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OCDE pede adoção de novas políticas para crise migratória

Cerca de 4,8 milhões de pessoas imigraram aos países da OCDE em 2015, um aumento de 10% em relação a 2014, afirma o organismo que reúne 34 países desenvolvidos


	Refugiados: 1,65 milhão são solicitantes de asilo, principalmente sírios e afegãos
 (Yannis Kolesidis / Reuters)

Refugiados: 1,65 milhão são solicitantes de asilo, principalmente sírios e afegãos (Yannis Kolesidis / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2016 às 09h14.

A chegada de migrantes aos países da OCDE aumentou em 2015 pelo segundo ano consecutivo, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira, que ressalta a necessidade de novas políticas de integração para frear o crescente sentimento anti-imigrantes de uma parte da população.

Cerca de 4,8 milhões de pessoas imigraram aos países da OCDE em 2015, um aumento de 10% em relação a 2014, afirma este organismo que reúne 34 países desenvolvidos, incluindo Chile, Espanha e México, em seu relatório "Perspectivas da Migração Internacional 2016".

Entre estas pessoas, 1,65 milhão são solicitantes de asilo, principalmente sírios e afegãos, que fogem da guerra e de outras calamidades, um número recorde.

A Alemanha, a maior economia europeia, se converteu no principal destino dos refugiados, com mais de um milhão de solicitantes de asilo em 2015. Mas, proporcionalmente a sua população, a Suécia recebeu mais solicitações que a Alemanha (1,6%).

No entanto, apesar desta afluência de refugiados sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, os países membros da OCDE não realizaram nenhuma mudança importante em suas políticas migratórias, critica o organismo.

A publicação deste relatório coincide com a realização de uma cúpula sobre refugiados e migrantes em Nova York, onde os 193 países membros da ONU se preparam para adotar uma série de compromissos para responder à grave crise migratória antes da Assembleia Geral.

Soluções globais e locais

Embora esta crise exija respostas rápidas, os países devem adotar políticas migratórias ao mesmo tempo globais e locais que se inscrevam no longo prazo, convocou Stefano Scarpetta, diretor de Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais da OCDE.

"Deixar que cada país enfrente sozinho fluxos maciços de migrantes, como foi o caso há pouco tempo com a crise de refugiados, não ajudará a resolver os problemas de forma adequada. Cada país deve dar sua contribuição", acrescentou Scarpetta.

O relatório destaca a importância de melhorar a integração das comunidades de migrantes, sobretudo através da inserção rápida no mercado de trabalho, ao acesso a cursos de idiomas e ao reconhecimento dos diplomas e qualificações dos migrantes.

"Agora, o grande desafio é a integração", ressaltou o Secretário-Geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos, Ángel Gurría, durante a apresentação do relatório em Paris.

Gurría citou a Suécia como exemplo de um país que fez grandes progressos na integração rápida dos recém-chegados.

"A Suécia não espera que os migrantes falem sueco com fluência ou que tenham qualificações em engenharia. Coloca os migrantes para trabalhar e depois ensina sueco no local de trabalho", explicou.

Evitar fraturas sociais

Nos últimos anos, as pesquisas de opinião mostram que a afluência maciça de migrantes levou a um clima de descontentamento crescente que a direita populista continua aproveitando em Alemanha, França e Áustria, entre outros países.

Nos Estados Unidos, o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, também fez da imigração um de seus principais temas de campanha, propondo a criação de um muro na fronteira com o México e a deportação de milhares de ilegais.

Em parte, este descontentamento se origina em um sentimento geral de uma perda de controle do fluxo de migrantes e em uma percepção de que a imigração é uma ameaça para o bem-estar econômico e social das populações locais, afirma o documento.

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