Panfleto publicitário do grupo GayStatale Milano, no qual aparece uma imagem retocada do papa emérito Bento XVI (Reprodução // Facebook GayStatale Milano)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2013 às 12h41.
Roma - Um panfleto publicitário no qual aparece uma imagem retocada do papa emérito Bento XVI com maquiagem para promover um festival cinematográfico sobre homossexualidade e religião organizado na Universidade de Milão por uma associação de estudantes causou várias críticas no país.
Na imagem é possível ver o rosto de Joseph Ratzinger com os olhos pintados com sombra verde, supercílios falsos e batom, graças a um retoque por computador.
O panfleto foi criticado nas páginas do jornal conservador 'Il Giornale', propriedade da família do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que considera a iniciativa 'blasfema e uma ofensa para toda a comunidade católica'.
O conselheiro do partido Forza Itália na prefeitura de Milão, Matteo Forte, em declarações recolhidas por 'Corriere della Sera', destaca que se trata de 'um menosprezo à autoridade religiosa'.
A resposta dos organizadores não demorou e estes afirmaram que 'o verdadeiro problema não é a provocação, mas a homofobia'.
A professora Laura Boella, catedrática de Filosofia Moral na Universidade de Milão, manifestou, por sua parte, que 'a escolha dos estudantes' na elaboração do panfleto 'deve ser contextualizada' e aplaudiu que tenham organizado um evento sobre um assunto importante como a homofobia.
No entanto, considerou que 'sempre é preciso levar em conta que efeito podem ter nossas decisões sobre aqueles que se encontram em uma posição oposta à nossa'.
Por sua vez, o jurista da Universidade Católica de Milão, Andrea Nicolussi, afirmou que não se sentiu 'escandalizado' pela foto, mas declarou que a imagem representa 'uma provocação paradoxal, já que quem combate a discriminação está, por sua vez, discriminando'.
'Como católico me surpreendeu o fato de que o papa emérito, como ser humano, foi tratado mal. É uma pessoa idosa que escolheu retirar-se da vida pública e sua vontade foi violada', considerou. EFE