A coroação será na Abadia de Westminster, em Londres (Yui Mok - WPA Pool/Getty Images)
AFP
Publicado em 11 de outubro de 2022 às 16h23.
Última atualização em 11 de outubro de 2022 às 16h34.
A cerimônia de coroação de Charles III, proclamado rei em setembro após a morte de sua mãe Elizabeth II, será em 6 de maio na Abadia de Westminster em Londres e buscará unir tradição e modernidade.
Charles, de 73 anos, será "ungido, benzido e consagrado" pelo arcebispo de Canterbury, que dirigirá o serviço, anunciou nesta terça-feira, 11, o Palácio de Buckingham. A esposa do monarca, a rainha consorte Camila, de 75 anos, também será coroada, detalhou em nota.
"A coroação refletirá o papel do monarca atualmente e focará no futuro enquanto mantém suas raízes em tradições de longa data", explicou o Palácio.
O anúncio da data é divulgado um mês após a morte de Elizabeth II, em 8 de setembro, aos 96 anos, quando passava o final do verão em seu castelo em Balmoral. Sua morte encerrou 70 anos de um histórico reinado, marcou a despedida de um dos últimos ícones do século XX e comoveu o Reino Unido e o mundo.
Do presidente americano Joe Biden ao brasileiro Jair Bolsonaro, o imperador Naruhito do Japão, os reis da Espanha, Filipe VI e seu pai Juan Carlos I, personalidades de todo o mundo assistiram às cerimônias de Estado na londrina Abadia de Westminster.
Em seguida, a monarca mais longeva do Reino Unido foi enterrada junto a seus pais, irmã e esposo em um anexo da Capela de São Jorge, uma igreja gótica do século XV situada no terreno do Castelo de Windsor, cerca de 40 km a leste de Londres.
A cerimônia concluiu dez dias de luto nacional, nos quais centenas de milhares de britânicos tomaram as ruas para se despedir da rainha, nas câmaras ardentes em Edimburgo e Londres, e demais procissões fúnebres.
Em algumas delas, os filhos e netos de Elizabeth caminharam juntos atrás do caixão, apesar das tensões que os cercaram recentemente, da mudança de Harry e Meghan ao Estados Unidos até acusações de abuso sexual de uma menor de idade pelo príncipe Andrew.
Os britânicos retornarão às ruas em maio para esta nova cerimônia cheia de pompa e tradição.
No entanto, a coroação de Charles III deve ser "mais rápida e reduzida" que a de sua mãe, segundo Bob Morris, especialista em monarquia britânica.
Primeira cerimônia de coroação transmitida por televisão no mundo, a consagração de Elizabeth II foi em 2 de junho de 1953, dezesseis meses depois de sua ascensão ao trono em 6 de fevereiro de 1952, após a morte de seu pai, George VI, com mais de oito mil convidados e mais de três horas de duração.
Há 900 anos as coroações dos monarcas britânicos são celebradas na majestosa Abadia de Westminster e desde 1066 quase sempre presidida pelo arcebispo de Canterbury. Esta não será uma exceção.
Mas, em um Reino Unido consumido por uma grave crise pelo custo de vida, a cerimônia deve ser mais discreta que a de Elizabeth II e, por desejo do rei Charles III, mais representativa da diversidade da sociedade britânica atual.
O ato será preparado durante meses em uma operação batizada como "Orbe Dourada", um dos símbolos de poder e espiritualidade que, junto ao cetro e a coroa, representam o monarca.
Charles III, durante muito tempo um dos membros menos populares da família real britânica, viu sua aceitação disparar até 70% após sua ascensão ao trono em setembro. Ainda assim, continua muito atrás de seu filho mais velho, William, de 40 anos, e a esposa dele, Catherine, favoritos dos britânicos com 84% e 80% respectivamente.
A coroação de um soberano britânico é uma cerimônia altamente simbólica, única na Europa, com regras e rituais que remontam a séculos. A de Elizabeth II em 1953 foi realizada mais de um ano depois que ela se tornou rainha.
A coroação de um novo monarca não ocorre imediatamente após a morte de seu antecessor, para permitir um período de luto e a organização de uma cerimônia complexa.
Esta independe da proclamação, que no caso de Charles III foi realizada em 10 de setembro, dois dias após o falecimento de sua mãe.
Elizabeth II, que se tornou rainha em 6 de fevereiro de 1952, dia em que seu pai morreu, foi coroada em 2 de junho de 1953, quinze meses depois, diante de mais de 8.000 convidados na Abadia de Westminster.
A cerimônia de coroação também acontece na Abadia de Westminster e é oficiada pelo Arcebispo de Canterbury, líder religioso da Igreja Anglicana.
O arcebispo apresenta o novo governante ao público e o soberano pronuncia o juramento de coroação.
Nele, redigido em 1688, o monarca jura solenemente governar o povo britânico de acordo com as leis aprovadas no Parlamento, aplicar a lei e a justiça "com clemência" e "fazer o seu melhor" para preservar a Igreja anglicana e a religião protestante.
O arcebispo então unge o presidente com óleo consagrado e o abençoa no trono do rei Edward, construído em 1300 e usado em todas as coroações desde 1626.
O soberano finalmente recebe seus ornamentos reais, incluindo o cetro e a coroa, que é colocada pelo arcebispo.
Salvo decisão em contrário, e se o novo soberano for homem, sua esposa é proclamada rainha consorte e coroada, seguindo uma cerimônia semelhante, mas simplificada.
Ela se tornará rainha viúva (ou rainha mãe se a rainha viúva anterior ainda estiver viva) com a morte do rei, que será sucedido por seu primeiro filho, independentemente do sexo.
No caso de uma rainha ascender ao trono, seu marido não se torna rei e não recebe a santa unção.
Em um de seus últimos atos decisivos para a sucessão, a rainha Elizabeth II deu sua bênção para Camilla se tornar "rainha consorte", resolvendo uma questão de longa data sobre o tratamento da esposa de Charles.
O Reino Unido é a única monarquia da Europa que ainda usa trajes e decorações, como cetros e espadas, nas cerimônias de coroação.
A peça central da cerimônia é a coroa de St. Edward, feita de ouro e cravejada de prata, rubis e safiras.
A Coroa de St. Edward, feita em 1661 para a coroação de Charles II, é tradicionalmente usada durante a cerimônia.
De ouro, prata, rubis e safiras, pesa mais de dois quilos e colocada na cabeça do monarca no momento da coroação.
Ao sair da abadia, uma coroa mais leve é usada. Composta por 2.868 diamantes, foi criada em 1937 para a coroação do rei George VI e também é usada pelo soberano na abertura anual do Parlamento.
Em 1953, 8.251 convidados de 181 países e territórios participaram da coroação de Elizabeth II.
Entre eles estavam muitos representantes de monarquias estrangeiras, mas nenhum soberano europeu, respeitando uma tradição real.
Após a cerimônia, uma longa procissão acontece pelas ruas de Londres. Embora a Abadia de Westminster e o Palácio de Buckingham estejam a menos de 1,5 km de distância, a rota da procissão foi de 7,2 km em 1953 para permitir a participação do maior número de pessoas possível.
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