O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich: "devemos retornar à reforma constitucional. Se não fizermos isso, a sociedade pode explodir", disse líder de partido opositor (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2014 às 12h41.
Kiev - A oposição ucraniana colocou nesta terça-feira na Rada Suprema (Parlamento) reformar a Constituição para limitar os poderes do presidente, Viktor Yanukovich, em favor do Parlamento.
"Devemos retornar à reforma constitucional. Se não fizermos isso, a sociedade pode explodir", disse Vitali Klitschko, líder do partido opositor UDAR na a tribuna da Rada.
Klitschko lembrou que a Carta Magna de 2004, que distribuía os poderes entre o presidente, o governo e o Parlamento, foi emendada de maneira "anticonstitucional" em 2010 para transformar à Ucrânia em uma república presidencialista.
"Freemos a ditadura. Retornemos à Constituição que transforma os deputados em sujeitos de adoção de decisões e não em meros "apertadores de botões"", acrescentou.
Além disso, se mostrou totalmente contra a federalização do país, argumentando que isso poderia dividir à Ucrânia, país separado praticamente em dois: o Leste, que fala russo, e o Oeste, que fala ucraniano e é mais europeísta.
Em resposta, o deputado governista Yuri Miroshnichenko propôs à oposição criar e liderar uma comissão parlamentar para abordar a reforma da Constituição.
No entanto, o governista Partido das Regiões descartou o retorno à Constituição aprovada durante a Revolução Laranja de 2004, já que isso agravaria as tensões no país, palco de protestos antigovernamentais desde 21 de novembro.
Enquanto isso, o deputado governista Nikolai Rudkovski advogou por aprovar nesta semana uma nova lei sobre referendo a fim de convocar um plebiscito para reformar os sistemas político e eleitoral.
Em sua opinião, os ucranianos devem decidir se querem uma república presidencialista ou parlamentar, um sistema majoritário ou minoritário, e se desejam ingressar na União Aduaneira com a Rússia ou na União Europeia.
Rudkovski afirmou que, após a consulta, a Ucrânia deveria convocar eleições parlamentares e presidenciais antecipadas, como exigem os três partidos opositores com representação parlamentar.
Sobre isso, as enquetes mostram que a maioria dos ucranianos concorda com a medida como saída à crise política atual.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, viaja hoje de novo a Kiev para se reunir com as autoridades, a oposição e representantes da sociedade civil.