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Os grupos que combatem na complexa guerra na Síria

Para a Rússia, a Síria é seu último ponto de influência na região, e seu apoio ao regime de Assad é uma maneira de se afirmar perante os Estados Unidos

Menino olha ruínas de sua escola, destruída em bombardeio russo em Aleppo: desde setembro de 2015, a aviação russa bombardeia "alvos terroristas" (Khalil Ashawi / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 10h23.

A Síria sofre uma guerra na qual vários conflitos se interligam e são registradas múltiplas ingerências estrangeiras, com uma crescente escalada entre dois de seus principais protagonistas, Rússia e Turquia.

Segue abaixo quem combate na Síria, e contra quem.

Aliados do Regime Sírio

Rússia e Irã apoiam desde o início do conflito, em 2011, o governo do presidente sírio Bashar al-Assad e intervêm no campo militar de forma decisiva. Mas seus objetivos não são os mesmos.

Para a Rússia, a Síria é seu último ponto de influência na região, e seu apoio ao regime de Assad é uma maneira de se afirmar perante os Estados Unidos .

Desde setembro de 2015, a aviação russa bombardeia "alvos terroristas", como Damasco e Moscou se referem à oposição armada ao regime. Poucos destes bombardeios são dirigidos contra o grupo Estado Islâmico (EI).

Graças a estes bombardeios, a Rússia "inverteu a situação", segundo uma expressão de seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e permitiu ao regime de Assad reconquistar espaço ante os rebeldes e o Estado Islâmico (EI).

Ao mesmo tempo, o regime lançou no dia 1º de fevereiro uma ofensiva na região rebelde de Aleppo (norte), agora quase totalmente cercada pelas forças governamentais, que deixou 500 mortos, segundo uma ONG síria, e levou 50.000 pessoas a fugir à fronteira turca, que segue fechada.

O Irã enviou milhares de "conselheiros militares" à Síria, e apoia o regime de Assad através da milícia xiita libanesa Hezbollah e de milícias xiitas iraquianas. Isso permite que Teerã combata indiretamente seu inimigo sunita e grande rival da região, a Arábia Saudita.

Apoio à rebelião

Diferentemente dos aliados do regime, a frente "anti-Assad" está desunida. A determinação russa surpreendeu os ocidentais, que defendem uma solução política ao conflito. E gerou uma reação violenta da Turquia e, em menor medida, da Arábia Saudita.

A Turquia vive um momento de tensão com a Rússia, depois de ter derrubado em novembro um avião militar russo, acusado por ela de violar seu espaço aéreo. A Turquia também é hostil ao regime de Assad, e apoia os rebeldes islamitas na Síria.

Mas Ancara está, sobretudo, obcecada com as forças curdas da Síria, ao considerá-las uma emanação do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), com o qual está em guerra em seu território.

O governo turco teme principalmente a vocação independentista dos curdos, minoria presente não apenas na Turquia, mas também na Síria e no Iraque (onde tem uma autonomia).

Neste contexto, a ofensiva russa-síria no norte da vizinha Síria e o enfraquecimento da rebelião permitiram aos curdos retomar o controle de várias localidades. Algo inaceitável para Ancara, que teme que os curdos sírios estendam sua influência a sua zona fronteiriça.

A Turquia bombardeia com sua artilharia há quatro dias posições curdas no norte da Síria. Esta situação preocupa os ocidentais, aliados da Turquia na Otan, mas que também apoiam os curdos, considerados os mais eficazes na luta contra os jihadistas do EI.

A Arábia Saudita, com seu apoio a grupos rebeldes sírios, realiza na Síria uma guerra indireta contra o Irã. Riad forma parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o EI.

Agora está disposta a se envolver mais na Síria e nesta semana mobilizou aviões de combate na base turca de Incirlik para "intensificar as operações aéreas contra o EI".

Os Estados Unidos bombardeiam desde setembro de 2014 posições do EI no Iraque e na Síria. Mas o presidente Barack Obama, artífice da saída de seu país do Iraque, não quer enviar tropas terrestres à região.

Além disso, os Estados Unidos estão em plena campanha para a eleição presidencial de novembro.

Vários aliados - entre eles a França - acusam Washington de não se envolver o suficiente no conflito e de "ambiguidades", ao realizar muitas concessões à Rússia.

A França foi durante muito tempo um dos países mais hostis a Assad. Mas após os atentados de 2015, fez da luta contra o EI sua prioridade, e é membro da coalizão internacional contra este grupo.

Paris segue pedindo, no entanto, a saída de Assad do poder, e apoia a oposição síria constituída em dezembro em Riad, e integrada por políticos e representantes de grupos armados rebeldes.

São Paulo - O Conselho de Relações Exteriores (CFR, na sigla em inglês), organização política independente dos Estados Unidos, divulgou o seu relatório anual dos conflitos que podem mexer com o mundo e afetar os interesses nacionais norteamericanos. Para 2016, como em todas as edições anteriores, o CFR consultou o público em geral sobre os potenciais conflitos que podem eclodir ou se intensificar no ano. Em seguida, convidou funcionários do governo, acadêmicos e especialistas em política externa para classificá-los em ordem de prioridade (alta, moderada e baixa). Das contingências classificadas como 'alta prioridade', a maior parte está relacionada ao desenrolar dos acontecimentos em curso no Oriente Médio. A intensificação da guerra civil na Síria foi classificada como altamente provável e de grande impacto para o mundo. Veja nas imagens os conflitos que podem abalar ainda mais o globo em 2016, segundo o relatório.
  • 2. 1. Síria

    2 /12(Freedom House/Flickr/Creative Commons)

  • Veja também

    Impacto: alto
    Probabilidade: alta O conflito de maior risco para 2016 é a intensificação da guerra civil na Síria resultante do aumento do apoio externo às partes beligerantes, inclusive intervenção militar de potências.
  • 3. 2. Ataque aos Estados Unidos

    3 /12(Thinckstock)

  • Impacto: alto
    Probabilidade: moderada O segundo maior risco, segundo o relatório, é o de um ataque com vítimas em massa nos Estados Unidos ou em algum país aliado. O governo americano também teme a ocorrência de um ciberataque às infraestruturas críticas do país.
  • 4. 3. Crise com/ou na Coreia do Norte

    4 /12(Reuters)

    Impacto: alto
    Probabilidade: moderada Outra preocupação é a eclosão de uma crise severa com/ou na Coreia do Norte causada por mísseis, armamento nuclear, testes balísticos, alguma provocação militar, ou, ainda, devido à instabilidade política interna.
  • 5. 4. Crise de refugiados na Europa

    5 /12(Reuters / Leonhard Foeger)

    Impacto: alto
    Probabilidade: moderada Um ponto de atenção constante é o risco de instabilidade política nos países da União Europeia decorrentes tanto do grande fluxo de refugiados e imigrantes, como de crescentes agitações da sociedade civil, ataques terroristas isolados, ou ainda da violência contra refugiados e imigrantes.
  • 6. 5. Fratura política na Líbia

    6 /12(Abdullah Doma/AFP)

    Impacto: moderado
    Probabilidade: alta Contínua fratura política na Líbia, com intensificação da violência e mais intervenção militar por parte dos Estados Árabes.
  • 7. 6. Israel

    7 /12(Reuters / Mohamad Torokman)

    Impacto: moderado
    Probabilidade: alta Aumento das tensões entre Israel e os territórios palestinos, difundindo protestos, ataques contra civis e confrontos armados.
  • 8. 7. Turquia

    8 /12(REUTERS/Yagiz Karahan)

    Impacto: moderado
    Probabilidade: alta Intensificação da violência política na Turquia envolvendo vários grupos curdos e Forças de segurança turcas, exacerbada pelo transbordamento da guerra civil síria.
  • 9. 8. Tensões no Egito

    9 /12(AFP)

    Impacto: moderado
    Probabilidade: alta Aumento da instabilidade política no Egito, incluindo ataques terroristas, particularmente na Península do Sinai.
  • 10. 9. Afeganistão

    10 /12(Reuters)

    Impacto: moderado
    Probabilidade: alta Aumento da violência e instabilidade no Afeganistão resultante do fortalecimento da insurgência talibã.
  • 11. 10. Estado Islâmico

    11 /12(AFP)

    Impacto: moderado
    Probabilidade: alta Contínua divisão do Iraque devido a ganhos territoriais pelos extremistas do Estado islâmico, acompanhada da violência sectária entre sunitas e xiitas.
  • 12. Profissão perigo

    12 /12(Thaier al-Sudani/Reuters)

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