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Observadores internacionais elogiam eleições em Mianmar

O chefe da equipe de observadores da União Europeia afirmou que a votação foi "pacífica" em geral e superou as expectativas


	Eleições de Mianmar: "não se pode falar de eleições genuínas enquanto não houver pelo menos uma câmara escolhida 100% nas urnas"
 (Soe Zeya Tun / Reuters)

Eleições de Mianmar: "não se pode falar de eleições genuínas enquanto não houver pelo menos uma câmara escolhida 100% nas urnas" (Soe Zeya Tun / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2015 às 11h11.

Yangun - Os observadores estrangeiros qualificaram nesta terça-feira de "pacíficas" e "livres" as eleições de domingo em Mianmar, nas quais desponta como ganhador claro o partido da opositora e nobel da paz Aung San Suu Kyi.

O chefe da equipe de observadores da União Europeia (UE), Alexander Lambsdorff, afirmou em entrevista coletiva em Yangun que a votação foi "pacífica" em geral e superou as expectativas.

O observador europeu disse que, no entanto, "não se pode falar de eleições genuínas segundo padrões internacionais enquanto não houver pelo menos uma câmara (legislativa) escolhida 100% nas urnas".

O político alemão sugeriu que as autoridades birmanesas deveriam fazer reformas para acabar com a cota de 25% que as Forças Armadas têm reservada nos Parlamentos nacional e regionais.

Até 150 observadores da UE vigiaram a campanha eleitoral, estiveram presentes na votação em 500 colégios eleitorais e supervisionam a apuração das cédulas realizada de maneira paulatina a Comissão Eleitoral.

Segundo Lambsdorff, a votação se desenvolveu "notavelmente bem" em 95% dos colégios eleitorais visitados por sua gente e só em 7% houve eleitores que não puderam votar ao não figurar nas listas eleitorais.

O chefe dos observadores da UE expressou "preocupação" pelos mais de meio centena de candidatos muçulmanos desqualificados pela Comissão Eleitoral, assim como a inabilitação como eleitores de algumas minorias, como os muçulmanos rohingyas.

Mais de meio milhão de rohingyas puderam votar nas eleições de 2010, mas o governo retirou o direito este ano.

"Se puderam votar em eleições anteriores, é difícil entender que agora não possam", disse Lambsdorff, que lamentou a falta de transparência na gestão da votação antecipada, à qual não tiveram acesso os observadores internacionais.

Segundo a equipe europeia, as autoridades também deveriam abordar a pouca presença de mulheres, que só representaram algo mais de 13% dos cerca de 6 mil candidatos no país.

Lambsdorff, que apresentou um relatório preliminar, manifestou que a equipe permanecerá em Mianmar até primeiro de dezembro e que apresentará as conclusões finais do pleito em abril próximo.

Os observadores da Rede Asiática para Eleições Livres (Anfrel, por sua sigla em inglês) qualificaram o pleito birmanês de "livres e justos", em um relatório interino apresentado hoje.

O chefe da equipe de Anfrel, Damaso Magbual, celebrou as eleições como um "passo importante" para a democratização plena do país, que esteve sob distintas juntas militares entre 1962 e 2011.

Magbual recomendou que em plebiscitos futuros não sejam estabelecidos centros eleitorais dentro dos quartéis militares.

"A Comissão Eleitoral realizou um bom trabalho em uma situação difícil", precisou em entrevista coletiva o observador filipino, que no entanto pediu uma maior profissionalização e independência do organismo.

Os analistas internacionais concordam que o processo não estará terminado até que a Comissão Eleitoral conclua a apuração, anuncie o resultado, em uma data ainda por anunciar, e todas as partes aceitem o resultado.

Por enquanto, das 88 cadeiras (das 330 em disputa) da câmara Baixa anunciadas pela Comissão Eleitoral, 78 foram para Suu Kyi e sua Liga Nacional para a Democracia (LND, sigla em inglês).

Tanto o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, como o secretário de Estado americano, John Kerry, e seu colega da UE, Federica Mogherini, felicitaram os birmaneses por eleições "históricas" no caminho rumo à democracia.

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