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Os novos desafios de Merkel na Alemanha

Há um impasse na Alemanha: o terceiro partido mais votado foi o de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou com 13% dos votos

Merkel: chanceler alemã terá que lidar agora com uma oposição de extrema direita no parlamento (Axel Schmidt/Reuters)
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EXAME Hoje

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 06h20.

Última atualização em 25 de setembro de 2017 às 10h19.

A chanceler Angela Merkel fez história neste domingo ao ser eleita para o quarto mandato consecutivo na Alemanha. Seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), conquistou 33% dos votos, de acordo com as pesquisas de boca de urna. Apesar desta ter sido a menor fatia do eleitorado que a CDU já conquistou desde o fim da Segunda Guerra, é o suficiente para levar Merkel a comandar o país mais uma vez — um cargo ocupado antes dela por Helmut Kohl, que presidiu a Alemanha durante a reunificação e ficou 16 anos no poder.

Mas, se as eleições alemãs foram bastante silenciosas, com os principais nomes mal tocando em assuntos de extrema importância como a relação econômica com o restante do bloco europeu ou maiores investimentos em defesa, o pós-pleito deve ser bem mais barulhento. Logo atrás da União de Merkel, ficou o Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, com cerca de 20,5% dos votos. Atualmente, o SPD é parte do governo, formando a “grande coalizão” com a União. O partido do ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, deve negociar mais 4 anos dentro do governo, uma vez que a legislação alemã exige uma maioria coligada para governar. Sem outra opção de coalizão disponível, Schulz e Merkel devem ter mais dificuldade de costurar uma nova aliança.

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No entanto, há um impasse na Alemanha: o terceiro partido mais votado foi o de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou com 13% dos votos. Esta é a primeira vez que um partido nacionalista e populista garante espaço no parlamento desde o término da Segunda Guerra Mundial. O AfD deve ocupar cerca de 95 cadeiras no Bundestag, o parlamento alemão e já causa desavenças entre os deputado: uma regra foi mudada para que um parlamentar do AfD não fizesse o discurso de abertura da primeira sessão do novo legislativo. Se SPD e CDU refizerem a grande coalizão, o AfD, como terceiro maior partido, seria líder da oposição, a quem, de praxe, cabe a presidência da comissão orçamentária — um grupo de trabalho poderoso e importante. É possível que essa regra também seja alterada.

Como se não bastassem os problemas em casa, Merkel ainda encara a realidade externa. Com o polêmico Donald Trump nos Estados Unidos, com o recém-eleito Emmanuel Macron na França, e a primeira-ministra britânica Theresa May afundada até o pescoço no Brexit, Merkel se tornou a maior representante dos valores liberais do Ocidente no cenário internacional. Depois de 12 anos à frente da Alemanha, Merkel tem novos desafios para lidar.

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