ONU: refugiados e reformas internas serão prioridade
Segundo a futura chefe de gabinete, Maria Luiza Viotti, Guterres está pronto para o desafio pois passou os últimos anos cuidando do tema em outros órgãos
Agência Brasil
Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 08h44.
Última atualização em 21 de dezembro de 2016 às 08h46.
A crise dos refugiados da Síria é uma das grandes preocupações a ser enfrentada pelo novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas ( ONU ), António Guterres, que ocupará o cargo a partir de 1º de janeiro.
De acordo com a sua futura chefe de gabinete, a embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, Guterres, no entanto, está pronto para o desafio porque passou os últimos dez anos cuidando desse tema em outros organismos internacionais.
"Ele esteve por dez anos à frente do Alto Comissariado da ONU para Refugiados e vivenciou de muito perto a escalada do problema, visitando áreas de conflitos e campos de refugiados. Então, ele trará uma experiência própria, pessoal e uma vivência muito aguda do problema", prevê.
A embaixadora, que conversou com os veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) com exclusividade, disse ainda que Guterres focará sua gestão em promover as reformas internas necessárias à ONU.
Sobre a possibilidade de que isso se reflita em mudanças na composição do Conselho de Segurança - no qual o Brasil pleiteia uma vaga há anos -, ela diz que a questão é complexa.
"A ideia de que o Conselho de Segurança da ONU precisa ser reformado vem ganhando cada vez maior aceitação e há uma convicção dos países-membros de que a reforma é necessária para tornar o conselho mais de acordo com a realidade política internacional hoje. Mas é uma questão complexa porque para reformar o Conselho de Segurança é necessário reformar a Carta da ONU e, para isso, é necessária a aprovação de dois terços dos países-membros e a aprovação e ratificação dos cinco membros permanentes", afirma.
Clima
O desenvolvimento sustentável e a atenção às mudanças climáticas também são pautas que estarão no foco do novo secretário-geral, de acordo com a chefe de gabinete.
Segundo ela, o fato de o Acordo de Paris ter sido aprovado e ratificado pelos países em tempo recorde é uma vitória, mas a implementação das medidas para conter o aquecimento global vai depender do empenho de cada país.
"Foi um acordo importante porque denota a conscientização dos países para enfrentar o aquecimento global e a mudança climática", afirma. "É importante que o nível de atenção da sociedade e da imprensa se mantenha elevado", destaca.
O Acordo de Paris, assinado por 195 líderes mundiais em dezembro de 2015, estabelece mecanismos para que todos os países limitem o aumento da temperatura global e fortaleçam a defesa contra os impactos inevitáveis da mudança climática.
Mulheres
Maria Luiza Ribeiro Viotti é uma das três mulheres indicadas por Guterres para ocupar postos de comando em sua equipe. As outras duas são a ministra do Meio Ambiente da Nigéria, Amina Mohammed, que será a nova sub-secretária geral; e a coreana Kyung-wha Kang, que será assessora para assuntos políticos do novo secretário-geral.
Para a embaixadora brasileira, a representação feminina em postos de destaque tem crescido, mas ainda não é suficiente. "Estamos, sem dúvida, avançando, mas ainda num nível bastante aquém do que seria desejável", observa.
Aumentar a paridade entre homens e mulheres na organização, segundo ela, foi um dos compromissos assumidos por Guterres em seu discurso quando foi nomeado para o cargo.
"O secretário-geral tem insistido muito que é necessário fazer mais para que se possa alcançar a paridade de gênero no secretariado, sobretudo nos mais altos níveis", afirma.