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Os alimentos estão na mira do clima — e isso pode ser fatal

Novo estudo estima que impacto das mudanças climáticas sobre a produção de alimentos poderá causar mais de 500.000 óbitos adicionais até 2050

Extremos: maioria dos óbitos relacionados aos efeitos do clima na produção de alimentos ocorrerão na China e Índia. (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 3 de março de 2016 às 18h12.

São Paulo - Todos os dias, pelo menos 800 milhões de pessoas no mundo vão dormir com fome , e mais que o dobro (até 2 bilhões) sofrem de desnutrição ou "fome oculta", um problema que mata. Se ainda hoje, não conseguimos sanar este mal, como garantir a segurança alimentar e nutricional de um mundo que terá 9 bilhões de pessoas em 2050?

Segundo um novo estudo, se não reduzirmos, significativamente, as emissões de gases efeito estufa , vilões do aquecimento global , as gerações futuras vão sofrer consequências pesadas.

Estimativas publicadas pela revista científica Lancet nesta semana fazem o alerta: as mudanças climáticas poderão matar mais de 500 000 adultos até 2050 no mundo inteiro devido  a mudanças nas dietas e no peso corporal causadas pela redução da produtividade das culturas agrícolas.

O estudo é a primeira iniciativa desse tipo a avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre a composição da alimentação e o peso corporal, e a  estimar o número de óbitos que o clima causará em 155 países até 2050.

De acordo com a pesquisa, se não forem tomadas medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, as mudanças climáticas poderão diminuir a disponibilidade de alimentos por pessoa em média em 3,2% (99 kcal por dia), o consumo de frutas e verduras em 4,0% (14,9 g por dia) e o de carne vermelha em 0,7% (0,5 g por dia).

A ingestão insuficiente de vitaminas, minerais e nutrientes debilita o sistema imunológico, o que aumenta a mortalidade, principalmente entre crianças. Os países mais afetados provavelmente serão de renda baixa ou média, em especial na região do Pacífico Ocidental (264 000 óbitos) e no Sudeste Asiático (164.000), sendo que quase três quartos desses óbitos deverão ocorrer na China (248000) e na Índia (136 000).

A modelagem foi liderada pelo Dr. Marco Springmann, do Programa Oxford Martin sobre o Futuro dos Alimentos, realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo Springmann, as mudanças climáticas provavelmente terão graves efeitos negativos sobre a mortalidade futura, mesmo nos cenários mais otimistas. "As iniciativas de adaptação precisam ser expandidas rapidamente. Programas de saúde pública de prevenção e tratamento de fatores de risco relacionados à dieta e ao peso corporal, tais como aumento do consumo de frutas e verduras, devem ser reforçados prioritariamente para ajudar a reduzir os efeitos do clima sobre a saúde”.

O pesquisador destaca que muitas pesquisas estão analisando a segurança alimentar, mas poucas vêm estudando de forma mais geral os efeitos da produção agrícola sobre a saúde. “Mudanças na disponibilidade e no consumo também influenciam fatores de risco relacionados à dieta e ao peso corporal, tais como baixo consumo de frutas e verduras, consumo elevado de carne vermelha e ganho de peso corporal. Todos esses fatores aumentam a incidência de doenças não-transmissíveis como doenças cardíacas, acidente vascular e câncer, além dos óbitos causados por essas doenças”, explica.

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Segundo um novo estudo, se não reduzirmos, significativamente, as emissões de gases efeito estufa , vilões do aquecimento global , as gerações futuras vão sofrer consequências pesadas.

Estimativas publicadas pela revista científica Lancet nesta semana fazem o alerta: as mudanças climáticas poderão matar mais de 500 000 adultos até 2050 no mundo inteiro devido  a mudanças nas dietas e no peso corporal causadas pela redução da produtividade das culturas agrícolas.

O estudo é a primeira iniciativa desse tipo a avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre a composição da alimentação e o peso corporal, e a  estimar o número de óbitos que o clima causará em 155 países até 2050.

De acordo com a pesquisa, se não forem tomadas medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, as mudanças climáticas poderão diminuir a disponibilidade de alimentos por pessoa em média em 3,2% (99 kcal por dia), o consumo de frutas e verduras em 4,0% (14,9 g por dia) e o de carne vermelha em 0,7% (0,5 g por dia).

A ingestão insuficiente de vitaminas, minerais e nutrientes debilita o sistema imunológico, o que aumenta a mortalidade, principalmente entre crianças. Os países mais afetados provavelmente serão de renda baixa ou média, em especial na região do Pacífico Ocidental (264 000 óbitos) e no Sudeste Asiático (164.000), sendo que quase três quartos desses óbitos deverão ocorrer na China (248000) e na Índia (136 000).

A modelagem foi liderada pelo Dr. Marco Springmann, do Programa Oxford Martin sobre o Futuro dos Alimentos, realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo Springmann, as mudanças climáticas provavelmente terão graves efeitos negativos sobre a mortalidade futura, mesmo nos cenários mais otimistas. "As iniciativas de adaptação precisam ser expandidas rapidamente. Programas de saúde pública de prevenção e tratamento de fatores de risco relacionados à dieta e ao peso corporal, tais como aumento do consumo de frutas e verduras, devem ser reforçados prioritariamente para ajudar a reduzir os efeitos do clima sobre a saúde”.

O pesquisador destaca que muitas pesquisas estão analisando a segurança alimentar, mas poucas vêm estudando de forma mais geral os efeitos da produção agrícola sobre a saúde. “Mudanças na disponibilidade e no consumo também influenciam fatores de risco relacionados à dieta e ao peso corporal, tais como baixo consumo de frutas e verduras, consumo elevado de carne vermelha e ganho de peso corporal. Todos esses fatores aumentam a incidência de doenças não-transmissíveis como doenças cardíacas, acidente vascular e câncer, além dos óbitos causados por essas doenças”, explica.

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