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Rússia e Turquia iniciam patrulha para cessar conflitos na Síria

Um acordo intermediado por Putin determinou a retirada das milícias curdas do bolsão turco na Síria, o que deve trazer alguma estabilidade à região

Síria: a Turquia espera criar uma “zona de segurança” em território sírio (Huseyin Aldemir/Reuters)

Síria: a Turquia espera criar uma “zona de segurança” em território sírio (Huseyin Aldemir/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2019 às 06h20.

Última atualização em 1 de novembro de 2019 às 06h49.

Um acordo histórico fechado entre o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e seu par russo, Vladimir Putin, deve trazer maior estabilidade à fronteira da Síria, palco de combates sangrentos nas últimas semanas.

A partir desta sexta-feira, patrulhas de ambos os países passarão a vistoriar a retirada de forças curdas no norte Síria, espaço que é reivindicado por Erdogan como uma “zona segura” na fronteira com a Turquia.

O anúncio das patrulhas conjuntas foi feito pelo presidente turco na última terça-feira. Conforme o acordo alcançado com a Rússia, a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG) tinha até aquele dia para retirar suas tropas da fronteira com a Turquia, o que será vistoriado a partir desta sexta-feira. 

Também na última terça-feira, o ministro da Defesa russo, Sergei Shogu, garantiu que as milícias curdas havia concluído a retirada na região. “O lado russo nos disse que 34 mil membros da organização terrorista deixaram a área de 30 km. Embora os dados que temos disponíveis indiquem que o sucesso não foi completo, daremos resposta adequada após nossas descobertas no terreno “, afirmou Erdogan, reivindicando uma vistoria no local.

O presidente turco ainda declarou que o país poderá retomar os confrontos caso a evacuação não tenha sido completa.

Catalogadas como terroristas pelo governo Turco, as forças curdas na síria combatiam o Estado Islâmico (EI) em conjunto com os Estados Unidos até o presidente norte-americano, Donald Trump, decidir retirar seu país do conflito internacional. Foi uma decisão fortemente criticada pela comunidade internacional e por opositores nos EUA, e abriu uma nova frente de tensão internacional.

Na quarta-feira, a tensão piorou: o governo turco repudiou  a decisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos de reconhecer o genocídio armênio e convocou o embaixador americano na Turquia para expressar rejeição à iniciativa, vista como uma punição pela operação militar na Síria.

Formada por uma população de cerca de 35 milhões de pessoas espalhadas entre Síria, Turquia, Iraque, Irá e Armênia, os curdos são, dentro da Síria, a maior nação apátrida do mundo. Na Síria, as Unidades de Proteção Popular curdas são um movimento separatista que, além de combater o EI, querem formar um país curdo. Na Turquia, cerca de 15% da população é curda, e os anseios separatistas fazem com que o governo turco considere as milícias curdas como forças terroristas. 

Na prática, a retirada das tropas estadunidenses da fronteira da Síria foi um sinal verde para o os turcos atacarem os curdos, que ficaram sem a proteção dos até então aliados norte-americanos. Mais de 400 pessoas, incluindo civis, morreram nos conflitos das últimas semanas. Com o acordo obtido pela Rússia, a expectativa é que os combates sejam cessados 一 ao menos por enquanto. 

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