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ONU diz que Sudão do Sul está à beira da calamidade

A Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse que massacres no Sudão do Sul demonstram que o país está à beira da calamidade


	Soldados do Sudão do Sul: as lutas, nas quais morreram milhares de pessoas e que expulsaram de seu lar 1,2 milhão, levaram o país para a beira da guerra civil
 (ADRIANE OHANESIAN/AFP/GettyImages)

Soldados do Sudão do Sul: as lutas, nas quais morreram milhares de pessoas e que expulsaram de seu lar 1,2 milhão, levaram o país para a beira da guerra civil (ADRIANE OHANESIAN/AFP/GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2014 às 09h16.

Genebra - A Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse nesta quarta-feira que os últimos massacres cometidos no Sudão do Sul demonstram que o país está à beira "da calamidade".

"O assassinato de centenas de pessoas, muitas delas civis, em Bentiu, e o ataque ao acampamento da ONU que abriga milhares de deslocados internos em Bor, onde morreram mais de cinquenta homens, mulheres e crianças, demonstra o quão próximo o Sudão do Sul está da calamidade", advertiu Pillay em uma coletiva de imprensa realizada em Juba, capital do país, segundo um comunicado da ONU.

"Sem a enérgica intervenção dos capacetes azuis indianos (soldados da ONU) centenas mais teriam morrido", acrescentou a alta comissária.

Pillay viajou acompanhada do enviado especial da ONU para a prevenção do genocídio, Adama Dieng, visita realizada a pedido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que se mostrou extremamente preocupado pela deteriorada da situação do país mais jovem do mundo.

"A mortífera mistura de recriminação, discurso do ódio e assassinatos por vingança, que foram aumentando nos últimos quatro meses e meio, parece que está alcançando seu ponto máximo, e estou muito preocupada em ver que nem os líderes do Sudão do Sul nem a comunidade internacional estão percebendo a periculosidade da situação", confessou.

As lutas, nas quais morreram milhares de pessoas e que expulsaram de seu lar 1,2 milhão, levaram para a beira da guerra civil o novo país, que se tornou independente do Sudão em julho de 2011. A crise piorou em dezembro do ano passado, quando o presidente, Salva Kiir, acusou o ex-vice-presidente e atual líder rebelde, Riak Machar, de tentar dar um golpe de Estado.

"Infelizmente, tudo o que vi e ouvi nesta visita reforça a visão de que os líderes do país, ao invés de tentar levar sua empobrecida nação rumo à estabilidade e a prosperidade, embarcaram em uma luta pessoal pelo poder que levou sua nação ao limite de uma catástrofe", criticou Pillay.


A funcionário da ONU e Dieng se reuniram ontem em Juba com Kiir e cinco de seus ministros, e posteriormente voaram de helicóptero até Nassir e encontraram Machar.

Pilay e Dieg criticaram o líder da oposição pelo massacre de Bentiu, pois se confirmou que o ataque foi realizado por suas forças. Machar afirmou que está investigando o caso e se comprometeu a impedir atrocidades similares no futuro.

O governo garante que está realizando investigações sobre abusos cometidos em dezembro do ano passado. Pillay elogiou as iniciativas mas advertiu que para a "população do Sudão do Sul acreditar que há uma real prestação de contas se deve ir além das palavras e se deve atuar: prender e processar os culpados com padrões internacionais".

Pillay disse que caso contrário "não haverá nada que detenha outras execuções sumárias e assassinatos em massa".

A funcionária da ONU lembrou aos líderes sul-sudaneses que existem mais de um milhão de pessoas com risco de sofrer de fome e pediu uma trégua para que possam voltar para suas terras e plantar, algo que ambos disseram que permitiriam se o outro fizesse antes.

"A possibilidade que centenas de milhares padeçam de fome e desnutrição por causa de sua incapacidade para resolver suas diferenças pacificamente não pareceu os preocupar em nada", denunciou Pillay.

As agências das Nações Unidas calculam que há quase cinco milhões de pessoas que necessitam assistência humanitária para sobreviver e que esse número aumentará a curto prazo.

"Até que ponto a situação tem que se degradar para que aqueles que podem acabar com o conflito, especialmente Kiir e Machar, decidam atuar?", perguntou Pillay.

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