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Parentes e feridos lutam para seguir vidas após massacre

Dois dias depois do pior massacre com arma de fogo dos Estados Unidos, as famílias dos mortos e os feridos lutam para levar suas vidas adiante


	Homenagem para as vítimas de massacre em boate gay em Orlando
 (Stephen Lam / Reuters)

Homenagem para as vítimas de massacre em boate gay em Orlando (Stephen Lam / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2016 às 17h39.

Orlando - Dois dias depois do pior massacre com arma de fogo dos Estados Unidos, ocorrido no último domingo em uma boate gay de Orlando, as famílias dos mortos e os feridos lutam para levar suas vidas adiante, enquanto as autoridades investigam o suposto autor, Omar Mir Seddique Matteen.

Em entrevista coletiva conjunta com médicos e enfermeiros, o cirurgião Michael Cheatham informou que 44 pessoas chegaram ao Hospital Orlando Health, das quais nove morreram pouco depois de dar entrada, 27 estão internadas (seis em estado grave) e as demais receberam alta.

"Estamos felizes de que ninguém tenha sucumbido aos ferimentos desde o primeiro dia", disse o médico, que ressaltou que a equipe está fazendo todo o possível "para que a situação se mantenha assim".

Os outros feridos foram encaminhados para clínicas diferentes na mesma região.

Os médicos qualificaram a situação vivida no hospital no domingo de madrugada como uma "cena de guerra", com pessoas com grandes ferimentos, principalmente em extremidades, peito e abdômen, produzidas por tiros de uma arma de "grande calibre".

Ao todo, 50 pessoas, incluindo o autor do massacre, um americano de 29 anos, que estava armado com um fuzil semiautomático e uma pistola, morreram e 53 ficaram feridas. A grande maioria das vítimas era de origem hispânica, já que na noite do atentado a casa noturna realizava uma festa latina.

Um dos falecidos é o porto-riquenho Eric Ivan Ortiz, que há nove anos morava em Orlando, onde sua família enfrenta hoje um "duro dia".

"Nenhum familiar foi capaz de reconhecer o corpo. Só quando formos à funerária e virmos as partes do Eric acabaremos com a incerteza que ainda pesa", explicou à Agência Efe Frances Ortiz, irmã da vítima.

Caso a identidade seja confirmada, a família irá optar pela cremação e levará as cinzas a Porto Rico.

Frances disse que Eric, o segundo de três filhos, tinha dito recentemente a vários amigos que estava com o "pressentimento" de que morreria de "maneira trágica" antes dos 40. Ele tinha 36.

"Vou continuar pensando que ele ainda está morando em Orlando. Como se passaram nove anos desde que ele se mudou e desde então nos vimos poucas vezes, continuarei acreditando que ele está lá e que faz anos que eu não o vejo", revelou ela, contando como pretende enfrentar a situação.

Victor Baez conseguiu escapar dos tiros na Pulse, mas perdeu seis amigos, entre eles Mercedes Flores e Amanda Alvear, as "pessoas mais maravilhosas do mundo, as melhores amigas que alguém poderia ter".

Ele contou que estava escondido e a polícia lhe tirou depois de ele passar cerca de uma hora no local, deixando para trás os corpos de seus amigos.

Iris Febo, mãe do rapaz, disse à Efe que os dias têm sido de "batalha", já que seu filho está sofrendo muito e praticamente não dorme. A família já buscou ajuda médica.

Outro sobrevivente do massacre é o porto-riquenho Ángel Colón. Segundo ele, quando as pessoas ouviram o primeiro disparo começaram a correr, mas ele recebeu três tiros na perna direita e, quando tentou se levantar, várias pessoas passaram por acima e ele acabou quebrando a perna esquerda.

O jovem contou que o autor do massacre parecia estar "aproveitando" e que atirou nas pessoas que já estavam no chão para garantir que estavam mortas.

O porto-riquenho defendeu o direito a autoproteção. No entanto, afirmou que "algo não está certo" quando uma pessoa pode entrar armada em uma boate.

Enquanto, continuam as investigações sobre o massacre daquela noite, um dos focos recai sobre a esposa de Omar Mir Seddique Matteen, Noor Matteen, que pode ser indiciada por não informar à polícia que sabia das intenções de seu marido em cometer o ataque.

Agentes da polícia disseram à imprensa, que a mulher, que estaria colaborando com as investigações, tentou convencer o marido a não cometer a ação, mas reconheceu que o acompanhou na compra de munição e o levou de carro até à Pulse. 

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