União-Europeia (Yves Herman/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de outubro de 2019 às 15h37.
O sócios europeus do Reino Unido aprovaram nesta quarta-feira uma extensão do Brexit para evitar um divórcio sem acordo em 31 de outubro, mas discurtam quanto à duração do adiamento solicitado com relutância pelo primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
Os embaixadores ante a União Europeia (UE) do resto dos países apresentaram a posição de cada capital durante uma reunião em Bruxelas, e "todos concordaram com a necessidade de uma extensão para evitar o Brexit sem acordo", disse uma fonte europeia ao término da reunião.
"A duração de uma extensão ainda está em discussão", acrescentou a fonte.
Uma nova reunião está agendada para esta sexta-feira.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, havia recomendado que os líderes dos 27 países da UE adiassem o Brexit até 31 de janeiro, data que parece ser aceita pelo irlandês Leo Varadkar.
Durante uma conversa por telefone nesta quarta, Tusk e Varadkar "indicaram que o Reino Unido poderá partir antes de 31 de janeiro de 2020, se o acordo de retirada for ratificado antes dessa data", anunciou o governo irlandês.
"Essa extensão permitirá que o Reino Unido esclareça sua posição e a Câmara Europeia [que ratificará o acordo do Brexit depois que o Parlamento britânico o fizer] desempenhará seu papel", disse o presidente da instituição, David Sassoli.
A decisão de prorrogar o prazo deve ser unânime e, "se houver diferenças" entre os 27, os líderes poderão confirmar durante uma nova cúpula de líderes em 28 de outubro para fechar uma data.
As diferenças começam a aparecer. A França, através de sua secretária de Estado para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, falou na terça-feira de sua disponibilidade para um "adiamento técnico" da data do Brexit, mas de apenas "alguns dias".
A Alemanha não se oporá ao adiamento da data do Brexit, segundo a porta-voz da chanceler Angela Merkel, após o chamado do Presidente do Conselho Europeu para aceitar tal medida.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, já havia defendido o adiamento por duas ou três semanas, se isso permitir que deputados britânicos, que na segunda-feira apoiaram o acordo assinado quatro dias antes por Johnson, ratifiquem a lei.
"Se é para adiar o Brexit até o final de janeiro, precisamos saber o motivo, o que acontecerá nesse meio tempo e se haverá eleições no Reino Unido", disse Maas em declarações à televisão alemã RTL.
As dúvidas na UE estão focadas precisamente nos planos de Johnson, determinados a deixar seu país fora do bloco em 31 de outubro, mas na terça-feira ele não obteve o apoio do parlamento para um processo acelerado da ratificação.
Após essa caótica sessão parlamentar, o primeiro-ministro britânico garantiu que suspendeu o processo legislativo enquanto aguardava a decisão da UE, mas, ao mesmo tempo, garantiu que deixariam o bloco com esse acordo.
No poder por menos de três meses, Johnson também tenta convocar legislativas antecipadas, já que em setembro ele perdeu a maioria no Parlamento britânico, algo que a oposição está impedindo no momento.
Uma terceira extensão do Brexit, que foi apoiado por 52% dos votos no referendo de 2016e inicialmente agendado para março passado, deve permitir que as eleições, e também estender um processo que parece interminável.