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Para promotor, Manning sabia que Al Qaeda usava o Wikileaks

A acusação considera provado, além disso, que Manning manteve contato com Assange por chat

O soldado americano Bradley Manning: a promotoria tentou rejeitar o argumento de que Manning vazou informação a uma organização que descreve a si mesma como jornalística. (REUTERS/Jose Luis Magana/Files)

O soldado americano Bradley Manning: a promotoria tentou rejeitar o argumento de que Manning vazou informação a uma organização que descreve a si mesma como jornalística. (REUTERS/Jose Luis Magana/Files)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2013 às 15h05.

Fort Meade - A promotoria afirmou nesta quinta-feira que o soldado americano Bradley Manning, que está sendo julgado por divulgar informação confidencial, só se preocupa "consigo mesmo" e que sabia que fornecer segredos ao Wikileaks equivalia a colocá-los nas mãos de inimigos como a Al Qaeda.

O chefe da promotoria, o coronel Ashden Fein, defendeu em sua alegação final do julgamento militar a acusação de "ajuda ao inimigo", a mais grave de Manning, ex-analista de inteligência no Iraque, a quem o governo americano solicita a prisão perpétua.

"Por seu treinamento, ele sabia claramente o dano que podiam causar os vazamentos e sabia que com o Wikileaks a informação chegaria ao inimigo", concretamente a organizações terroristas como a Al Qaeda na Península Arábica, assegurou Fein perante a juíza militar Denise Lind, coronel do exército.

"Isso (os vazamentos) não é produto de um soldado qualquer, é produto de uma pessoa treinada, que ensinou outras (sobre como proteger informação secreta), que sabia que colocar informação confidencial na internet a punha nas mãos de inimigos, terroristas e adversários desta nação", insistiu Fein.

"Manning não estava interessado em juramentos ou obrigações, só em fazer seu nome", indicou Fein, que detalhou que duas semanas depois da chegada do soldado ao Iraque no outono de 2009 começou a obter informação secreta para Wikileaks, o grupo fundado por Julian Assange, refugiado na embaixada equatoriana em Londres.


A acusação considera provado, além disso, que Manning manteve contato com Assange por chat.

A promotoria tentou rejeitar o argumento de que Manning vazou informação a uma organização que descreve a si mesma como jornalística.

Na opinião de Fein, Manning via a Wikileaks como uma "agência de inteligência para a opinião pública" e não uma organização de jornalismo tradicional.

Fein disse que o soldado de 25 anos "era uma pessoa que só se preocupava com ela mesma", que "não queria ser preso" e que "tinha apenas uma missão: obter e revelar informação que o Wikileaks queria".

A acusação, que representa o governo americano, argumentou que Manning sabia do alcance do Wikileaks e por sua formação e trabalho como analista sabia que "nossa missão, a segurança nacional e finalmente nossas vidas" estariam em perigo se chegassem à Al Qaeda.

Manning violou "conscientemente" dois acordos de confidencialidade que assinou, e mesmo assim divulgou milhares de documentos das bases de dados do Pentágono e do Departamento de Estado, que se tornaram, após ser publicadas por Wikileaks no maior vazamento de informação secreta da história dos EUA.

Na opinião do promotor, Manning permitiu com o vazamento de 700 mil documentos confidenciais "que o inimigo acessasse a informação empacotada, que lhes evitava passos prévios, lista para que a analisassem e a explorassem".

Fein opinou que até mesmo os analistas novatos sabiam que o inimigo é capaz de utilizar informação confidencial divulgada na internet.

Manning reconheceu ter vazado informações ao Wikileaks e se declarou culpado de dez das 20 acusações de que é acusado - as menos graves. 

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