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Papa inicia limpeza do Banco Vaticano

Pontífice começa limpeza após escândalos de corrupção e suspeitas de lavagem de dinheiro

Papa Francisco: pontífice, que designou uma comissão especial para indagar sobre as atividades econômicas e a situação jurídica do IOR, passou dos gestos aos fatos (Alberto Pizzoli/AFP)

Papa Francisco: pontífice, que designou uma comissão especial para indagar sobre as atividades econômicas e a situação jurídica do IOR, passou dos gestos aos fatos (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2013 às 09h19.

Cidade do Vaticano - O Papa Francisco iniciou sua revolução pacífica com a limpeza do controverso Banco do Vaticano, cujos principais diretores se viram obrigados a renunciar devido a um escândalo de corrupção e por suspeitas de lavagem de dinheiro.

O diretor-geral da maior entidade financeira do Vaticano, o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), Paolo Cipriane, e seu vice-diretor, Massimo Tulli, apresentaram na noite de segunda-feira sua renúncia três dias após a detenção por fraude e corrupção do Administrador de Patrimônio da Santa Sé, monsenhor Nunzio Scarano, mais conhecido como "monsenhor 500", por carregar sempre notas com esse valor elevado em euros.

As funções dos dois responsáveis pelo banco da Santa Sé serão assumidas de forma interina pelo presidente do IOR, o alemão Ernst von Freyberg, nomeado em fevereiro por Bento XVI poucos dias antes de sua renúncia, informou o Vaticano em um comunicado.

A renúncia dos dois líderes do IOR ficou inevitável depois que foram publicadas pela imprensa interceptações telefônicas com Scarano, que estava organizando a entrada ilegal na Itália de 20 milhões de euros depositados em um banco suíço procedentes de uma fraude fiscal, segundo as acusações da procuradoria italiana.


Desde 2010, a Guarda de Finanças, a polícia tributária, e a procuradoria de Roma investigam o IOR por estar envolvido em operações obscuras de lavagem de dinheiro e corrupção.

Seis investigações judiciais foram abertas nos últimos anos pela justiça italiana contra o banco do Vaticano por irregularidades e transações suspeitas, segundo o relatório anual da Autoridade de Informação Financeira, divulgado em maio.

Para o jornal Il Corriere della Sera, os dois líderes do banco vaticano não apenas aprovavam as operações ilegais programadas por Scarano, mas também autorizaram outras operações ilícitas, através de contas correntes de simples religiosos utilizadas por laicos com conexões com organizações criminosas ou mafiosas.

Para o vaticanista do jornal econômico italiano Il Sole 24 Ore, uma nova fase tem início no Vaticano.

"O clima mudou" com a eleição de Francisco, determinado a reformar a entidade, escreveu Carlo Marroni.

O Papa jesuíta, que há menos de uma semana designou com um documento escrito por sua própria mão uma comissão especial de cinco membros para indagar sobre as atividades econômicas e a situação jurídica do IOR, passou dos gestos aos fatos.


Ninguém duvida de que a saída dos dois chefes do banco que trabalhavam há tantos anos para o IOR acelera o processo de transformação do banco do Papa, fundado em 1942 por Pio XII, com ativos no valor de 7,1 bilhões de euros.

O banco do Vaticano administra milhares de contas de padres e freiras em todo o mundo, de simples irmãs filipinas que vão estudar em Roma, passando por bispos e cardeais, até poderosas congregações religiosas espalhadas por todos os cantos do planeta.

"Não acredito que o Papa vá fechar o IOR, porque o Vaticano precisa de um banco. Ele vai reformá-lo para evitar que se infiltrem pessoas que não têm nada a ver com a Igreja", disse em uma conversa com a AFP Marco Politi, veterano vaticanista do jornal Il Fatto Quotidiano.

Freyberg, que nestes meses liderou uma ofensiva midiática para mostrar os resultados na luta contra a lavagem de dinheiro, nomeou dois técnicos bancários italianos, Rolando Marranci e Antonio Montaresi, para que o ajudem a dirigir provisoriamente o banco.

Paralelamente, o Papa nomeou no dia 16 de junho um de seus homens de confiança, Mario Salvatore Ricca, como "prelado" da entidade e lembrou aos católicos que "São Pedro não tinha uma conta no banco", ao defender uma Igreja pobre para os pobres.

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