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OIT diz que mercados devem estar a serviço do emprego, não o contrário

A organização adverte ainda que a desaceleração das principais economias vai impactar 'rapidamente e de maneira objetiva' o mercado de trabalho no prazo de seis meses

Para OIT, 'não foi dada atenção ao potencial que tem a geração de empregos para impulsionar a recuperação' (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2011 às 11h09.

Genebra - A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu nesta segunda-feira que os mercados estejam a serviço do emprego , e não ao contrário, em um relatório em que adverte que a desaceleração das principais economias vai impactar 'rapidamente e de maneira objetiva' o mercado de trabalho no prazo de seis meses.

Elaborado pelo Instituto Internacional de Estudos Trabalhistas (IILS, na sigla em inglês), o documento considera possível 'romper o círculo vicioso' de desaceleração econômica, seguido de aumento das desigualdades e de descontentamento social e, portanto, de atraso da recuperação, com uma mudança de mentalidade e de políticas.

Para OIT, 'não foi dada atenção ao potencial que tem a geração de empregos para impulsionar a recuperação, bem ao contrário, os governos se empenharam, principalmente as economias ricas, em tranquilizar os mercados financeiros'.

'O debate foi focado na austeridade fiscal e em como ajudar os bancos, deixando de lado a possibilidade de reforma das práticas bancárias que levaram à crise, esquecendo de transmitir uma visão sobre como poderia ser recuperada a economia real', detalha o relatório da OIT.

'Chegamos ao momento da verdade. As possibilidades de evitar uma dupla queda do emprego são limitadas e devemos aproveitá-las', afirmou Raymond Torres, diretor do IILS.


A OIT estima que mantidas as tendências atuais serão necessários ao menos cinco anos para que o emprego retorne aos níveis anteriores à crise nas economias avançadas, um ano depois do previsto no relatório do ano passado.

Para voltar às taxas prévias à crise, seria necessário criar 80 milhões de postos de trabalho nos próximos dois anos, mas tudo aponta que só será possível gerar metade disso.

Por regiões, a previsão é de que entre 2012 e 2013 as economias avançadas criem 2,5 milhões de postos de trabalho (24,7 milhões menos do que o necessário para voltar aos níveis pré-crise).

Nas economias emergentes e em vias de desenvolvimento, a previsão é de 37,7 milhões de novos postos de trabalho (15,1 milhões menos do que o necessário), o que quer dizer que no conjunto global mundial haverá 'déficit' de 39,9 milhões de empregos.

O relatório apresenta um novo índice de 'tensão social', que reflete os níveis de descontentamento social pelo desemprego e pelas dificuldades para encontrar um novo posto de trabalho.

Em 45% dos 118 países analisados pela OIT, a tensão social está aumentando, principalmente nos Estados Unidos, na Europa, nos países árabes e, em menor medida, na Ásia. Na outra ponta, o risco social diminuiu e estabilizou-se na África Subsaariana e na América Latina.

O documento inclui uma pesquisa com a seguinte pergunta aos entrevistados: 'O senhor está satisfeito ou insatisfeito com a disponibilidade de boas oportunidades de trabalho na cidade ou região em que vive?'.


O maior percentual de 'insatisfeitos' percebeu-se na África Subsaariana, com 79% em média, seguido do Leste Europeu e pelo antigo espaço soviético, com 71%, Ásia meridional, com 63%, o Oriente Médio e o norte da África, com 59%, América Latina e as economias avançadas, com 55%, e Ásia oriental, o sudeste asiático e a região do Pacífico, com 44%.

Entre as economias avançadas, os percentuais oscilaram de 82% da Grécia, 80% da Irlanda e 77% da Espanha, e 46% do Japão, 39% do Canadá e 34% da Austrália.

Nos próximos meses, de acordo com a OIT, o panorama não fará mais do que piorar, já precário em um momento em que o desemprego mundial está acima dos 200 milhões de pessoas, o que representa o número mais alto até agora.

Antes da crise de 2008, o número de desempregados era de 176 milhões de pessoas, pelos cálculos da OIT.

O relatório cita três razões pelas quais a atual desaceleração econômica pode ter um impacto particularmente grave no panorama do trabalho: uma maior fragilidade das empresas, a pouca disposição dos Governos para novos programas de emprego e a falta de coordenação política internacional.

Por esta razão, a OIT faz um chamado em favor de manter e, em alguns casos, fortalecer os programas em favor do emprego, reiterando que os esforços por reduzir a dívida pública e o déficit com frequência foram focados 'de maneira desproporcional' no mercado de trabalho e nas medidas sociais.

O relatório explica que o aumento da despesa em políticas ativas do mercado de trabalho de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) poderia aumentar o emprego entre 0,4% e 0,8%, dependendo do país.

Por último, o relatório sustenta que a crença de que a moderação de salários leva à criação de empregos é um mito, e convida a adotar uma estratégia de recuperação integral baseada nas receitas, o que ajudaria a estimular os investimentos e ao mesmo tempo reduzir as excessivas desigualdades.

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Genebra - A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu nesta segunda-feira que os mercados estejam a serviço do emprego , e não ao contrário, em um relatório em que adverte que a desaceleração das principais economias vai impactar 'rapidamente e de maneira objetiva' o mercado de trabalho no prazo de seis meses.

Elaborado pelo Instituto Internacional de Estudos Trabalhistas (IILS, na sigla em inglês), o documento considera possível 'romper o círculo vicioso' de desaceleração econômica, seguido de aumento das desigualdades e de descontentamento social e, portanto, de atraso da recuperação, com uma mudança de mentalidade e de políticas.

Para OIT, 'não foi dada atenção ao potencial que tem a geração de empregos para impulsionar a recuperação, bem ao contrário, os governos se empenharam, principalmente as economias ricas, em tranquilizar os mercados financeiros'.

'O debate foi focado na austeridade fiscal e em como ajudar os bancos, deixando de lado a possibilidade de reforma das práticas bancárias que levaram à crise, esquecendo de transmitir uma visão sobre como poderia ser recuperada a economia real', detalha o relatório da OIT.

'Chegamos ao momento da verdade. As possibilidades de evitar uma dupla queda do emprego são limitadas e devemos aproveitá-las', afirmou Raymond Torres, diretor do IILS.


A OIT estima que mantidas as tendências atuais serão necessários ao menos cinco anos para que o emprego retorne aos níveis anteriores à crise nas economias avançadas, um ano depois do previsto no relatório do ano passado.

Para voltar às taxas prévias à crise, seria necessário criar 80 milhões de postos de trabalho nos próximos dois anos, mas tudo aponta que só será possível gerar metade disso.

Por regiões, a previsão é de que entre 2012 e 2013 as economias avançadas criem 2,5 milhões de postos de trabalho (24,7 milhões menos do que o necessário para voltar aos níveis pré-crise).

Nas economias emergentes e em vias de desenvolvimento, a previsão é de 37,7 milhões de novos postos de trabalho (15,1 milhões menos do que o necessário), o que quer dizer que no conjunto global mundial haverá 'déficit' de 39,9 milhões de empregos.

O relatório apresenta um novo índice de 'tensão social', que reflete os níveis de descontentamento social pelo desemprego e pelas dificuldades para encontrar um novo posto de trabalho.

Em 45% dos 118 países analisados pela OIT, a tensão social está aumentando, principalmente nos Estados Unidos, na Europa, nos países árabes e, em menor medida, na Ásia. Na outra ponta, o risco social diminuiu e estabilizou-se na África Subsaariana e na América Latina.

O documento inclui uma pesquisa com a seguinte pergunta aos entrevistados: 'O senhor está satisfeito ou insatisfeito com a disponibilidade de boas oportunidades de trabalho na cidade ou região em que vive?'.


O maior percentual de 'insatisfeitos' percebeu-se na África Subsaariana, com 79% em média, seguido do Leste Europeu e pelo antigo espaço soviético, com 71%, Ásia meridional, com 63%, o Oriente Médio e o norte da África, com 59%, América Latina e as economias avançadas, com 55%, e Ásia oriental, o sudeste asiático e a região do Pacífico, com 44%.

Entre as economias avançadas, os percentuais oscilaram de 82% da Grécia, 80% da Irlanda e 77% da Espanha, e 46% do Japão, 39% do Canadá e 34% da Austrália.

Nos próximos meses, de acordo com a OIT, o panorama não fará mais do que piorar, já precário em um momento em que o desemprego mundial está acima dos 200 milhões de pessoas, o que representa o número mais alto até agora.

Antes da crise de 2008, o número de desempregados era de 176 milhões de pessoas, pelos cálculos da OIT.

O relatório cita três razões pelas quais a atual desaceleração econômica pode ter um impacto particularmente grave no panorama do trabalho: uma maior fragilidade das empresas, a pouca disposição dos Governos para novos programas de emprego e a falta de coordenação política internacional.

Por esta razão, a OIT faz um chamado em favor de manter e, em alguns casos, fortalecer os programas em favor do emprego, reiterando que os esforços por reduzir a dívida pública e o déficit com frequência foram focados 'de maneira desproporcional' no mercado de trabalho e nas medidas sociais.

O relatório explica que o aumento da despesa em políticas ativas do mercado de trabalho de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) poderia aumentar o emprego entre 0,4% e 0,8%, dependendo do país.

Por último, o relatório sustenta que a crença de que a moderação de salários leva à criação de empregos é um mito, e convida a adotar uma estratégia de recuperação integral baseada nas receitas, o que ajudaria a estimular os investimentos e ao mesmo tempo reduzir as excessivas desigualdades.

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