O plano de saúde de Trump
Eis um tema a unir democratas e republicanos: ninguém tem a mais pálida ideia de como será a lei que deve substituir o sistema de saúde conhecido como Obamacare, que será votada em dois comitês importantes esta semana no Congresso. Uma das principais bandeiras do governo do presidente Donald Trump, a legislação será mantida em sigilo […]
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2017 às 06h59.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h29.
Eis um tema a unir democratas e republicanos: ninguém tem a mais pálida ideia de como será a lei que deve substituir o sistema de saúde conhecido como Obamacare, que será votada em dois comitês importantes esta semana no Congresso. Uma das principais bandeiras do governo do presidente Donald Trump, a legislação será mantida em sigilo até a data de apresentação, até mesmo de membros do próprio partido Republicano.
Teoricamente, a nova legislação deve ser votada nos comitês de Energia e Comércio, que detêm a jurisdição sobre o Medicaid, e o comitê de Meios e Maneiras, que legisla sobre a questão de taxas. As votações dariam as bases necessárias para um voto em plenário na Câmara no final do mês.
Não é comum que o partido que detém a maioria na casa teça leis tão controversas com pouco ou nenhum dedo da minoria no projeto. “Disseram-me que a lei está trancada a sete chaves em uma localização segura e não disponível para mim ou qualquer pessoa do público”, escreveu o republicano Rand Paul em sua conta no Twitter.
O Obamacare deve ser a nova polêmica republicana. No mês passado, o indicado a secretário do Trabalho, Andrew Puzder, renunciou à candidatura antes do voto no Senado por medo de não ter votos suficientes para a aprovação. O procurador-geral, Jeff Sessions, enfrenta severas críticas dos republicanos pela recente denúncia de ter se encontrado com um embaixador russo antes das eleições. Até mesmo no círculo próximo do presidente, há disputas: o secretário de Estado, Rex Tillerson, e Ivanka Trump, filha do presidente e uma de suas principais conselheiras, afirmam que sair do Acordo Climático de Paris prejudicaria seriamente as relações diplomáticas dos Estados Unidos. Stephen Bannon, um dos conselheiros de Trump e homem forte durante a campanha, pressiona pela saída.
Isso tudo sem contar ainda os postos vagos no governo: reportagem da revista EXAME apontou que há ainda 4.000 cargos ociosos, muito porque o presidente é reticente em indicar nomes vinculados aos republicanos que foram críticos a ele durante a campanha. A dúvida, com a saúde, é se ele não confia nos seus colegas republicanos, ou se, como um número crescente de eleitores desconfia, simplesmente não tem plano nenhum para apresentar.