Partidários e adversários de Mubarak entram em conflito
Defensores do presidente fizeram passeata no Cairo que terminou na praça Tahrir, onde estão reunidos os opositores ao regime; dezenas de pessoas ficaram feridas
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2011 às 10h56.
Cairo - Um grupo que saiu em passeata para demonstrar apoio ao presidente egípcio Hosni Mubarak entrou em conflito nesta quarta-feira com os manifestantes que protestam há mais de uma semana exigindo sua renúncia na Praça Tahrir, no centro do Cairo.
Há dezenas de feridos, segundo testemunhas.
Milhares de manifestantes dos dois lados estavam na praça, epicentro das passeatas contra o governo, que hoje completam nove dias.
A oposição acusa policiais à paisana de se infiltrar no protesto na praça Tharir.
"O PND (Partido Nacional Democrata) pró-Mubarak e a polícia secreta vestida à paisana invadiram a praça para acabar com o protesto", afirmou o manifestante Mohammed Zomor, de 63 anos.
Manifestantes dos dois lados se enfrentam com violência, atirando pedras uns contra os outros, sob o olhar de soldados que assistem a tudo sobre os tanques mobilizados na praça, sem intervir.
Imagens da rede americana CNN mostram partidários de Mubarak atacando os manifestantes com cassetetes e pedaços de pau, montados sobre camelos e cavalos.
Alguns deles foram derrubados de cima dos animais e arrastados por entre a multidão, enquanto eram espancados. Um deles foi carregado inconsciente, e muitos aparecem com sangue escorrendo da cabeça.
Horas antes, o Exército havia lançado um apelo pedindo às pessoas que abandonassem as manifestações e voltassem para casa.
"O Exército pede aos manifestantes que retornem a suas casas para restabelecer a segurança e a estabilidade nas ruas", declarou o porta-voz militar.
O pedido das Forças Armadas foi feito um dia depois de Mubarak ter anunciado que não vai disputar as eleições presidenciais de setembro, mas que está decidido a cumprir a totalidade de seu mandato.
O discurso de Mubarak foi rejeitado pelos manifestantes. Milhares de pessoas passaram a noite na Praça Tahrir, no centro do Cairo, desafiando o toque de recolher, e nesta quarta-feira retomaram os protestos para exigir a renúncia do presidente egípcio.