Colombianos protestam contra Farc: A ONU entende que o sucesso do diálogo com as Farc levará a ''uma transformação profunda'' na sociedade (Luis Acosta/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2012 às 19h36.
Bogotá - A ONU manifestou nesta quarta-feira seu otimismo em relação ao processo de paz iniciado na Colômbia, mas advertiu que o caminho ''não será fácil'' porque tanto o governo quanto as Farc devem mudar suas posições para se chegar a um acordo.
''Eu acho que há razões para sermos otimistas, mas esse processo não será fácil'', afirmou Todd Howland - representante na Colômbia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos - ao dizer que ''teremos avanços e retrocessos'' porque as partes ''têm que mudar um pouco suas posições para obter êxito nas negociações''.
Segundo Howland, este é um processo de paz ''mais realista'' que os anteriores e, além disso, dá importância aos direitos humanos relativos às vítimas, tem garantias políticas da oposição e propõe o desarmamento da guerrilha como alguns dos pontos da agenda.
Howland deixou claro que em nenhum caso devem ser negociadas anistias ou indultos e por isso considerou necessário que o eixo do diálogo gire em torno das vítimas.
''A postura das Nações Unidas é muito clara, dentro do âmbito legal internacional não se pode ter uma anistia nem um indulto'', afirmou.
A ONU entende que o sucesso do diálogo com as Farc levará a ''uma transformação profunda'' na sociedade e, por isso, enfatizou que ''não deve haver anistia por qualquer crime''.
O representante sugeriu que para se chegar a um bom termo devem ser tomadas como exemplo as experiências internacionais bem-sucedidas, como o caso de El Salvador.
Além disso, considerou que o esclarecimento do ocorrido com os sequestrados e desaparecidos é outro assunto-chave no processo.
Nesse sentido, insistiu que ''é importante que o Estado e a mesa de negociações criem mecanismos'' que permitam recuperar os restos mortais dos desaparecidos e ''facilitem o reconhecimento o mais rapidamente possível''.
Ontem, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que o processo de paz poderia ''ser concluído mais rápido do que as pessoas imaginam''.
A emissora ''Caracol Radio'' informou hoje, através de fontes oficiais não identificadas, que o governo dará à guerrilha um prazo (até junho de 2013) para se conseguir avanços e concretizar pelo menos um dos cinco pontos da agenda. São eles: terras, garantias de participação política, narcotráfico, fim do conflito e vítimas.