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ONU: Rússia acusa Ocidente por crise síria

Sergei Lavro acusou Assembleia Geral da ONU por não aplicar o acordo de Genebra para uma transição pacífica no país


	Sergei Lavrov: a guerra civil na Síria continua sem que as Nações Unidas tenha encontrado alguma forma de detê-la
 (Alexander Nemenov/AFP)

Sergei Lavrov: a guerra civil na Síria continua sem que as Nações Unidas tenha encontrado alguma forma de detê-la (Alexander Nemenov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2012 às 22h25.

Nova York - O chanceler russo, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente esta sexta-feira na Assembleia Geral da ONU de agravar a situação na Síria por não aplicar o acordo de Genebra para uma transição pacífica no país, enquanto os Estados Unidos anunciaram novas ajudas à oposição civil.

"Aqueles que se opõem à aplicação do comunicado de Genebra assumem uma responsabilidade enorme. Insistem em um cessar-fogo que seria imposto apenas ao governo e incentivam a oposição a intensificar as hostilidades", denunciou o chanceler russo.

"Ao fazer isto, empurram a Síria ainda mais profundamente" à guerra civil, acrescentou, exigindo a implementação desta proposta adotada em 30 de junho passado em Genebra por um grupo de países que não inclui nenhum chamado para que o presidente sírio, Bashar al Assad, se demita, algo inaceitável para o Ocidente.

Considerada uma "calamidade" e um risco para a paz mundial, a guerra civil na Síria continua sem que as Nações Unidas tenha encontrado alguma forma de detê-la, a partir do bloqueio de Rússia e China a toda proposta no Conselho de Segurança.

À margem do grande encontro anual das Nações Unidas, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou uma ajuda adicional de 45 milhões de dólares de seu país à oposição civil na Síria.


Deste valor, 30 milhões de dólares serão destinados a ajuda humanitária, elevando a US$ 130 milhões o total aportado pelos Estados Unidos neste aspecto, e os US$ 15 milhões restantes irão diretamente à oposição, afirmou Hillary durante uma reunião com o grupo de países "Amigos da Síria".

Do encontro participaram nove ativistas sírios que trabalharam com comitês de coordenação local em cidades como Homs. Alguns deles viajaram da Síria para Nova York para expor quais são suas necessidades sobre o terreno neste conflito que já leva 18 meses e deixou 30.000 mortos, segundo números da oposição.

Ao abrir a reunião, Hillary disse que o Irã fará todo o possível para proteger o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, a quem qualificou de "aliado e amigo" de Teerã.

O outro grande tema da Assembleia Geral foi o programa nuclear iraniano e nesta sexta-feira Lavrov surpreendeu ao fazer apenas menção à questão após a exigência de Israel de se estabelecer uma "linha vermelha" para Teerã.

Lavrov pediu para "reforçar a confiança e os princípios coletivos na vida internacional com ênfase em continuar as negociações para soluções de compromisso" diante de crises como a do Oriente Médio, Irã ou Afeganistão.


O premier israelense, Benjamin Netanyahu, exigiu na quinta-feira da ONU colocar um limite preciso às ambições nucleares do Irã, advertindo que o futuro do mundo depende de impedir que a República Islâmica obtenha a bomba atômica.

Segundo Israel, o programa nuclear iraniano já avançou 70% no processo de enriquecimento de urânio necessário para se obter a bomba atômica e no ritmo atual estaria em condições de consegui-la em meados do ano que vem.

Irã respondeu ao discurso do líder israelense prometendo "contra-atacar com toda força" qualquer ataque, depois que o presidente Mahmud Ahmadinejad acusou as potências ocidentais de exercer uma "intimidação" nuclear contra seu país.

Nesta sexta-feira, durante uma conversa telefônica, Obama e Netanyahu "destacaram que estão inteiramente de acordo sobre o objetivo comum de impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear", afirmou a Casa Branca em um comunicado.

Os Estados Unidos têm resistido aos apelos para se estabelecer uma data limite à sua advertência, mas os chanceleres das potências mundiais exigiram na quinta-feira ao Irã que dê uma resposta "urgente" às exigências da comunidade internacional sobre seu programa nuclear.

A presidente Dilma Rousseff se declarou contrária, nesta sexta-feira, a uma eventual intervenção militar no Irã, que considerou que seria "uma violação da carta da ONU".

"Eu me preocupo de uma forma muito especial com a retórica crescente em prol de uma ação militar unilateral no Irã. Qualquer iniciativa deste tipo constituiria uma violação da carta da ONU, com graves consequências para o Oriente Médio", disse Dilma na presença do premier britânico, David Cameron, após reunião bilateral em Brasília.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, conclamou o Irã a "parar de ganhar tempo", reafirmando à Assembleia Geral da ONU que a comunidade internacional quer "uma solução política e diplomática".

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