OEA repudia tentativa de golpe na Bolívia e aborda crises na Nicarágua e Haiti
Organização dos Estados Americanos de reuniu em assembleia na quinta-feira, 27
Agência de notícias
Publicado em 28 de junho de 2024 às 08h06.
Última atualização em 28 de junho de 2024 às 08h09.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta quinta-feira, 27, por unanimidade, durante a assembleia geral da organização em Assunção, uma resolução emrepúdio à tentativa de golpe de Estado registrada na véspera na Bolívia, ao mesmo tempo em que colocou o foco nas crises de Nicarágua e Haiti, e na insegurança na região.
A resolução assegura que a Organização dos Estados Americanos (OEA) resolveu "condenar energicamente o movimento ilegal de unidades do Exército do Estado Plurinacional da Bolívia" e expressa sua solidariedade com o povo boliviano.
"Estamos muito orgulhosos de sermos copatrocinadores dessa resolução e afirmamos que nosso compromisso é com a democracia", disse a jornalistas em Assunção Richard Verma, adjunto do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.
Na quarta-feira, militares tentaram derrubar uma porta do palácio presidencial de La Paz, uma manobra que o presidente boliviano, Luis Arce, qualificou como "golpe de Estado". Seu governo anunciou nesta quinta a detenção de 17 pessoas suspeitas de participação na tentativa de golpe, entre militares ativos e da reserva e vários civis.
O fato causou repúdio generalizado de todos os representantes dos Estados-membros enquanto os eventos ocorriam, incluindo o presidente anfitrião, o paraguaio Santiago Peña, e o secretário-geral da OEA, Luis Almagro.
O embaixador da Bolívia junto à organização, Héctor Enrique Arce, agradeceu a "rápida reação" dos países-membros e a considerou "um dos elementos que favoreceram e foram determinantes para o fracasso de uma tentativa desestabilizadora", no âmbito desta 54ª assembleia geral, que se realiza na sede da Conmebol em Assunção e terminará na sexta-feira.
Nesta quinta, em duas praças do centro da capital paraguaia, dezenas de opositores aos governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela protestaram para pedir à OEA que inclua, na declaração final da assembleia, a reivindicação pela libertação imediata de políticos presos nesses países.
No ato, os manifestantes soltaram balões brancos "como símbolo pela libertação de mais de 1.600 presos políticos na região; mais de 1.100 estão em Cuba", disse a líder cubana dissidente Rosa María Payá em declarações à AFP.
Cuba foi reintegrada à OEA em 2009 após ter sido expulsa em 1962, mas não participa ativamente da organização. Já a Venezuela abandonou o órgão hemisférico em 2019, acusando-o de ser um "espaço de dominação imperial", e a Nicarágua o fez no ano passado, a pedido de seu presidente Daniel Ortega.
Veja fotos dos militares na Bolívia
Nicarágua, Haiti e a insegurança
A OEA aprovou, ademais, uma resolução para o "acompanhamento da situação na Nicarágua".
As relações do país centro-americano com a comunidade internacional se tensionaram desde a repressão aos protestos de 2018 contra o mandatário nicaraguense, no poder desde 2007 e reeleito sucessivamente.
Também foi aceita uma resolução orientada a mitigar a crise humanitária e política no Haiti, que recentemente recebeu uma missão de assistência policial do Quênia para combater as gangues que têm afundado o país caribenho em uma grave crise.
A delegada haitiana, a chanceler Dominique Dupuy, assegurou que seu governo, recém-eleito no final de maio, em meio a uma longa instabilidade política, está decidido a "tomar todas as medidas necessárias para retornar aos acordos de transição política".
Além disso, afirmou, velará pelo "retorno ao Estado de Direito, justiça social e eleições para renovar o quadro político".
A assembleia também colocou a lupa no combate ao crime e à insegurança. Entre outros, a ministra das Relações Exteriores do Equador, Gabriela Sommerfeld, denunciou a "devastadora presença na região [do crime organizado] e seu alarmante caráter transnacional".
Localizado entre Colômbia e Peru - os maiores produtores mundiais de cocaína -, o Equador deixou há anos de ser uma ilha de paz e se tornou um centro logístico para o envio de drogas, principalmente cocaína, para Europa e Estados Unidos.