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OPINIÃO: Oposição sempre favorita: a vitória de Petro e o novo normal na América Latina

A vitória de Gustavo Petro na Colômbia é histórica por inúmeros aspectos. Será o primeiro presidente eleito de esquerda e terá a primeira mulher negra como vice

O candidato à presidência da Colômbia, Gustavo Petro (Henry Romero/Reuters)

O candidato à presidência da Colômbia, Gustavo Petro (Henry Romero/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2022 às 20h38.

Por Maurício Moura*

“Em time que está ganhando não se mexe”, essa é uma das muitas frases folclóricas que o futebol nos brinda. Na política, as evidências empíricas apontam que governos bem avaliados são reeleitos, enquanto governos desaprovados costumam ter sérias dificuldades eleitorais.  A vitória de Gustavo Petro na Colômbia é histórica por inúmeros aspectos. Será, por exemplo, o primeiro presidente eleito de esquerda e ainda terá a primeira mulher negra como vice-presidente. Nada trivial para o histórico do país. Todavia, a mensagem da opinião pública colombiana corrobora uma tendência consistente na América Latina moderna: está cada vez mais duro ser governo.

Na Argentina, o presidente Mauricio Macri, perdeu a reeleição porque seu governo era mais desaprovado que aprovado. Vale ressaltar, que o argentino melhorou sua popularidade durante a campanha, mas não foi suficiente para garantir um segundo mandato.

Na Bolívia, o governo provisório, amplamente mal avaliado pela opinião pública, amargou uma derrota para o mesmo grupo político de Evo Morales, ainda que com um candidato mais moderado.

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No Peru, dois candidatos amplamente (Pedro Castillo e Keiko Fujimori) contrários ao presidente em exercício foram ao segundo turno. A política peruana talvez seja o maior exemplo da fragilidade do poder presidencial.  Nenhum presidente desde Alberto Fujimori (preso por corrupção) conseguiu um apoio sustentável da opinião pública durante os mandatos.

Recentemente no Chile, o ex-líder estudantil e esquerdista Gabriel Boric, é claramente contrário ao ex mandatário Sebastian Pinera. Aliás, Peru, Chile e Colômbia já eliminaram os grupos políticos incumbentes no primeiro turno. Isso dá a dimensão da vontade de mudança dos eleitores desses países.

E não foram somente os políticos de esquerda que surfaram o sentimento de mudança. No Uruguai, Luis Pou, de centro-direita, derrotou a Frente Ampla (uma aglomeração de partidos de esquerda) que vinha governando o país. No Equador, a chapa de Andres Arauz e Rafael Correa (ex-presidente) foi derrota pelo empresário Guillermo Lasso.  O potencial incumbente, o presidente Lenín Moreno (que foi vice de Correa) nem chegou a concorrer.

Portanto, na América Latina, buscar reeleição passou a ser sinônimo de viver na corda bamba.  E se em time que está ganhando não se mexe, os times da terra da Libertadores seguem sofrendo seguidas derrotas. Mudança, acima de tudo, é o novo normal.

*Maurício Moura, fundador e presidente do instituto de pesquisa de opinião pública IDEIA e professor da Universidade George Washington, nos Estados Unidos

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