Pedidos de ajuda por covid dominam redes sociais na Índia
Há uma tragédia em curso em um país de 1,3 bilhão de habitantes, onde agora os casos de covid-19 aumentam no ritmo mais rápido do mundo
Bloomberg
Publicado em 22 de abril de 2021 às 18h20.
Última atualização em 22 de abril de 2021 às 23h07.
Atualmente, as postagens nas redes sociais da Índia não são mais sobre fotos provocantes, memes engraçados ou piadas sobre política. Agora, pedidos desesperados para salvar vidas inundam o Twitter e o Instagram em meio à disparada de casos e mortes por Covid que sobrecarregam hospitais e crematórios do país.
No feed do Instagram de Bharath Pottekkat, uma mensagem diz: “Mumbai, por favor, me ajude! Pulmões prejudicados devido à infecção por pneumonia. Preciso de um leito de UTI.” Outro diz: “Plasma necessário com urgência para tratamento de paciente com Covid no Hospital Max, Déli”.
Novos apelos chegam a cada atualização. “Meu cérebro não consegue lidar com a sobrecarga das redes sociais”, disse Pottekkat, estudante de direito de 20 anos de Nova Déli. “Não consigo processar o que estou lendo. Sinto-me entorpecido.”
Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp e Telegram estão repletos com mensagens de familiares e amigos desesperados implorando todo tipo de coisa, como camas de hospital, remédios, tomografias computadorizadas, testes de Covid em casa e até comida para idosos em quarentena.
Os apelos desesperados, na esperança de que alguém responda com um remédio rápido, oferecem uma amostra da tragédia em curso em um país de 1,3 bilhão de habitantes, onde agora os casos de Covid-19 aumentam no ritmo mais rápido do mundo. As mensagens também revelam o pânico e a confusão em meio à escassez de medicamentos, leitos de terapia intensiva e oxigênio.
Destacando a situação sombria, na quinta-feira a Índia registrou um recorde de 2.104 mortes de Covid-19 e um número sem precedentes de 314.835 novos casos - o maior total diário do mundo. O número de infecções, de quase 16 milhões, é o segundo maior do planeta.
Apesar de sediar a maior fabricante mundial de vacinas, o país tem dificuldade em fornecer doses suficientes. Grandes festivais e eleições que levaram a aglomerações e menor vigilância sobre o uso de máscaras e distanciamento social contribuíram para a nova onda.