ONU: Mianmar fracassou em proteger rohingyas de atrocidades
Desde o final de agosto, mais de 500 mil rohingya fugiram de uma ação do exército, que as Nações Unidas denunciaram como limpeza étnica
AFP
Publicado em 18 de outubro de 2017 às 21h54.
O governo de Mianmar não conseguiu cumprir suas obrigações internacionais e proteger os muçulmanos rohingya das atrocidades ocorridas no estado de Rakhine, disseram na quarta-feira (18) dois assessores especiais da ONU.
A declaração do conselheiro especial da ONU para a prevenção do genocídio, Adama Dieng, e o assessor especial para a responsabilidade de proteger, Ivan Simonovic, acrescentou que a resposta internacional à crise foi um fracasso.
"Apesar dos avisos emitidos por nós e por muitos outros funcionários, o governo de Mianmar não cumpriu suas obrigações de acordo com o direito internacional e a principal responsabilidade de proteger a população Rohingya de crimes de atrocidade", afirmou um comunicado conjunto.
"A comunidade internacional também falhou em suas responsabilidades nesse sentido", acrescentaram.
Desde o final de agosto, mais de 500 mil rohingya fugiram de uma ação do exército no estado de Rakhine, em Myanmar, que as Nações Unidas denunciaram como limpeza étnica.
O Conselho de Segurança da ONU pediu a Mianmar que encerre as operações militares em Rakhine, conceda acesso aos trabalhadores humanitários e permita o retorno seguro dos refugiados rohingya.
No entanto, o conselho não acompanhou seu pedido com ações, como a imposição de sanções, que segundo diplomatas teria oposição da China.
"Mais uma vez, o nosso fracasso em parar os crimes de atrocidade nos torna cúmplices", admitiram os funcionários da ONU.
Um relatório recente da ONU acusou Myanmar de tentar expulsar permanentemente o rohingya, colocando minas terrestres na fronteira com Bangladesh, onde os refugiados se abrigam.
"Em alguns casos, antes e durante os ataques, os megafones foram usados para anunciar: "Você não pertence a este lugar, vá para Bangladesh. Se você não sair, vamos em suas casas matá-lo", disse o relatório.
O principal funcionário de assuntos políticos da ONU, Jeffrey Feltman, retornou nesta terça-feira depois de cinco dias de negociações em Myanmar que não avançaram.
Feltman deve relatar ao Conselho de Segurança como foram as negociações.