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O que se sabe sobre o assassinato do embaixador russo na Turquia

O diplomata Andrei Karlov foi baleado enquanto falava na abertura de uma exposição de arte na capital turca

Homenagem: Karlov era um diplomata experiente que serviu na Turquia em um período de grande tensão (Umit Bektas/Reuters)

Homenagem: Karlov era um diplomata experiente que serviu na Turquia em um período de grande tensão (Umit Bektas/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 12h46.

O embaixador russo na Turquia foi assassinado nesta segunda-feira em Ancara por um policial turco que alegou estar se vingando da tragédia na cidade síria de Aleppo, prestes a cair nas mãos do regime sírio, apoiado por Moscou.

O diplomata Andrei Karlov foi baleado várias vezes enquanto falava na abertura de uma exposição de arte na capital turca.

O assassino, um policial ligado ao corpo da polícia de choque de Ancara, foi morto pelas forças de segurança.

Veja o que se sabe deste evento até o momento.

Os fatos

São 19h05 (14h05 de Brasília), Karlov fala no púlpito durante uma exposição de fotografia em uma galeria de arte em Ancara. De repente, tiros eclodem: o diplomata treme sob o impacto das balas, e então desaba pesadamente.

Brandindo sua pistola, o atacante, vestindo terno escuro e gravata, afirma ter agido para vingar o drama da cidade de Aleppo.

De acordo com o ministro turco do Interior, Süleyman Soylu, policiais de uma delegacia de polícia nas proximidades e uma equipe de forças especiais entraram no local para neutralizar o atirador, morto logo em seguida.

O diplomata russo chegou ao hospital Guven às 19h53 (14:53 de Brasília), onde as equipes de resgate tentaram em vão reanimá-lo.

De acordo com a prefeitura de Cankaya, onde ocorreu o assassinato, o atirador entrou na galeria, sem passar pelo detector de metais.

Interpelado por agentes da segurança, ele mostrou seu distintivo da polícia e foi, assim, autorizado a entrar, sem temer as câmeras de segurança instaladas em cada andar da galeria de arte.

O assassino

Mevlüt Mert Altintas, de 22 anos, serviu por dois anos e meio nas forças da polícia de choque em Ancara.

Nascido em Söke, na província de Aydin (oeste da Turquia), ele se formou na academia de polícia de Izmir (oeste), segundo Soylu.

Se o motivo para este ato resta a ser determinado, o atacante fez referência à Síria e a Aleppo.

"Não esqueçam de Aleppo, não esqueçam da Síria!", disse depois de gritar "Allah Akbar" e evocar em árabe "aqueles que prometeram lealdade a jihad".

O prefeito de Ancara, Melih Gökçek, disse que o assassino poderia estar ligado ao pregador Fethullah Gulen, designado pelo governo turco como o instigador do golpe fracassado de julho. Uma tese amplamente expressa nesta terça-feira pela imprensa pró-governo.

Seis familiares de Altintas, incluindo seus pais e sua irmã, estavam sob custódia em Aydin, de acordo com a agência de notícias Dogan.

A vítima

Andrei Karlov, de 62 anos, era um diplomata experiente que serviu na Turquia em um período de grande tensão nas relações entre Moscou e Ancara.

Ao chegar em Ancara em 2013, contribuiu para reforçar as relações entre a Rússia e a Turquia, que haviam se deteriorado fortemente depois da destruição de um caça russo pelo exército turco no outono de 2015.

Desde então, as relações têm melhorado, tendo o embaixador russo desempenhado neste contexto um papel importante, segundo os líderes turcos que homenagearam o diplomata.

Casado, pai de um filho, fluente em inglês e coreano, Karlov serviu na Coreia do Norte e Coreia do Sul.

Contexto

O assassinato ocorreu na véspera de uma reunião crucial sobre a Síria entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Turquia e Irã.

No momento do ataque, o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, estava em um avião para Moscou.

A reunião tripartida foi realizada nesta terça-feira, e as autoridades turcas e russas garantiram que o ataque tinha a intenção de prejudicar as relações russo-turcas, mas que o objetivo não seria alcançado.

Turquia e Rússia se opõem sobre o conflito na Síria, onde Moscou apoia o presidente Bashar al-Assad e Ancara a oposição.

Muitos contatos diplomáticos entre Ancara e Moscou, no entanto, permitiram lançar um processo de evacuação dos bairros rebeldes da cidade de Aleppo.

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