Mundo

Otan pede mais apoio bélico à Ucrânia e Rússia promete ‘queimar’ tanques enviados

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o Ocidente enviaria mais armas pesadas á Ucrânia, no que chamou de “fase decisiva” do conflito

Otan: Em 2022, o Exército ucraniano repeliu as tropas russas e infligiu-lhes pesados reveses fortalecido pela crescente ajuda militar e financeira do Ocidente (Olivier Douliery/Pool/Reuters)

Otan: Em 2022, o Exército ucraniano repeliu as tropas russas e infligiu-lhes pesados reveses fortalecido pela crescente ajuda militar e financeira do Ocidente (Olivier Douliery/Pool/Reuters)

AM

André Martins

Publicado em 16 de janeiro de 2023 às 18h12.

A Rússia prometeu nesta segunda-feira, 16, “queimar” os tanques que os países ocidentais, especialmente Reino Unido e Polônia, planejam entregar à Ucrânia. Um dia antes, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o Ocidente enviaria mais armas pesadas á Ucrânia, no que chamou de “fase decisiva” do conflito.

“Os tanques estão sendo e vão ser queimados”, afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, em entrevista coletiva diária por telefone. Peskov reiterou que os ocidentais utilizam a Ucrânia para “alcançar os objetivos antirrussos” e o Kremlin continua determinado a atingir “os objetivos da operação militar especial”, expressão usada para se referir à ofensiva contra o país vizinho lançada no dia 24 de fevereiro do ano passado.

No sábado, o Reino Unido anunciou a entrega de veículos blindados Challenger 2 para Kiev, tornando-se o primeiro país a enviar este tipo de material pesado para a Ucrânia. O governo ucraniano alega que precisa de tanques pesados, blindagens leves sistemas de mísseis de longo alcance e defesas antiaéreas para vencer, definitivamente, o Exército russo e recuperar todos os territórios ocupados por Moscou no leste e no sul do país.

Em 2022, o Exército ucraniano repeliu as tropas russas e infligiu-lhes pesados reveses fortalecido pela crescente ajuda militar e financeira do Ocidente.

Nesta semana Stoltenberg tem um encontro agendado com o Grupo de Contato para a Defesa da Ucrânia, que coordena o fornecimento de armas a Kiev, na base aérea de Ramstein, na Alemanha.

“Estamos em uma fase decisiva da guerra”, disse Stoltenberg. “Portanto, é importante darmos à Ucrânia as armas de que precisa”, acrescentou.

Enquanto a Alemanha é pressionada a enviar mais armas à Ucrânia, a pressão sobre a ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, aumentou e, após uma série de erros, ela apresentou sua renúncia ao primeiro-ministro Olaf Scholz nesta segunda-feira.

Lambrecht estava no centro das críticas, especialmente depois de ter publicado um vídeo de felicitações de Ano-Novo, no qual agradeceu pelos “encontros” que a guerra na Ucrânia permitiu-lhe ter.

“O foco da mídia em mim por meses não permite relacionamentos e discussões objetivas sobre os soldados, o Bundeswehr (o Exército alemão) e as orientações da política de segurança no interesse dos cidadãos alemães”, lamentou Lambrecht, em um comunicado transmitido à imprensa. Nesse contexto, “pedi ao chanceler (Scholz) hoje (segunda-feira) para me dispensar das minhas funções como ministra da Defesa”, acrescentou.

O nome de seu sucessor, ou sucessora, ainda não foi divulgado, mas vários nomes circulam na imprensa, como Eva Högl, comissária da Defesa no Parlamento alemão e responsável por um relatório anual sobre o Exército, ou Lars Klingbeil, líder do partido de Lambrecht, o SPD.

Nesta sexta-feira, haverá um encontro dos aliados ocidentais, na base americana de Ramstein, no oeste da Alemanha, com a previsão de anúncio de uma nova ajuda para a Ucrânia. “O trabalho valioso dos soldados e de muitas pessoas motivadas deve estar em primeiro plano”, disse a ministra.

Lambrecht, uma social-democrata de 57 anos, foi ministra da Justiça no governo de coalizão anterior de Angela Merkel. Desde o início da guerra na Ucrânia, a ministra se envolveu em uma série de polêmicas.

Há poucos dias, Scholz manifestou seu firme apoio a Lambrecht, mas o aumento das rejeições à ministra fez seu posicionamento oscilar.

Lambrecht foi criticada por Kiev ao anunciar o envio de 5.000 capacetes, depois de o governo do presidente ucraniano, Volodomir Zelenski, ter pedido armas pesadas. Ela também usou um helicóptero do Exército para tirar férias com seu filho.

No início de janeiro, o vídeo, no qual celebrava o novo ano, foi a gota d’água. Nele, a ministra apareceu no centro de Berlim, falando sobre a guerra na Ucrânia, em meio a explosões de bombinhas e fogos de artifício comemorativos.

“Uma guerra faz estragos na Europa”, disse a ministra no vídeo, referindo-se aos “muitos, muitos encontros com pessoas interessantes e formidáveis” que teve graças ao conflito. “Eu agradeço por tudo isso”, insistiu.

Lambrecht também é criticada pelas carências do Exército, cujo material está bastante desatualizado e tem problemas para modernizá-lo. Em meados de dezembro, a Alemanha cancelou novos pedidos de tanques Puma, após uma série de falhas.

Na última pesquisa do instituto Insa, Lambrecht ficou em último lugar entre as figuras políticas, atrás dos colíderes do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Outra pesquisa mostrou que 77% dos alemães queriam sua renúncia.

LEIA TAMBÉM: 

Acompanhe tudo sobre:GuerrasOtanRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado