança Cidadã, do qual dependeria a polícia, atualmente ligada ao Ministério da Defesa, uma iniciativa que já é objeto de polêmica entre os militares.

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