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Opositor pede por intervenção internacional na Venezuela

Ledezma fugiu em novembro de 2017 da prisão domiciliar que cumpria desde o início de 2015 e se asilou na Espanha

Antonio Ledezma: ele realizou várias viagens para pedir medidas contra a Venezuela (Roberto Jayme/Reuters)
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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 17h17.

O ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, que fugiu em novembro da prisão domiciliar que cumpria na Venezuela , fez nesta terça-feira (20), em Genebra, um pedido à comunidade internacional para usar o princípio da intervenção em seu país, mergulhado em uma crise sem precedentes.

Em uma entrevista à AFP realizada durante a Conferência de Direitos Humanos em Genebra, Ledezma disse que quando "um regime aplica medidas repressivas maciças e sistemáticas", "o princípio de autodeterminação dos povos deve dar preeminência ao princípio de intervenção humanitária", disse.

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Considerado pelas autoridades venezuelanas como um dos opositores mais radicais, Ledezma fugiu em novembro de 2017 da prisão domiciliar que cumpria desde o início de 2015 e se asilou na Espanha, onde o governo de Mariano Rajoy é um dos mais críticos de Caracas.

"A Venezuela precisa que a comunidade internacional para de desenvolver uma diplomacia contemplativa e exerça uma diplomacia efetiva para libertar os venezuelanos sequestrados pela narcotirania", assinalou Ledezma.

Nas últimas semanas, Ledezma realizou várias viagens - Lima, Santiago, Buenos Aires - para pedir medidas contra a Venezuela, seguindo o exemplo de União Europeia e Estados Unidos.

Após a dura crise econômica e política atravessada pelo país caribenho, Ledezma considerou que "o que resta é pedir a ajuda da comunidade internacional, que seja aplicado na Venezuela um Plano Colômbia como ocorreu quando Pablo Escobar e os narcotraficantes queriam tomar o poder", disse.

Depois de se referir ao plano de paz lançado por Colômbia e Estados Unidos em 1999 pelos ex-presidentes Andrés Pastrana e Bill Clinton, afirmou que na Venezuela a situação é mais grave que a colombiana naquela época.

No país petroleiro "os narcotraficantes têm o poder, portanto se justifica uma intervenção humanitária no âmbito desse Plano Venezuela que estou propondo à comunidade internacional", afirmou.

Respostas

Ledezma foi enfático sobre o papel dos organismos internacionais na crise sofrida pelo país.

"A ONU não pode estar pintada na parede. Não pode ser um fórum onde são feitos exercícios retóricos enquanto as pessoas morrem de fome (...), enquanto as pessoas são assassinadas por um regime que persegue, que pune a dissidência", declarou Ledezma.

"Nós pedimos uma resposta de toda comunidade internacional, da ONU, da OEA, da União Europeia, entre outros", sustentou.

O país sofre uma aguda escassez de produtos básicos, sobretudo de remédios e alimentos, e uma inédita escalada inflacionária que atingirá em 2018 13.000%, segundo a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Mas a crise já se agravou tanto que não basta uma simples ajuda de alimentos, de remédios, porque isso seria um simples paliativo", considerou o ex-prefeito.

"Nós estamos planejando sair dessa ditadura, que seja estabelecido na Venezuela um governo de transição que, o mais rápido possível, possa organizar eleições transparentes para normalizar a situação de governabilidade que temos no país", explicou.

As declarações de Ledezma em Genebra são feitas em um momento em que a oposição venezuelana está dividida sobre sua eventual participação nas presidenciais de 22 de abril, que se inclina a ficar de fora ao considerar ilegítima uma possível reeleição de Nicolás Maduro.

O opositor acredita que participar dessas eleições seja "um suicídio".

"Essas não são eleições, são armadilhas e seria absurdo que a oposição democrática que representa a imensa maioria dos venezuelanos, que quer uma mudança verdadeira no país, se prestasse a lavar o rosto de um regime que está manchado de frequentes eleições fraudulentas", lançou.

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