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ONU aprova resolução contra a invasão russa da Ucrânia

Boa parte da comunidade internacional acusa a Rússia de Vladimir Putin de violar o artigo 2 da Carta das Nações Unidas, que pede aos seus membros para não recorrer a ameaças ou à força para solucionar conflitos

Reunião de emergência da Assembleia Geral da ONU sobre invasão da Ucrânia pela Rússia (Carlo Allegri/Reuters Brazil)
Drc

Da redação, com agências

Publicado em 2 de março de 2022 às 14h12.

Última atualização em 2 de março de 2022 às 14h23.

Após três dias de discursos de mais de cem de países no Fórum da Assembleia Geral das Nações Unidas para defender a paz e a segurança, nesta quarta-feira, 2, foi aprovado por ampla maioria uma resoluçãocontra a invasão russa da Ucrânia.

A reunião foi convocada pelo Conselho de Segurança da ONU e feita de forma emergencial para discutir a situação na Ucrânia. Para a aprovação, era necessário que 2/3 dos 193 países-membros votassem a favor da resolução.Foram 141 votos a favor, cinco contrários e 35 abstenções.O Brasil votou a favor, mas era um dos países que estava marcado para fazer justificativa após a resolução.

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Boa parte da comunidade internacional acusa a Rússia de Vladimir Putin de violar o artigo 2 da Carta das Nações Unidas, que pede aos seus membros para não recorrer a ameaças ou à força para solucionar conflitos. A resolução aprovadanão vinculante - ao contrário do que acontece no Conselho de Segurança -,  o que significa que, a partir dela, os países não são obrigados a fazer nada. Sua importância, portanto, é política: mostra como a maioria dos países vê a invasão promovida por Moscou.

O texto, promovido pelos países europeus e Ucrânia, e apoiado por cerca de cem países de todas as regiões do mundo, sofreu inúmeras alterações nos últimos dias para chegar a um acordo mínimo aceitável para os mais relutantes.

O projeto de resolução deixou de "condenar", como estava inicialmente previsto, para "deplorar nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia".

-(ONU/Reprodução)

Praticamente todos os oradores de segunda, terça e quarta-feira condenaram a guerra, a insegurança e o risco de escalada do conflito armado em um mundo que começava a se recuperar dos estragos devastadores da pandemia de covid-19, como demonstra a escalada de preços das matérias-primas, principalmente do gás e petróleo, ou a queda das bolsas de valores.

Sem mencionar a iminente crise humanitária que já levou mais de 800.000 ucranianos a deixar o país em busca de um lugar seguro e causou dezenas de mortes de civis, segundo a ONU.

Antes da votação, o embaixador daUcrâniana ONU, Sergiy Kylytsya, disse que os “crimes cometidos pela Rússia” são bárbaros e difíceis de entender e pediu respeito à carta das Naões Unidas. Ele foi aplaudido pelos presentes na Assembleia quando concluiu seu discurso.

A Rússia sustenta que sua invasão é "legítima defesa". "Não foi a Rússia que iniciou esta guerra. Essas operações militares foram iniciadas pela Ucrânia contra os habitantes de Donbas (a região separatista no leste do país) e contra todos aqueles que não concordavam com ela", defendeu como um mantra o embaixador russo Vassily Nebenzia, no fórum internacional em Nova York.

"Não há nada a ganhar" com uma nova Guerra Fria, alertou o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, depois de lembrar que a "mentalidade" desta época "baseada no confronto de blocos deve ser abandonada". Aliada da Rússia, a China se absteve de votar uma resolução semelhante no Conselho de Segurança na sexta-feira passada.

Outros países como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Síria e Coreia do Norte denunciaram no fórum da ONU os "duplos padrões" dos Estados Unidos e dos europeus, que não hesitaram em invadir países como Iraque, Afeganistão, Líbia ou Síria.

Aos olhos dos aliados latino-americanos, esse conflito foi causado pela expansão da OTAN para os antigos países satélites da extinta União Soviética, cuja área de influência Putin quer restaurar.

A vice-presidente e chanceler da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, além de pedir à Rússia "responsabilidade" pelas consequências econômicas, humanitárias e jurídicas de sua ação, lembrou que o mundo "não quer e não aceitará" um retorno aos impérios.

(Com AFP)

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