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OCDE: emergentes terão 60% do PIB mundial até 2030

Relatório da organização mostra uma transformação da riqueza global que vem acontecendo nos últimos 20 anos

Reunião da OCDE, em Roma: de acordo com o relatório, o centro de gravidade econômico do mundo se deslocou para o Oriente e para o Sul (.)

Reunião da OCDE, em Roma: de acordo com o relatório, o centro de gravidade econômico do mundo se deslocou para o Oriente e para o Sul (.)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2010 às 14h45.

Paris - Em 2030, quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo estará concentrado nos países em desenvolvimento, como resultado de uma "transformação estrutural de importância histórica" na economia mundial, afirmou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) em um relatório divulgado nesta quarta-feira.

Em 2000, os países que não integram a OCDE (atualmente formada por 34 países) representavam 40% da produção mundial, mas em 2030 concentrarão 57%, segundo o estudo, intitulado "Perspectivas sobre o desenvolvimento mundial 2010: riqueza em transformação".

O informe assinala que "o rápido crescimento das economias emergentes levou a uma reacomodação do poder econômico" e deu lugar a uma "nova geografia do crescimento mundial" e indica que "a crise financeira e econômica acelerou esta transformação estrutura da economia".

"As previsões sugerem que os países em desenvolvimento e os emergentes representarão quase 60% do PIB mundial em 2030", afirma a primeira edição deste informe anual.

Exemplo dessa "transformação estrutural" que foi acontecendo nos últimos 20 anos é o caso da China, enfatiza a OCDE, país que, em 2009, se converteu no principal sócio comercial do Brasil, Índia e África do Sul.

"O centro de gravidade econômico do planeta se deslocou para o Oriente e o Sul; de membros da OCDE a economias emergentes", afirma o documento, que classifica o fenômeno de "riqueza em transformação".

Para a OCDE, este realinhamento da economia mundial representa uma "mudança estrutural de importância histórica", que também supõe mudanças na hora de fixar a agenda internacional.

"A nova configuração do poder mundial econômico e político significa que os países prósperos já não podem fixar sozinhos as agendas", afirma a OCDE, para quem o "novo esquema de governabilidade mundial reflete as realidades econômicas em transformação".

O documento enfatiza que o papel do G20 (as principais potências industriais e emergentes) desde a explosão da crise "mostra como as potências convergentes se tornam protagonistas cada vez mais importantes na governabilidade mundial" e considera este fato como algo positivo.


Esta nova configuração também incide nas negociações internacionais, pois pode "incorporar espaço para novas coalizões estratégicas entre os países em desenvolvimento".

Segundo o secretário geral da OCDE, o mexicano Angel Gurría, este fenômeno de "riqueza em transformação" deveria ser visto como "uma oportunidade para que a economia mundial passe para uma velocidade superior".

O documento retoma o conceito de "um mundo de quatro velocidades" do ex-presidente do Banco Mundial (Bird), James Wolfenshon, que estabelece essas categorias - de países prósperos, convergentes, em luta para abrir caminho e pobres -, segundo sua renda e taxa de crescimento per capita em comparação com o mundo industrializado.

O novo mapa da economia mundial coloca em evidência a intensificação da interação entre os gigantes emergentes e os países pobres, que a OCDE resume na "crescente importância do Sul para o Sul", uma tendência que possivelmente continuará.

Se entre 1990 e 2008 o comércio mundial se quadruplicou, em termos Sul-Sul se multiplicou mais de dez vezes.

Por essa razão, esses fluxos comerciais poderão ser "um dos principais motores do crescimento durante a próxima década", diz o documento, que propõe uma redução das tarifas Sul-Sul "aos níveis aplicados entre os países do Norte".

A luta contra a pobreza continua sendo um desafio maior para o mundo em desenvolvimento, prossegue o informe, que destaca que "riqueza em transformação" reduziu a quantidade de pobres em 300 milhões de pessoas na primeira metade da década de 2000.

Mas adverte que, em muitos casos, o crescimento foi acompanhado por uma "crescente desigualdade".

O estudo aconselha que os dirigentes formulem políticas para reduzir as desigualdades de rendas, responder ao crescimento da demanda de exportações agrícolas, explorar o potencial do investimento Sul-Sul e apoiar a pesquisa e o desenvolvimento.


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