Mundo

Palestinos se preparam para outro governo de Netanyahu

Eles agora contam com seu novo estatuto internacional e com os esforços de reconciliação internos para enfrentar um governo ainda mais direitista


	Netanyahu: ele critica qualquer tentativa de reconciliação entre o Hamas e o Fatah do presidente palestino Mahmud Abbas
 (Gali Tibbon/AFP)

Netanyahu: ele critica qualquer tentativa de reconciliação entre o Hamas e o Fatah do presidente palestino Mahmud Abbas (Gali Tibbon/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 12h16.

Ramallah - Os palestinos, que esperam uma degradação da situação depois das eleições israelenses desta terça-feira, contam com seu novo estatuto internacional e com os esforços de reconciliação internos para enfrentar um governo de Benjamin Netanyahu ainda mais direitista.

"Nós esperamos uma mudança para pior e um aumento do extremismo israelense, sobretudo agora que Netanyahu se aliou aos mais extremistas, e isso não prevê nada bom", declarou à AFP Hanan Ashrarui, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

O Likud do primeiro-ministro Netanyahu apresenta uma lista comum com o Israel Beitenu, o partido nacionalista de seu ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman.

Lieberman chegou a realizar um giro eleitoral pelas colônias judias perto de Hebron (Cisjordânia) e visitou o Túmulo dos Patriarcas, um lugar santo tanto para os judeus quanto para os muçulmanos. Esta visita foi denunciada como uma provocação pela Autoridade Palestina, que governa as zonas autônomas da Cisjordânia.

"A disputa israelense é uma corrida para o derramamento de sangue palestino, para a extensão da colonização e para a expulsão dos palestinos", declarou à AFP um porta-voz do Hamas (no poder em Gaza), Fawzi Barhum.


Mahdi Abdelhadi, diretor do centro de reflexão Pasia, em Jerusalém, lamenta que a campanha eleitoral israelense se caracterize por "uma total ignorância e uma negação do processo de paz e da solução de dois Estados".

Segundo a última pesquisa mensal do Peace Index (Índice de Paz), 60% dos israelenses são favoráveis a uma solução de dois Estados, mas a maioria (49,7% contra 47,2%) se opõe a qualquer desmantelamento de colônias na Cisjordânia e ainda mais (52,6% contra 44%) à transferência a um Estado palestinos dos bairros palestinos de Jerusalém Oriental, duas das hipótese de base das negociações de paz.

Netanyahu, que critica qualquer tentativa de reconciliação entre o Hamas (acrônimo em árabe do Movimento de Resistência Islâmica) e o Fatah do presidente palestino Mahmud Abbas, afirmou em várias oportunidades desde o início deste ano o risco de um golpe de Estado do movimento islamita na Cisjordânia.

"O Hamas pode tomar o controle da Autoridade Palestina de um dia para o outro", afirmou Netanyahu no dia 3 de janeiro, para acabar com as escassas esperanças de uma retomada das negociações de paz durante um novo mandato seu.

Por sua vez, o estatuto de Estado observador perante a ONU conseguido pela Palestina no dia 29 de novembro lhe permitiria "se dirigir à comunidade internacional e ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para desafiar os israelenses nesse campo", declarou Mahdi Abdelhadi.

"Há 64 organizações internacionais das Nações Unidas as quais temos direito de aderir", advertiu no dia 9 de janeiro Mahmud Abbas, mencionando explicitamente o TPI, depois de se reunir no Cairo com o chefe do Hamas, Khaled Meshaal.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseIsraelPalestina

Mais de Mundo

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições

Zelensky quer que guerra contra Rússia acabe em 2025 por 'meios diplomáticos'

Macron espera que Milei se una a 'consenso internacional' antes da reunião de cúpula do G20