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Para empresários, sustentabilidade é sinônimo de oportunidades

Executivos da Natura e do Boticário afirmam que setor privado deve "abraçar a bandeira verde" para sobreviver na nova economia

Da esq. pra dir.: Maria Cecília Wey de Brito; a jornalista Ana Luiza Herzog; Malu Nunes e Pedro Passos, no EXAME Fórum Sustentabilidade. (Alexandre Battibugli/EXAME)

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 17h25.

São Paulo - Estimular o crescimento com sustentabilidade não é apenas um desafio para os governos mundiais, mas uma pauta inadiável nas agendas das principais companias. Poucas, entretanto, são as que incorporam o pensamento verde nos seus modelos de negócio. "Há muita incoerência entre o que é dito e o que é feito”, afirma Malu Nunes, gerente de Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Boticário.

Para a empresária, não basta usar papel reciclado, estimular funcionários ao trabalho voluntário ou fazer ações sociais na comunidade vizinha. "É preciso integrar a responsabilidade sócio-ambiental no processo de produção da empresa e na relação com stakeholders". Malu Nunes participou de uma mesa no EXAME Fórum Sustentabilidade 2010, nesta quarta (10), em São Paulo, junto da ex-secretária de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, e do Co-presidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Passos.

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Segundo Passos, que também preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), muitos empresários ainda acreditam que incorporar ações verdes no plano de negócio representa apenas um aumento de custos. Mas não é. "Desenvolver um negócio sustentável não reflete apenas na redução de impactos ambientais, mas na reputação e valor de mercado da empresa", afirmou. " O problema é que a sustentabilidade ainda está sendo encarada pelo lado do custo, e não pelo da oportunidade. Temos que reverter essa abordagem", disse Passos.

Biodiversidade brasileira e a nova economia

Implementar efetivamente os princípios da Economia Verde não é tarefa simples. As estruturas públicas de hoje ainda possuem uma abordagem tradicional de desenvolvimento sustentável. Prova disso, segundo Maria Cecília Wey de Brito, é a dificuldade de se reconhecer a fundo a riqueza da biodiversidade brasileira pelo seu valor econômico. "O governo precisa entender que biodiversidade é capital de fato e deve ser incluído no processo de planejamento", defende.

Segundo a ex-secretária de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, a biodiversidade ainda não conseguiu se transformar em uma "moeda universal", como o clima, que é mensurado em carbono. Maria Cecília disse que o Brasil carece de políticas públicas que levem em consideração a variável ambiental de seus projetos. "Se a biodiversidade fenece, ela arrasta consigo várias atividades econômicas", afirmou. "Meio ambiente e economia estão interconectados e a demanda da população por uma produção sustentável só tende a aumentar".

Na opinião do empresário Pedro Passos, o Brasil tem uma posição exemplar pra protagonizar a nova economia por sua riqueza natural, mas deverá investir pesado no desenvolvimento de novas tecnologias. " O país pode se tornar um dos primeiros pólos de biotecnologia no mundo, liderar o setor de bioenergia e o de produtos sustentáveis", afirma. "Temos uma excelente oportunidade. Espero que não a deixemos passar", concluiu.

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