ONG afirma que Nicólas Maduro "não desperdiça nenhuma chance em suas conferências públicas para acusar a imprensa estrangeira" (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2015 às 13h50.
Paris - Os presidentes de Venezuela, Nicolas Maduro; Equador, Rafael Correa; e Honduras, Juan Orlando Hernández, aparecem em uma lista de líderes mundiais que denegriram, insultaram ou acusaram representantes da imprensa, divulgada nesta sexta-feira pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF).
Os três são os que exemplificam para a América Latina o que a RSF considera declarações de chefes de Estado ou de governo "contrárias ao princípio da liberdade de informação que ilustram as tensões às quais estão submetidos os jornalistas cuja única culpa é exercer seu ofício".
A organização afirma que Maduro "não desperdiça nenhuma chance em suas conferências públicas (onde as intervenções dos jornalistas não são bem-vindas) para acusar a imprensa estrangeira, como a 'CNN' em espanhol e o 'Miami Herald', de realizar uma 'campanha internacional' contra a Venezuela".
A ONG ilustra esse comentário com declarações de Maduro feitas no dia 18 de setembro de 2014, nas quais acusou esses veículos de comunicação de tentarem "envenenar e usar seu veneno contra a Venezuela no mundo".
A RSF se queixa que Correa "utiliza o mesmo modelo" de utilizar discursos oficiais para criticar jornalistas, e se refere a um deles, pronunciado em 16 de maio, no qual criticou o administrador do site "Crudo Ecuador".
A entidade também informa que Correa acusou jornalistas de utilizarem "o discurso mal-intencionado da oposição que demoniza o que é perfeitamente legítimo, democrático e transparente", em reação a comentários do apresentador de televisão Alfonso Espinosa sobre o projeto de reeleição indefinida do presidente.
Sobre Juan Orlando Hernández, a RSF ironiza sobre o fato de que em 25 de maio, por causa do Dia do Jornalista em Honduras, o presidente hondurenho "prestou homenagem do seu jeito à imprensa".
A ONG se refere a um comentário em que o líder denunciou os "pseudo-jornalistas que dissimulam, tergiversam e inventam pela vontade que têm de colocar o país a sangue e a fogo".
Outros integrantes da "lista negra" são os presidentes de Turquia, Recep Tayyip Erdogan; Gâmbia, Yayah Jammeh; Guiné, Alpha Condé, assim como o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, e o da república russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov.
Para a organização, alguns deles demonstram que "não toleram nenhuma discordância, nenhum debate"; outros equiparam "sistematicamente" qualquer um que os questione a "um ato de complô ou uma ingerência estrangeira".