ONU: na ONU, o Conselho de Segurança se reunirá de urgência na sexta-feira para decidir se envia ajuda via aérea às cidades cercadas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2016 às 14h09.
França e Grã-Bretanha pressionavam nesta quinta-feira a ONU para que envie ajuda por via aérea às localidades cercadas na Síria, em especial à cidade rebelde de Daraya, onde um comboio humanitário pôde entrar pela primeira vez desde 2012, embora sem comida.
O enviado especial adjunto da ONU para a Síria, Ramzy Ezzeldin Ramzy, já anunciou nesta quinta-feira que o lançamento de ajuda não é iminente.
"Enquanto o Programa Mundial de Alimentos não tiver terminado seu planejamento, acredito que não haverá ajuda iminente, no entanto o processo que dará lugar aos lançamentos já começou", declarou Ramzy aos meios de comunicação.
Na guerra contra o grupo Estado Islâmico (EI), as forças árabe-curdas abriram um novo front no norte do país, e nesta quinta-feira estavam a 10 km da cidade de Minbej, principal via de abastecimento da Turquia a Raqa, a proclamada "capital" do califado na Síria.
No Iraque, as forças governamentais e seus aliados seguiam combatendo centenas de extremistas que resistem em Fallujah, reduto do EI a 50 km de Bagdá e principal alvo da ofensiva lançada em 23 de maio.
Na ONU, o Conselho de Segurança se reunirá de urgência na sexta-feira para decidir se envia ajuda via aérea às cidades cercadas. No mês passado, os 20 países do Grupo Internacional de Apoio à Síria (GISS) fixaram o dia 1º de junho como data limite para que os comboios pudessem ter acesso às cidades cercadas e, se não fosse o caso, a ONU realizaria o lançamento de ajuda pelo ar.
Risco de morrer de fome
Na quarta-feira, após a entrada em vigor de uma trégua de 48 horas em Daraya por iniciativa russa, o regime sírio autorizou pela primeira vez desde 2012 o acesso de ajudas a esta cidade, situada a 10 km de Damasco.
Mas esta ajuda não incluía alimentos, para desespero dos habitantes desta localidade, uma das primeiras a se levantar contra o regime em 2011 e 90% destruída.
"É incrível e completamente inaceitável que os caminhões não estejam autorizados a transportar alimentos", lamentou Sonia Khush, responsável da ONG Save the Children na Síria.
O regime tenta há quatro anos recuperar Daraya, cidade estratégica situada a apenas 15 minutos de carro do centro de Damasco e sobretudo muito próxima à base aérea de Mazze.
O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vitali Churkin, considerou positivo o envio deste primeiro comboio humanitário e sugeriu suspender por enquanto a ideia do lançamento das ajudas.
Mas Paris e Londres não têm a mesma opinião. O embaixador da França, François Delattre, exigiu da ONU o lançamento aéreo de ajuda para todas as zonas "onde as populações civis, incluindo as crianças, correm o risco de morrer de fome".