Mundo

Os países europeus campeões em violência sexual

Em 2015, União Europeia registrou 215 mil crimes sexuais. 9 em cada 10 vítimas de estupro eram mulheres e meninas e 99% dos agressores eram homens

Violência contra a mulher: UE registrou 215 mil crimes sexuais em 2015 e 8 em cada 10 vítimas eram mulheres (Favor/Thinkstock)

Violência contra a mulher: UE registrou 215 mil crimes sexuais em 2015 e 8 em cada 10 vítimas eram mulheres (Favor/Thinkstock)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 12h12.

Última atualização em 23 de novembro de 2017 às 12h22.

São Paulo – Inglaterra e País de Gales são os locais que registraram o maior número de crimes sexuais em toda a União Europeia (UE). Ao todo, 64.500 delitos dessa sorte foram reportados e 35.800 deles foram estupro.

Esses números absolutos são de 2015 e foram divulgados nesta quinta-feira pelo Eurostat, órgão estatístico do bloco hoje composto por 28 países, que lembra, ainda os dados não necessariamente refletem o número real desses crimes, uma vez que o relatório abarca apenas os casos que chegam até a polícia.

Ainda sobre os crimes sexuais em termos absolutos, em segundo, está a Alemanha, que registrou 34.300 crimes sexuais (7 mil estupros), em terceiro, a França, com 32.900 (13 mil), e, em quinto, a Suécia 17.300 (5.500).

Ao todo, foram de 215 mil delitos (80 mil) reportados UE afora. 8 em cada 10 vítimas de crimes sexuais e 9 em cada 10 vítimas dos estupros eram mulheres e meninas e 99% das pessoas presas em razão desses casos eram homens.

Em termos relativos, o país campeão em violência sexual é a Suécia, com uma taxa de 178 crimes para cada 100 mil habitantes. A Escócia surge em segundo (163), Irlanda do Norte em terceiro (156) e Inglaterra e País de Gales em quarto (113). Quando se olha para os estupros, Inglaterra e País de Gales sobem para a primeira posição (62) e são seguidos pela Suécia (57).

Para efeitos de comparação, o Brasil registrou 49.400 estupros em 2016, 24 para cada 100 mil habitantes.

O “paradoxo nórdico”

Os números sobre violência sexual na Suécia assustam, ainda mais quando se lembra que o país, ao lado de outros escandinavos, é frequente no topo de rankings de qualidade de vida e igualdade de gênero. Quando se observa de perto, no entanto, o panorama da realidade das mulheres escandinavas traz à tona um fenômeno que vem desafiando pesquisadores.

Tal é chamado de “paradoxo nórdico”: embora esses países tenham atingido a igualdade de gênero em certos aspectos sociais, por outro lado, contam índices de violência por parceiro íntimo (VPI) acima da média para os países do bloco europeu.

Enquanto na UE, a prevalência desse tipo de violência é de 22%, na Dinamarca é de 32%, na Finlândia é de 30% e, na Suécia, 28%. Em outros países que geralmente obtém pontuações menores em rankings de igualdade de gênero, tal qual Portugal, Itália e Grécia, essas percentagens são muito menores.

É o que mostra um estudo em condução por pesquisadores da Universidade de Valencia (Espanha) e da Universidade de Lund (Suécia) e que busca entender essa contradição. “É um dos maiores quebra-cabeças da nossa área”, disse o espanhol Enrique Gracia em entrevista à publicação Elsevier, “uma pergunta raramente feita e que continua sem respostas”.

Acompanhe tudo sobre:EstuproFeminismoInglaterraMulheresPaíses ricosSuéciaUnião Europeia

Mais de Mundo

Na Argentina, cresce pressão para que Milei atualize itens do índice de inflação

Milei obtém apoio parlamentar para decreto de assinatura de novo acordo com o FMI

Trump promete aos houthis que serão 'aniquilados' se não pararem com ataques

Houthis denunciam nova onda de bombardeios dos EUA contra o Iêmen